A televisão brasileira já teve muitos momentos de briga pela audiência, seja ao vivo ou nos bastidores. Mas uma confusão em especial marcou os anos 2000, entre duas emissoras que hoje são amigas e lutam juntas contra as operadoras de TV a cabo.

Estou falando da Record e da Rede TV!, que protagonizam uma briga que ocorreu em maio de 2002.

O embate gira em torno dos programas Note e Anote, na época apresentado pro Claudete Troiano, e Canal Aberto, apresentado por João Kleber.

Foi uma lavação de roupa suja ao vivo que resgato para vocês esse momento pitoresco da TV por meio do meu canal (Arquivo Marckezini).

Round 1

O Note e Anote começou a exibir trechos do Canal Aberto, programa que exibia fatos polêmicos envolvedo famílias, namorados, amigos etc.

Ao mesmo tempo em que exibia os casos, Claudete trouxe as pessoas envolvidas na atração de João Kleber, que se diziam atores e que tudo aquilo era armado.

Situações como o pai que apanhava do filho ou a mãe que descobre que o filho é gay não passavam de um interpretação segundo o Note e Anote.

Os supostos atores e figurantes foram entrevistados pela Claudete, afirmando que foram pagos para atuarem livremente no palco, apenas respeitando o tema imposto.

A apresentadora alegou que fez a denúncia a favor dos profissionais que trabalhavam atrás de historias verdadeiras, e não falsas, como supostamente fazia o Canal Aberto. Ela prometeu mais denúncias sobre outros programas, que, no entanto, nunca foram ao ar.

Round 2

João Kléber jamais ficaria quieto com essa denúncia e foi à frente das câmeras se defender e mostrar sua versão.

O Canal Aberto era exibido no mesmo horario do Note e Anote e o embate foi ao vivo. João Kléber alegava que a Record fez uma proposta milionária a ele para levar o seu programa para as tardes da emissora da Barra Funda. O apresentador decidiu ficar na Rede TV! e alegava que a emissora queria se vingar denegrindo sua imagem.

Com um televisor no palco sintonizado no programa de Claudete, João Kleber ajoelhava, apontava o dedo para a câmera e gritava dizendo que era um apresentador honrado e que nunca enganou alguém. Ele dizia que tanto os diretores quanto Claudete Troiano mentiram pra ganhar audiencia usando a imagem dele. Ironicamente, ele pediu um salário para a Record, que exibia trechos do seu programa.

De fato, todo esse embate ficou só no bate boca e troca de acusações. Mesmo com as polêmicas, os programas não tiveram mais tanto tempo de vida e, dois anos depois, saíram do ar por baixa audiência.

Toda essa briga, num primeiro momento, parece curiosa e divertida, mas logo cansa o telespectador, que muda de canal procurando algum programa que não seja tão oportunista. Com esse sensacionalismo barato de ambos os lados, ninguém saiu vencedor nessa briga.


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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor