Em Mulheres de Areia (1993), clássico de Ivani Ribeiro que ganhou uma Edição Especial nas tardes da Globo, os atores Nicette Bruno e Adriano Reys vivem o casal Juju e Sampaio. Deslumbrada, a perua não perde a chance de infernizar a vida do marido, fazendo com que eles vivam às turras.

Nicette Bruno como Juju em Mulheres de Areia
Nicette Bruno como Juju em Mulheres de Areia (divulgação/Globo)

Curiosamente, trata-se do mesmo casal que protagonizou Como Salvar Meu Casamento (1979), última novela da extinta Tupi. A trama fez sucesso, mas sucumbiu diante da crise financeira da emissora e acabou saindo do ar sem um desfecho, o que deixou o público frustrado.

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Nicette & Adriano

Juju (Nicette Bruno) e Sampaio (Adriano Reys) em Mulheres de Areia
Juju (Nicette Bruno) e Sampaio (Adriano Reys) em Mulheres de Areia (divulgação/Globo)

Juju e Sampaio passam boa parte de Mulheres de Areia brigando. Tanto que, ao longo da trama, o casal acaba se separando. Sampaio, então, acerta os ponteiros com Arlete (Thais de Campos), enquanto Juju termina a trama nos braços de um fazendeiro milionário.

Mas Nicette Bruno e Adriano Reys viveram outro casal em crise anos antes. Em 1979, eles protagonizaram Como Salvar Meu Casamento, trama escrita por Carlos Lombardi, Edy Lima e Ney Marcondes na TV Tupi. Na novela, eles eram Dorinha e Pedro, um casal que vivia junto havia 23 anos.

Com um casamento cômodo, eles vivem uma crise conjugal. Que é agravada quando Dorinha descobre que Pedro tem uma amante, Branca (Elaine Cristina), uma mulher mais jovem, independente e que traz um “frescor” à vida do homem, que, até então, só vivia para o trabalho.

 

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Sucesso interrompido

Como Salvar Meu Casamento

Como Salvar Meu Casamento estreou num momento em que a Tupi já agonizava, em razão da grave crise financeira da emissora. Por isso, a novela era gravada com várias restrições orçamentárias. As externas, por exemplo, eram realizadas nos arredores da emissora, enquanto as cenas de casamento eram feitas apenas do lado de fora da igreja, para economizar na cenografia.

A trama teve uma estreia tímida, já que concorria com o sucesso de Pai Herói, de Janete Clair, que bombava no horário nobre da Globo. No entanto, quando a líder de audiência lançou Os Gigantes, fracasso de Lauro César Muniz, a novela concorrente reagiu.

A trama chegou a alcançar 10 pontos de audiência, uma marca e tanto para a situação da Tupi. Mas nem o sucesso de Como Salvar Meu Casamento salvou a novela. Com a crise cada vez mais forte, a trama foi tirada do ar em 22 de fevereiro de 1980, cerca de quatro semanas antes de seu fim.

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Frustração

Nicette Bruno
Nicette Bruno em Como Salvar Meu Casamento

A brusca interrupção de Como Salvar Meu Casamento deixou o público frustrado. A autora Edy Lima também não escondeu a revolta com a situação.

“É inexplicável, estranhíssimo, que façam isso com uma novela que está no fim e fazendo sucesso. Em termos mais amplos, considero essa decisão uma coisa gravíssima para o artista brasileiro, especialmente vindo daquela que foi a pioneira da televisão no Brasil e que sempre apoiou a novela desde que ela existe em nossa TV. Em termos pessoais, é frustrante porque as pessoas se ligam ao trabalho que estão fazendo, apesar de serem simples empregados. Deve ter sido uma decisão repentina, tomada nos últimos dias. Substitui-las por enlatados e optar por produtos de baixa qualidade e alheios à nossa realidade”, disparou ela, na época.

A revista Amiga chegou a publicar como seria o final previsto para a trama na ocasião. No desfecho de Como Salvar Meu Casamento, Dorinha e Pedro fariam as pazes e retomariam a relação, enquanto Branca terminava a história sozinha.

Nos anos 1990, a Globo chegou a sugerir que Carlos Lombardi atualizasse a trama numa nova novela. Na mesma época, o SBT cogitou adquirir os direitos do texto original. Mas, apesar da “disputa” nos bastidores, a ideia não saiu do papel.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor