A reprise de Flor do Caribe vem repetindo o que ocorreu em 2013, ano de sua exibição original: a novela não tem repercussão e nem empolga, mas mantém uma média aceitável de audiência. A produção deixou a desejar, mas Walther Negrão acertou ao presentear o público com a volta de um grande ator que entrou para participar dos capítulos finais: Elias Gleizer.

Afastado das novelas desde Passione (2010), onde viveu um hilário triângulo amoroso com Cleyde Yáconis e Leonardo Villar – como esquecer das brigas entre Diógenes, Brígida e Lutero? -, o ator de 79 anos estava fazendo muita falta na televisão. E após ter se recuperado de um problema de saúde, ele próprio chegou a dizer que já estava entrando em depressão após ficar tanto tempo na ociosidade e que ter voltado à tevê era como ter voltado à vida. Foi seu penúltimo trabalho.

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Elias ganhou do autor da novela das seis o Manolo, um cigano espirituoso e melhor amigo de Samuel (Juca de Oliveira). O alegre senhor também é um sobrevivente que presenciou as crueldades do nazismo e a frieza de Dionísio (Sérgio Mamberti) na época da guerra. Sua vinda está diretamente ligada à queda do vilão, que será desmascarado graças ao colega do pai de Ester (Grazi Massafera).

Além de presentear o telespectador com o retorno desse grandioso ator, Walther Negrão ainda deu um jeito de Manolo se aproximar de Veridiana. Conseguiu melhorar o que já estava bom ao proporcionar ótimas cenas com Elias Gleizer brilhando ao lado da mestra Laura Cardoso. A sintonia da dupla foi imediata e um lindo casal foi formado. E não dá para não torcer e nem se emocionar com um par formado por esses dois atores extraordinários. Também vale destacar as lindas sequências em que Elias emocionou ao lado de Juca de Oliveira, quando Manolo e Samuel se lembraram do terror dos campos de concentração.

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Com mais de 50 novelas na carreira – começando em 1959 em José do Egito, na extinta TV Tupi -, Elias Gleizer apresentava um currículo invejável e uma admirável capacidade para interpretar. Após ter se destacado em inúmeros trabalhos – onde Direito de Amar (1987), Tieta (1989), Mico Preto (1990), Era uma vez (1998), Terra Nostra (1999), Como uma onda (2004), Sinhá Moça (2006) e Passione (2010) são apenas alguns destaques de sua longeva participação na teledramaturgia -, e ter se firmado como um dos grandes atores do país, esse querido profissional acabou virando parte da família de todos os amantes das novelas.

O Manolo de Flor do Caribe foi uma bela volta de Elias Gleizer, que ganhou um ótimo personagem de Walther Negrão após três anos longe da telinha. Após esse seu retorno, o veterano fez um breve aparição em Boogie Oogie, em 2014, onde viveu o padre Cláudio. Infelizmente foi sua última aparição na telinha. Elias faleceu em maio de 2015, aos 81 anos. A reprise ao menos aplacou um pouco a saudade do público.

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Sérgio Santos é apaixonado por TV e está sempre de olho nos detalhes. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor