Erasmo Carlos começava a beber às 9 da manhã: “Me atrapalhou muito”

O cantor e compositor Erasmo Carlos nos deixou no último dia 22 de novembro, aos 81 anos. Ele, que foi parceiro do músico Roberto Carlos durante décadas, revelou em uma entrevista o seu problema com o alcoolismo. Ele também falou sobre como estava lidando com a perda do seu filho e do seu envolvimento com as drogas.

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Erasmo Carlos foi um dos nomes mais importantes da música brasileira e ficou nacionalmente conhecido por fazer parte da Jovem Guarda. Ao lado dos cantores Roberto Carlos e Wanderléia, ele fez parte do movimento musical e cultural que se destacou no final dos anos 60.

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Perda do filho

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Autor de inúmeras composições de sucesso que atravessaram gerações, o Tremendão, como era carinhosamente chamado, concedeu uma entrevista reveladora onde falou de temas delicados, como a perda trágica de seu filho, o musico Alexandre Pessoal. Gugu, como era conhecido, faleceu em um acidente de moto em 2014, aos 40 anos de idade.

“Foi uma fatalidade”, disse Erasmo em depoimento à revista Quem em 22 de agosto de 2015.

Perguntado como ele estava lidando com a perda do filho, o compositor de sucessos como é Preciso Saber Viver, Sua Estupidez, Gatinha Manhosa, Sentado à Beira do Caminho, entre outros, respondeu:

“Tem que tocar a vida. Primeiro é entender que foi uma fatalidade. Depois, é aprender a conviver sem as coisas dele. Isso é difícil. Estou cercado de bilhetes e discos do Alexandre, o quarto dele de solteiro aqui em casa ainda está aí. Minha nora levou algumas coisas, mas não me desfiz de nada ainda. (…) Falta a alegria dele”, desabafou.

Erasmo fez questão de ressaltar que nunca se questionou o fato ter sido ele quem perdeu o filho numa tragédia e não outra pessoa.

“Não, jamais. Isso é o fim do egoísmo humano. É uma coisa terrível quando a pessoa diz: ‘Por que eu, por que não com outra pessoa em vez do meu filho?’. São pensamentos que expulso da minha cabeça. Mas o filho ir antes do pai foge da ordem natural das coisas, é uma dor muito grande. O que é ruim também acontece com todo mundo. A minha cota eu tenho que saber administrar. Não posso achar que é só comigo ou que sou azarado”, enfatizou.

Problemas com a bebida

Erasmo Carlos, que na época da entrevista estava com 74 anos, assumiu que era alcoólatra e que o vício em bebida atrapalhou e muito a sua vida.

“Claro que fui, deveria até ser criada outra denominação para o que eu fui. Às 9 da manhã eu já estava bebendo vodca, uísque, cachaça, qualquer coisa. A dependência é terrível, você se anula como ser humano, vira o chavão do farrapo humano, perde o respeito por si mesmo e ainda mais pelos outros. Há ainda consequências: pânicos, delírios. O alcoolismo é uma doença”, afirmou ele.

Em seguida, ele explicou o motivo que o fez largar a bebida, feito comemorado por ele há 15 anos.

“Foi a consciência, a minha família, ver meus netos nascendo. A vida foi me mostrando que ela é bonita, sempre nasce e renasce. Não foi um estalo, mas uma evolução”, constatou ele.

Erasmo ainda confirmou que já foi usuário de drogas.

“Nos anos 60, estava todo mundo conhecendo a coisa, que chegou com a contracultura. E, quando a gente é jovem, não tem medo de nada. Você se joga de uma montanha porque, se alguém diz que vai criar asas no meio do caminho, você acredita. É coisa da idade.”

Questionado se ele sentia medo, o cantor foi contundente.

“De nada. Não tenho medo da morte, mas da forma de morrer, porque não quero dar trabalho algum aos outros e também não quero sofrer muito”, concluiu.

Falecimento

Erasmo Carlos nos deixou nesta terça (21), no Rio de Janeiro, aos 81 anos. A informação foi dada ao portal GShow por uma fonte ligada a familiares do artista e, posteriormente, confirmada pela Globo News.

O cantor, compositor, ator e instrumentista já havia sido internado em outubro, no Hospital Barra D’Or, por conta de um quadro de síndrome edemigênica.

Ele chegou a receber alta do hospital no dia de Finados (2 de novembro) e rebateu os boatos de que havia morrido naquela data. O artista chegou a brincar dizendo que “depois de me matarem, ressuscitei no Dia de Finados”. O cantor retornou ao hospital na noite de segunda-feira (21/11), mas acabou não resistindo.

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