Na esteira dos remakes de grandes programas do passado, que renderam acertos como as novas temporadas de Sai de Baixo (2013), Escolinha do Professor Raimundo (2015-atualmente) e Globo de Ouro (2014-16), o canal Viva produziu, em parceria com a Rede Globo, uma versão atual de um grande clássico de nossa televisão: Chacrinha, o Eterno Guerreiro, uma reedição atualizada do Cassino do Chacrinha, exibida no dia 26 de agosto pelo Viva e na última quarta-feira na emissora principal.
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Baseado na peça Chacrinha – O Musical e protagonizado pelo ator Stepan Nercessian, o especial foi uma homenagem ao icônico comunicador, que completaria 100 anos de vida no próximo dia 30 de setembro. Abelardo Barbosa ganhou o apelido Chacrinha no começo de sua carreira, no rádio, e passou por emissoras como TV Tupi, TV Rio (atual RecordTV Rio de Janeiro), Bandeirantes e a própria Globo, onde ficou até sua morte em junho de 1988.
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Mesclando artistas que fizeram parte da história do programa, como Roberto Carlos, Angélica (no auge do sucesso Vou de Táxi), Sidney Magal, Blitz, Alcione e Luiz Caldas, e astros que surgiram muito após o fim do Cassino, como Ivete Sangalo, Anitta, Luan Santana e Marília Mendonça; o especial conseguiu preservar boa parte da essência anárquica de Chacrinha, sua irreverência e seu humor malicioso, suas tiradas (embora algumas pareçam ingênuas atualmente) e até a “distribuição” de legumes e bacalhau, outra marca do programa.
Stepan Nercessian, que interpretou o apresentador tanto na versão teatral quanto nesta reedição, se saiu muito bem na pele do Velho Guerreiro e reafirmou sua versatilidade (ele pode ser visto na série Sob Pressão, onde interpreta Samuel, diretor do hospital público).
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A clássica banca de jurados contou com apresentadores como Luciano Huck, Angélica, Fernanda Lima, Glória Maria, Tiago Leifert e André Marques, que tiveram como missão escolher a melhor imitação de Chacrinha, tendo como “candidatos” Tom Cavalcante, Marcelo Adnet, Otaviano Costa, Marcius Melhem e Welder Rodrigues (disparadamente o melhor deles). Mais tarde, Angélica relembrou seu sucesso Vou de Táxi (1988) e reafirmou seu talento, desperdiçado no Estrelas.
Algumas marcas da época não se traduziram nesta versão. O grupo de chacretes, por exemplo, é totalmente inédito. Não houve participação de nenhuma das antigas dançarinas, como Rita Cadillac, o que é uma pena. As coreografias continuavam fieis ao estilo oitentista, porém, não se viram os closes “ginecológicos” nos corpos das assistente de palco, que levavam o público à loucura. Os figurinos das mesmas também ficaram mais comportados. A plateia, nos primeiros momentos, parecia pouco à vontade, soltando-se mais no decorrer do programa.
Ainda assim, Chacrinha, o Eterno Guerreiro foi delicioso de se acompanhar. As divertidas placas do auditório estiveram presentes, bem como as marchinhas de abertura (“ó Terezinha, ó Terezinha / é um barato o cassino do Chacrinha”) e intervalos comerciais (“roda, roda, roda e avisa / um minuto pro comercial”).
Antigas e novas gerações da música apresentaram seus hits principais, como Cama e Mesa (Roberto Carlos); Estranha Loucura (Alcione), Haja Amor (Luiz Caldas), Você Não Soube Me Amar (Blitz), Meteoro (Luan Santana), Show das Poderosas (Anitta), Infiel (Marília Mendonça) e Sorte Grande (Ivete Sangalo).
O programa ainda contou com depoimentos de apresentadores como Faustão, Pedro Bial e Serginho Groisman, que falaram sobre a influência de Chacrinha para a TV brasileira e suas trajetórias. Ao final, o comunicador recebeu uma emocionante homenagem comandada por Ivete, com todos cantando os parabéns para o Velho Guerreiro e interpretando Aquele Abraço, de Gilberto Gil.
Chacrinha, o Eterno Guerreiro foi um acerto do Viva e da Globo. Embora menos politicamente incorreto, o especial preservou a essência de Chacrinha e a sensação de uma grande bagunça organizada, fazendo uma homenagem merecida ao apresentador – que também será tema do enredo da escola de samba Grande Rio para o carnaval do ano que vem. Foi delicioso relembrar os bordões, as brincadeiras e os sucessos de uma época que deixou saudades.