Em meio a veteranos, Bianca Bin brilha em reta inicial de O Outro Lado do Paraíso

15/11/2017 às 10h00

Por: Thallys Bruno
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Em O Outro Lado do Paraíso, Walcyr Carrasco vem deixando clara sua intenção de abordar temas fortes e pertinentes, como violência contra a mulher, machismo, racismo, pedofilia, homofobia e nanismo (um assunto que raramente ganha espaço nas novelas). E uma destas bandeiras da atual trama das nove está presente na figura de sua protagonista: a humilde Clara, que vem sendo brilhantemente defendida por Bianca Bin.

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Neta do humilde Josafá (Lima Duarte), dono de um bar no Jalapão, no Tocantins, Clara perdeu o pai na explosão de uma mina de esmeraldas, que fica abaixo das terras onde ela mora. Logo depois, envolveu-se com o milionário Gael (Sérgio Guizé), um rapaz agressivo e ciumento. Tamanha paixão fez os dois se casarem rapidamente, mas logo na lua de mel, ela conheceu o lado mais obscuro do playboy: violento e possessivo, ele chegou a estuprar a própria esposa na noite de núpcias e, desde então, a agride constantemente, física ou psicologicamente (em especial quando tem surtos de ciúme doentio).

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Não bastassem as agressões, que se intensificam a cada capítulo, Clara ainda é vítima da cobiça da sogra Sophia (Marieta Severo), que manipula o filho para obrigar a esposa a autorizar a exploração da mina de esmeraldas. Com ajuda de vários aliados, a gananciosa vilã conseguirá internar a nora numa clínica psiquiátrica, da qual ela sairá disposta a destruir todos que a humilharam.

Em meio a isso tudo, a mocinha ainda ficou grávida de Gael, despertando a inveja de Lívia (Grazi Massafera), irmã do rapaz, que é apaixonada pelo médico Renato (Rafael Cardoso), que gosta de Clara desde a primeira vez que se viram e faz o que pode para ajudá-la.

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Por tudo que apresenta, Clara é uma personagem bastante densa e difícil. É o tipo do papel que, nas mãos de uma atriz sem o mesmo preparo, poderia naufragar facilmente. Porém, não é o que acontece. O domínio de Bianca Bin sobre a personagem impressiona a cada capítulo. A talentosa atriz merece muitos elogios pela composição de sua protagonista, demonstrando perfeitamente todo o calvário que Clara tem sofrido até aqui.

Ainda se destacam suas parcerias com alguns de nossos maiores atores, como Lima Duarte, Marieta Severo e Fernanda Montenegro. Os três têm sido bastante – e com muito mérito – valorizados por Walcyr Carrasco e foram presenteados com grandes personagens. No caso de Lima, isso não acontecia desde Belíssima, quando interpretou o turco Murat Guney.

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Fernanda, intérprete da mística Celeste (uma mulher misteriosa do Jalapão, que foi o grande amor de Josafá), destacou-se nos últimos anos com a deliciosa série Doce de Mãe (2014), porém, em novelas, não tinha um grande papel desde a Bete Gouveia de Passione (2010-11). E Marieta, após anos como a inesquecível Dona Nenê de A Grande Família (2001-14), retoma a parceria com Walcyr em mais uma personagem ambiciosa, como também foi a empresária Fanny Richard, em Verdades Secretas (2015).

O carinho de Josafá pela neta, o jogo de interesses da sogra para cima da nora e as previsões de Mercedes, que tem um carinho pela mocinha desde criança, têm rendido grandes cenas para Bianca Bin e os três grandes atores. Aliás, cenas que reafirmam o talento da jovem intérprete, que firma sua presença de igual para igual com alguns de nossos mestres da atuação.

Revelada na temporada de 2009 de Malhação, Bianca começou sua carreira de forma instável, com desempenhos pouco convincentes na referida temporada, em Passione e em Cordel Encantado, onde viveu sua primeira protagonista, Açucena. Os primeiros sinais de evolução vieram no malfadado remake de Guerra dos Sexos, onde se saiu bem como a vilã Carolina (que na original de 1983 foi de Lucélia Santos).

Seu primeiro grande momento veio em Boogie Oogie (2014), no qual interpretou a patricinha Vitória, que foi trocada na maternidade com a mocinha Sandra (Isis Valverde), com quem rivalizaria pelo amor do mocinho Rafael (Marco Pigossi). Bianca esteve ótima em sua composição do perfil dúbio e impulsivo da loira, apesar de a novela ter se perdido nos meses finais em função do tal “segredo de Carlota (Giulia Gam)”, que se arrastou por meses e no final era uma bizarrice.

Porém, o auge de sua carreira foi ao lado de Walcyr, em Êta Mundo Bom! (2016). Na pele da empregada Maria, Bianca mostrou sua maturidade e a personagem experimentou um merecido crescimento, “tirando” de Filó (Débora Nascimento) o posto de mocinha da novela. O sucesso foi tanto que a atriz deixou o elenco de Novo Mundo, onde viveria Domitila (que passou para a também talentosa Agatha Moreira) para repetir a parceria com o autor.

E na última segunda, Bianca mais uma vez mostrou o quão acertada foi esta aposta, nas cenas em que Clara finalmente reage às agressões de Gael e o abandona, após expulsá-lo com um facão. Ao lado de Sérgio Guizé, com quem contracenou em Êta Mundo Bom, a atriz deu um show em mais uma sequência impactante, desde a coragem da mocinha de não mais se intimidar pelo marido violento até a tranquilidade de reencontrar o avô e poder abrir o jogo para ele.

Em uma primeira fase marcada por altos e baixos, a atuação de Bianca Bin nos primeiros capítulos de O Outro Lado do Paraíso tem sido um dos maiores acertos da trama nesta reta inicial. A desenvoltura da jovem atriz em uma personagem complexa salta aos olhos e reafirma sua evolução. E uma prova disso é seu desempenho ao lado dos grandiosos Lima Duarte, Marieta Severo e Fernanda Montenegro. Bianca honra a aposta do autor Walcyr Carrasco e mostra que veio para ficar. E tem tudo para brilhar ainda mais quando Clara concretizar sua vingança.


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