Recentemente, o Casos de Família passou por um dilema. A emissora anunciou que, depois de 18 anos no ar, a atração comandada por Christina Rocha daria adeus à grade da emissora em setembro. No entanto, Silvio Santos voltou atrás e manteve o programa.

Casos de Família

Lançado em 2004, o Casos de Família foi inspirado no programa de mesmo nome exibido pela Venevisión, da Venezuela, no início dos anos 2000. A primeira apresentadora foi a jornalista Regina Volpato, que também é especialista em comportamento humano.

Com muito diálogo e um tom leve, as pessoas levavam seus problemas para o palco e recebiam a ajuda de psicólogos. Na época, a imprensa elogiou bastante a atração, que deixava de lado o sensacionalismo e buscava trazer, de forma humana e sensível, fatos que faziam parte do cotidiano dos brasileiros.

Casos de Família - Regina Volpato

Parecia que o SBT tinha encontrado a receita de um programa de alto nível. Mas a fórmula venceu em 2009…

Com a finalidade de melhorar a audiência nas tardes, Silvio Santos foi atrás de outro formato e encontrou outro programa venezuelano: Quem Tem Razão?. Sensacionalista, a produção trazia assuntos polêmicos com muito bate-boca, gritaria da plateia e muitas vezes brigas e sopapos.

Em busca do sensacionalismo perdido

Casos de Família

Volpato não gostou nem um pouco das mudanças e pediu demissão da emissora no início de 2009. O SBT fez testes e encontrou a solução de forma caseira – Christina Rocha, com anos de contribuição ao canal, foi contratada para apresentar o programa.

Temas, como “Você é um safado, sua esposa tranqueira e eu que não presto por ser gay?”, “Sou viciada em seduzir” ou “O segredo da vida é meter o loko geral!” deram o tom da atração, que, além disso, contava com a gritaria da apresentadora e dos convidados.

O programa que a Justiça proibiu

Casos de Família - Christina Rocha

No entanto, um assunto em questão não foi ao ar por conta do Ministério da Justiça. Em 2014, o Casos de Família propôs uma discussão sobre a onda de “rolezinhos” que invadiam os shoppings e parques de São Paulo.

“Na época em que surgiram os rolezinhos, a gente entrevistou os meninos que faziam isso e roubavam nos shoppings. Eles usavam capuz, contavam tudo, quem roubavam, como faziam. Só que não dava pra colocar isso no ar, mesmo não mostrando o rosto, e eles estavam com mais de 18 anos. Não deu pra levar esse programa ao ar por causa do Ministério da Justiça, infelizmente. Era sensacional, muito interessante”, contou o diretor Rafael Bello ao Notícias da TV.

Para o diretor, seria importante falar sobre outros temas relevantes de forma educativa, mas como denúncia. Mesmo assim, muitos assuntos, segundo Rafael, são tabus que não podem ser debatidos na TV aberta:

“Eu fico muito preocupado às vezes, porque temos programas que são muito bons, daria pra fazer aqui no Brasil de um jeito, sem fazer apologia, para educar o público. Não conseguimos fazer, por exemplo, um programa sobre abuso sexual infantil. Não podemos falar disso. Eu acho que o Brasil precisa escutar, as famílias em casa precisam escutar esse tipo de coisa, mas você tem que ter cuidado”, concluiu.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor