A atriz, diretora teatral e pedagoga Célia Helena nasceu em 13 de março de 1936, em São Paulo. E nos deixou com apenas 61 anos, em 29 de março de 1997, após enfrentar a batalha contra um câncer raro.

Celia Helena

Ainda na adolescência, Célia venceu a resistência da família, que não desejava vê-la artista, e entrou para um curso de cinema no Centro de Estudos Cinematográficos de São Paulo.

O início de sua carreira artística se deu em 1953, através do cinema – incluindo o clássico Floradas na Serra (1954), produzido pelos estúdios Vera Cruz. Nos palcos, ela estreou ao lado de Cacilda Becker e Paulo Autran em Inimigos Íntimos (1953).

Amor e sonho atrás das cortinas

Célia Helena

Além de prêmios, como os que ganhou com A Vida Impressa em Dólar e Pequenos Burgueses, ambos da companhia Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), Célia conquistou o amor do ator Raul Cortez.

Os dois, que se conheceram nas coxias, tiveram uma filha, a também atriz Lígia Cortez. Em 1977, após faturar o Molière de Melhor Atriz por Pano de Boca, a atriz realizou um antigo sonho: o do Teatro Escola Célia Helena (TECH), localizado em São Paulo.

O Centro de Artes tornou-se referência na formação de atores de todo o país. Em 2008, o espaço ampliou as atividades no campo de ensino superior, com o Bacharelado em Teatro – tornando-se Escola Superior de Artes Célia Helena (ESCH).

Trabalhos na televisão

Célia Helena

Célia Helena chegou à TV através de O Décimo Mandamento (1968), da Tupi. Na década de 1970, foi para a Record, passando pelas tramas infantis Tilim (1970) e Pingo de Gente (1971), além de Editora Mayo, Bom Dia (1971) e Quarenta Anos Depois (1971). Ela voltou para a Tupi posteriormente, chegando à Globo nos anos 1980.

Entre Brilhante (1981), ao lado de Jardel Filho, e Partido Alto (1984), dividindo a cena com Raul Cortez, Célia atuou em Campeão (1982) e Sabor de Mel (1983), na Band. Também esteve no SBT, com Jogo do Amor (1985), antes de Direito de Amar (1987) e Mandala (1987), ambas da Globo.

A despedida

Célia Helena

Célia Helena foi vitimada por um câncer considerado raro, que atacava as paredes dos vasos sanguíneos. A atriz se encontrava internada no hospital Albert Einstein em São Paulo, quando entrou em coma, depois de sofrer uma intervenção cirúrgica.

Velada no próprio hospital e enterrada no Cemitério da Paz, também em São Paulo, Célia deixou outra filha, a bailarina Elisa Ohtake, do seu casamento com o arquiteto Ruy Otake.

Em um texto dedicado à sua mãe e publicado no jornal Folha de São Paulo, em 31 de março de 1997, Lígia Cortez fez a seguinte declaração:

“Gostaria de me despedir da minha mãe com a intensidade e vida que ela sempre teve em tudo o que fez. A minha gratidão por tudo que ela fez, me ensinou e dividiu comigo. Uma relação conquistada e aprofundada com o tempo. Partilhei muitos lados desta mulher. Foi minha mãe, minha professora de teatro, minha companheira de trabalho. Gostaria mesmo de falar sinceramente o que sei, de passar para os outros o que ela me deu”.

“Célia Helena atriz conciliou um difícil paradoxo dos atores: ser público sem perder a privacidade, a generosidade e discrição”, prosseguiu Lígia.

“Sinto orgulho quando lembro que a minha mãe valorizou o teatro na sua essência. Ela deu uma dimensão maior ao trabalho de atriz. Foi uma grande educadora. (…) Obrigada mãe, Elisa e eu sentiremos muito sua falta. Agradeço a todos que possibilitaram à minha mãe viver mais um pouquinho. Inclusive ela, que, sofrendo de um câncer tão maligno, deu seu máximo, como foi em toda a sua vida”, completou.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor