Não foi um ano fácil para o SBT. O canal de Silvio Santos afundou na crise financeira que assola todo o país. Adotou uma política de contenção de gastos que culminou no corte de funcionários; dentre estes, “pratas da casa” como o jornalista Hermano Henning, parceiro da emissora nos bons e maus momentos do departamento de jornalismo. Curiosamente, ao mesmo tempo em que economiza de um lado, o SBT esbanja dinheiro do outro. Gasta uma boa quantia para manter um acordo de exclusividade com a gigante Televisa, pela cessão de novelas mexicanas. Mas guarda boa parte do que lhe é ofertado na gaveta, privilegiando, sabe-se lá por quê, reprises.

É o caso agora de Coração Indomável. Exibida em 2015 – “ontem”, praticamente – a novela regressa em janeiro para substituir outro repeteco, Sortilégio (no ar, pela primeira vez, em 2014). Que, por sua vez, também sucedeu uma reapresentação, No Limite da Paixão; esta mais velhinha, de 2003. ‘No Limite’ veio no rastro de Rubi (já reexibida em 2006 e 2013). E “la descarada” entrou logo após A Usurpadora, de incontáveis reapresentações.

Eis a raiz do problema: para turbinar o Fofocalizando – que, definitivamente, não tem condições de emplacar, por mais que o dono queria -, Silvio Santos lançou mão da 6ª reprise do folhetim das gêmeas Paola e Paulina (Gabriela Spanic) às 13h45. Sem êxito, a trama foi remanejada para a faixa das Novelas da Tarde: empurrou tudo o que vinha na sequência para mais tarde; ampliou a concorrência com um quase inatingível Vale a Pena Ver de Novo, da Globo, e deu espaço para os repetecos da Record TV se “criarem”.

Soma-se a essa má-sucedida “boa intenção” do “patrão” a escolha de títulos pouco inspirados, como Lágrimas de Amor (2016), Querida Inimiga (2016) e agora Um Caminho Para o Destino, enquanto o público clama por grandes sucessos; a anunciada Amanhã é Para Sempre, com Lucero, ficou na intenção. O cenário, fatalmente, é desolador: com uma reprise e uma inédita sem grandes méritos não há perspectiva para a retomada de audiência de 2016, com títulos como A Gata, Abismo da Paixão ou Mar de Amor – que, não duvidem, logo estarão de volta, mesmo ainda fresquinhas na memória do telespectador.

É de se lamentar que o SBT, hoje bem posicionado nas manhãs, noites e madrugadas, venha tratando suas tardes com tanto descaso. As decisões que envolvem Novelas da Tarde, com apostas em reprises óbvias (e recentes), denotam o pouco caso com uma faixa essencial para a grade, já combalida pelo equivocado projeto do “dono” e o desgastado Casos de Família. É o caso de avaliar e, se necessário, relançar. Os fãs agradecem.


Compartilhar.
Avatar photo

Apaixonado por novelas desde que Ruth (Gloria Pires) assumiu o lugar de Raquel (também Gloria) na segunda versão de Mulheres de Areia. E escrevendo sobre desde quando Thales (Armando Babaioff) assumiu o amor por Julinho (André Arteche) no remake de Tititi. Passei pelo blog Agora é Que São Eles, pelo site do Canal VIVA e pelo portal RD1. Agora, volto a colaborar com o TV História.