Em nova fase, Globo demonstra que talento é descartável

Há dois anos, a Globo vem passando por uma grande mudança em seu time de apresentadores. As saídas de Faustão e Tiago Leifert desencadearam uma “dança das cadeiras” que afetou diversas outras atrações. Uma delas foi o matinal É de Casa, que teve seu time de comandantes totalmente reformulado.

O É de Casa nunca foi lá um programa muito respeitado, é verdade, mas é inegável que ele reunia talentos históricos da emissora, mas que tiveram na atração um triste fim. Cissa Guimarães, Zeca Camargo e André Marques, por exemplo, tinham uma enorme história no canal e acabaram dispensados sem qualquer cerimônia.

Fora do programa de sábado, há outros exemplos de tantos talentos desvalorizados. Começou lá atrás, com a dispensa de Xuxa, e se seguiu com as despedidas de Jô Soares, Angélica e, mais recentemente, Fernanda Lima. Quem ainda não saiu serve de estepe, como Fátima Bernardes, Fernanda Gentil ou Márcio Garcia. Ou seja, a Globo vem maltratando talentos que, um dia, já lhe serviram.

Antecedentes

A emissora ainda não estava nesta fase de dispensas rotineiras em 2015, quando abriu mão de Xuxa Meneghel. Mas não seria incorreto afirmar que a demissão da estrela foi um precedente, que só fez crescer desde então. Xuxa, um dos principais rostos da emissora, contribuiu bastante para a consolidação da liderança de audiência. Mas saiu de maneira melancólica, após passar um ano na geladeira.

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Anos depois, foi a vez de Faustão. Por motivos que nunca ficaram claros, a direção da Globo optou por removê-lo dos domingos, oferecendo a ele uma atração às quintas-feiras. Fausto Silva negou, assinou com a Band e acabou saindo do ar sem direito a despedida.

Curingas

Algo parecido aconteceu com Cissa Guimarães, que fez de tudo na estação. Foram anos e anos de serviços prestados, seja como atriz de novelas ou apresentadora. Mas Cissa nem sequer teve direito a despedida no É de Casa, já que seu contrato venceu justo num dia em que ela estava de folga. Saiu sem dar tchau.

Antes dela, Zeca Camargo até conseguiu se despedir, mas sua dispensa também foi controversa. Afinal, por anos, Zeca foi um funcionário exemplar, cumprindo bem todas as missões que lhe foram dadas. De sucessos como Fantástico e No Limite, a fiascos como O Jogo (lembra?) e Vídeo Show, Zeca sempre se mostrou pau para toda obra. Mas caiu em desgraça por conta de decisões equivocadas da própria Globo e saiu do canal pela porta dos fundos.

André Marques teve trajetória semelhante. O eterno Mocotó era alguém que a Globo sempre recorria quando precisava de um tapa-buracos. Com isso, desgastou tanto seu artista que, quando percebeu que André não havia criado uma identidade, simplesmente o dispensou. Ou seja, ser “curinga” da Globo não é um bom negócio.

Geladeira

Quando não dispensa de cara, a Globo coloca seu artista na geladeira e o “esquece” lá dentro. Angélica, por exemplo, passou por isso. O desgaste do fraco Estrelas fez com que o canal a tirasse do ar, prometendo um novo programa.

Dois anos depois, a promessa só não foi esquecida porque o Simples Assim saiu do papel, graças a uma extensão do contrato (o famoso acordo por obra). Depois disso, a loira nem sequer se despediu. Um destino triste, já que Angélica é um dos principais nomes da TV brasileira e, por anos, foi um dos grandes talentos da Globo.

Fernanda Lima passou por isso. Ao final do Amor & Sexo, a apresentadora apenas esperou seu contrato chegar ao fim. E, ao que tudo indica, o mesmo pode acontecer com Fernanda Gentil. A Globo entregou os piores projetos possíveis para a loira e, agora, parece estar apenas aguardando o acordo expirar. Como se ela fosse culpada pelos barcos furados que entrou…

Até Fátima Bernardes parece ser vítima do pouco caso da emissora. Sem projeto após sua saída do Encontro, a jornalista foi “enfiada” num desgastado The Voice Brasil. Agora, o fracasso da atração respinga na apresentadora. Situação parecida com a de Márcio Garcia, que esperou por anos um prometido programa, mas acabou no The Voice Kids.

Talentos descartáveis

Divulgação / Globo

Ou seja, a Globo adquire talentos e os explora da maneira que bem entender. Depois, ao considerar que estas figuras já não lhe servem, simplesmente as descarta. Quase sempre, de uma maneira pouco feliz.

A Globo não chegou à liderança de audiência à toa. Seus talentos colaboraram para tamanho sucesso. Com isso, mereciam um tratamento à altura.