Emissora grande que é, Globo não podia esquecer principio básico de noticiabilidade

Foi um sururu na casa de noca esta sexta (28). Não se fala em outro assunto na TV. É greve geral pra lá e pra cá. E é o grande fato do dia mesmo. Mas gostaria de falar neste texto sobre outra coisa.

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Na quinta-feira (27), a Globo não noticiou em seus telejornais preparativos e notícias sobre o que aconteceria hoje. Em nenhum mesmo, como o Jornal Nacional, e inclusive os seus locais, como Bom Dia Rio, RJTV e SPTV. Confesso que, pra mim, foi um grande choque.

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Não vou entrar na questão política, não é o espaço aqui. Vamos pelo argumento de critério de noticiabilidade, algo que jornalistas aprendem no primeiro semestre de faculdade e levam para a vida.

É coisa muito básica: o que é relevante, deve ser noticiado. E os preparativos da paralisação, que envolveu a vida de muita gente, foi sim algo que precisava e necessitava ser dito. O telespectador precisava se orientar.

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Metrôs e trens não iriam funcionar, ônibus iriam parar, aeroportos poderiam ser paralisados. É algo até da chamada prestação de serviço, algo que a Globo tanto preza – e de fato faz muito bem em jornais locais, sem apelar para o sensacionalismo e o jornalismo justiceiro.

Ignorar os seus preparativos seria o mesmo que ignorar um grande fato que está previsto. Exemplo: em eleições, se fala dos preparativos o tempo todo, a rotina dos candidatos e os detalhes do TSE para organizá-la. Com a paralisação, seria a mesma coisa ou o mesmo critério óbvio.

Ontem à noite, tentando defender a decisão radical – e errada – da Globo, o apresentador do Bom Dia Rio, Flavio Fachel, falou a seguinte opinião em sua conta oficial no Twitter.

“O que é notícia? O que acontece. E a greve? Se acontecer, a notícia é amanhã”, comentou ele.

Com todo o respeito que Fachel merece e tem, já que é um jornalista premiado, essa é uma opinião errada.

Os preparativos para uma greve geral geram notícias, sim. E está acontecendo. Omitir a informação de que ônibus, trens, escolas e metrôs podem parar é errado, porque isso é sim importante. Como falei acima, é prestação de serviço.

Fazer o que fez só dá mais argumento para os críticos da Globo – a opinião de Fachel só reforça isso. Emissora grande que é, a Globo não pode mais, em pleno 2017, ter uma decisão errada e boba como esta.


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