Importante cineasta e escritor brasileiro, Walter George Durst também fez carreira na TV. Um dos pioneiros do veículo, o autor assinou textos da TV de Vanguarda, na Tupi, e emplacou diversas novelas e séries. A versão de 1975 de Gabriela foi um de seus mais famosos trabalhos.

Tarcísio Filho em Chocolate com Pimenta
Tarcísio Filho em Chocolate com Pimenta (Reprodução / Globo)

Durst morreu em 1997, pouco tempo depois de descobrir um câncer terminal na medula. Na época, o autor escrevia o remake de Os Ossos do Barão (1997), baseado na obra de Jorge Andrade e que foi produzido pelo SBT. Ele pediu aos médicos para mantê-lo vivo até concluir o trabalho, estrelado por Ana Paula Arósio e Tarcísio Filho.

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Trajetória

Gabriela - Sônia Braga
Sonia Braga como Gabriela (Divulgação / Globo)

Intelectual, Walter George Durst estreou na TV logo nos primeiros anos do veículo, adaptando textos clássicos do teatro para o TV de Vanguarda, que marcou o início da teledramaturgia no Brasil. Sua primeira novela foi Cleópatra (1962), na Tupi.

Durst assinou algumas das obras mais marcantes da telinha, como Gabriela (1975) e Nina (1977), trama que criou às pressas após o cancelamento de Despedida de Casado (1977), novela de sua autoria impedida de ir ao ar pela censura. Também adaptou clássicos da literatura em minisséries, como Terras do Sem-Fim (1981) e Anarquistas, Graças a Deus (1984).

Em 1995, o autor passou pela extinta Manchete, como supervisor de Tocaia Grande, trama baseada na obra de Jorge Amado escrita por Duca Rachid, Marcos Lazarini e Mário Teixeira. Na sequência, emplacou o remake de Os Ossos do Barão no SBT.

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Descoberta do câncer

Walter George Durst
Walter George Durst

Walter George Durst morreu em 24 de agosto de 1997, aos 75 anos, em razão de um câncer na medula. Na época, ele trabalhava no texto de Os Ossos do Barão, com a colaboração de Duca Rachid, Marcos Lazarini e Mário Teixeira.

Ainda antes de descobrir a doença, o autor já se sentia fragilizado, mas, ainda assim, fez questão de levar seu trabalho até o fim, conforme revelou Marcelo Walter Durst, filho do escritor.

“Ele nunca parou de escrever. Ainda quando escrevia Os Ossos do Barão, ele se sentia fraco, mas os exames não indicavam sintomas de câncer. Ele pediu, então, que os médicos fizessem com que vivesse até finalizar o trabalho”, disse ele à Folha de S. Paulo em 25 de agosto de 1997.

O câncer foi descoberto em abril de 1997. Quando o autor faleceu, Os Ossos do Barão ainda estava no ar no SBT. No entanto, os trabalhos já estavam finalizados, já que a novela estreou com todos os seus capítulos gravados.

 

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Último trabalho

Os Ossos do Barão
Rubens Caribé e Ana Paula Arósio em Os Ossos do Barão

Remake da novela de Jorge Andrade exibida pela Globo em 1973, Os Ossos do Barão foi a última novela da “era de ouro” da teledramaturgia do SBT. A trama contava a história de Egisto (Juca de Oliveira), um homem de origem humilde que enriquece durante a Revolução Industrial e fica obcecado por ter um título.

Fascinado pela nobreza, ele compra todos os itens do falido e falecido Barão de Jaguará, incluindo os ossos. Egisto finalmente vê a chance de se tornar um nobre com título quando seu filho Martino (Tarcísio Filho) se apaixona por Isabel (Ana Paula Arósio), bisneta do Barão. Mas Miguel (Othon Bastos), o pai dela, é contra a união.

As gravações de Os Ossos do Barão começaram em outubro de 1996, e a previsão era que a novela estreasse em novembro daquele ano, substituindo Razão de Viver. Porém, Silvio Santos adiou a estreia e colocou no ar Dona Anja (1996), trama produzida pela JPO Produções e estrelada por Lucélia Santos.

Com isso, Os Ossos do Barão entrou no ar na sequência e praticamente toda gravada, em abril de 1997. A trama foi exibida até setembro de 1997 e teve 115 capítulos. No elenco, além dos atores citados, havia ainda Rubens de Falco, Bete Coelho, Jussara Freire, Cleyde Yáconis e Leonardo Villar, entre outros.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor