Flávio Silvino é um exemplo de superação! Após sofrer um grave acidente, o jovem ator – que também estava despontando na carreira de cantor –, passou um longo período em coma e, mesmo com sequelas, provou que era capaz de voltar a atuar em um retorno triunfante à TV, num clássico de Manoel Carlos.
Na tarde de 2 de novembro de 1993, Flávio Silvino sofreu um acidente que quase tirou sua vida. O jovem retornava de Cabo Frio em direção ao Rio de Janeiro, acompanhado de seu irmão, quando, numa ultrapassagem, um carro forte desgovernado atingiu o seu automóvel.
Na tragédia, seu irmão Paulo, que estava dormindo, quebrou o braço. Já Flávio recebeu uma forte pancada na cabeça. Foi o início da luta pela vida do ator e cantor – filho do saudoso humorista Paulo Silvino (1939-2017).
Ascensão meteórica
Após estrear com sucesso na novela Vamp (1991), como o vampiro Matosão, Flávio Silvino logo alcançou o título de galã ao interpretar Hugo, em Deus nos Acuda (1992). O ator estava trabalhando na divulgação de seu disco de músicas românticas, com shows pelo país, quando tudo aconteceu…
Flávio foi resgatado com traumatismo cranioencefálico e perda de tecido muscular do braço esquerdo. Levado para a Casa de Caridade de Araruama, onde o ator foi operado para drenagem do edema no cérebro, ele foi transferido para Clínica Santa Helena, em Cabo Frio, onde dispunham de Unidade de Terapia Intensiva.
Após três meses e meio, Flávio despertou do coma em 13 de fevereiro de 1994, a partir de uma piada contada por seu pai. Paulo Silvino relatou a situação em entrevista ao jornal O Globo, de 26 de junho de 1994:
“Ele riu muito e, na manhã seguinte, ao ouvir a voz da mãe no telefone, chorou”.
Recuperação e volta ao vídeo
O ator e cantor passou por um tratamento intensivo com fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, neurologistas e psicólogos. Após um ano e meio de fisioterapia, ele conseguiu caminhar sozinho. Logo, Flávio Silvino voltou a dedilhar o vilão e cantar trechos de suas músicas.
Há relatos de profissionais, disponíveis em publicações como a IstoÉ Gente, sobre o quadro de Flávio. Ele foi atingido na área piramidal do cérebro, responsável pelas lesões motoras. A área ligada à memória não foi atingida. Assim, o ator recordava-se de tudo o que viveu antes do acidente.
Passados sete anos, Silvino e a família foram agraciados com a escalação dele para Laços de Família. O autor Manoel Carlos criou o personagem Paulo especialmente para ele, tomando sua história de vida como ponto de partida.
Retorno à telinha
Paulo era filho do livreiro Miguel (Tony Ramos) e irmão de Ciça (Júlia Feldens). Ele havia sofrido um acidente automobilístico, que vitimou sua mãe, e lutava para recuperar-se do trauma e das consequências do ocorrido. Para tal, contava com o auxílio da fisioterapeuta Isabel (Cynthia Benini).
O personagem nasceu após uma ligação que Flávio fez para Manoel Carlos, em 1999, quando pediu um papel em sua próxima novela. Ele falou sobre o pedido e a resposta de Maneco em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, de 16 de janeiro de 2000, quando a trama estava em processo de implantação:
“Ele disse que escreveria algo para mim na primeira oportunidade, mas confesso que não levei fé. Eu pensava que ele havia dito aquilo apenas para me dar força”.
Se dependesse de Manoel Carlos, Flávio teria retornado às novelas bem antes. Ele pensou em criar um personagem para o ator e cantor em História de Amor (1995). A ideia voltou em 1997, quando estava escrevendo Por Amor. O autor optou por adiá-la mais uma vez, conforme explicou para a Istoé Gente: “Não queria que soasse forçado”.
Rotina diária
Na época, com 28 anos de idade, Flávio Silvino não escondia sua ansiedade com a volta ao trabalho, que conciliava com as sessões de fisioterapia e fonoaudiologia, realizadas pelas manhãs. Foi a namorada, a advogada Andreane Drumond, quem organizava a agenda do ator:
“Sou um funcionário da Globo e não tem cabimento ficar em casa recebendo sem trabalhar”, declarou Flávio. “Sou um profissional”, completou.
Para criar Paulo, Manoel Carlos chegou a visitar o ator. Depois, sua pesquisadora Gabriela Miranda acompanhou a o dia a dia dele – entrevistando médicos, presenciando sessões de fisioterapia e participando das reuniões de família. O novelista comentou o processo em entrevista ao Estadão:
“Tenho três pastas sobre ele. Não quero despertar piedade. Acho que o trabalho vai ser bom para todos que têm problemas parecidos”.
Hoje, aos 51 anos, Flávio Silvino mantém a rotina diária, com passeios e consultas. Sua irmã caçula, Isabela Silvino, é quem o acompanha.
“Como os anos vão passando, ele vai envelhecendo também, acontece um pouco de regressãozinha aqui e ali, mas ele está basicamente igual”, enfatizou ao portal R7.
