Como vimos em outra coluna, Claudete Troiano acusou João Kleber de inventar todos os casos apresentados em seu programa, o Canal Aberto.

Pois bem, as acusações de “casos mentirosos” não pararam por aí e continuaram com outros programas.

Em 2001, Márcia Goldschmidt apresentava, na Band, o Hora da Verdade, seguindo a mesma linha do programa Márcia, exibido pelo SBT alguns anos antes. A atração abordava conflitos familiares, além de temas como defesa do consumidor e revelações de segredos, porém, de uma forma diferente da tragicomédia que João Kleber conduz em seu programa hoje em dia.

A audiência de Márcia girava em torno de 6 e 10 pontos, atingindo a vice-liderança e se tornando um dos maiores ibopes da casa.

Em 2003, a Record investiu em uma atração do gênero apresentada por Wagner Montes. Assim, entrava no ar o programa Verdade do Povo, no horário vespertino. Montes conduzia um pequeno tribunal, no qual pessoas simples traziam seus problemas pessoais e pediam soluções.

Na semana que Gugu Liberato exibiu a falsa entrevista com integrantes do PCC, Wagner Montes trouxe à tona um debate sobre ética na TV e aproveitou para acusar o programa de Goldschimidt de forjar os casos ali apresentados.

Bem diferente da forma que Claudete acusou Kleber, Montes estava visivelmente incomodado e sem graça por mostrar aquelas acusações. Entrevistas com supostos atores foram exibidas, como a mulher que acusou seu namorado de lhe trair com sua mãe e a esposa que solicitou o serviço de um detetive seguir seu marido. Os entrevistados alegaram que seguiam um roteiro previamente elaborado pela produção do programa, com falsas histórias.

De qualquer forma, o contra-ataque da Record não surtiu efeito: Márcia não respondeu as acusações e o fato acabou caindo no esquecimento.

Verdade do Povo durou pouco, ficando menos de um ano no ar devido à baixa audiência e o Hora do Verdade saiu do ar em 2004, pelo mesmo motivo.

A verdade é que o povo não suportou mais as mesmices que as atrações apresentavam.

Mesmo com a rivalidade que se criou, os programas tinham algo em comum: estavam na lista da campanha “Quem financia a baixaria é contra a cidadania”, formada por telespectadores e pelo Comitê de Acompanhamento da Programação (CAP).

Nessa batalha pela audiência, ambos se afogaram juntos na decadência do sensacionalismo.

Confira o vídeo do embate:


Compartilhar.
Avatar photo

Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor