Sucesso da Rede Globo, Sassaricando, de Silvio de Abreu, foi exibida na faixa das sete entre 1987 e 1988. A trama começou focada em Aparício (Paulo Autran), que se dividia entre Rebeca (Tônia Carrero), Penélope (Eva Wilma) e Leonora (Irene Ravache), mas foi finalizada com Tancinha (Claudia Raia) e outros personagens roubando a cena.
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No livro Memória da Telenovela Brasileira, o especialista Ismael Fernandes define Sassaricando como “divertida e com poucos tropeços”.
Em pouco tempo, a ação deixou de ser centralizada em Aparício e deu lugar para os casais Fedora (Cristina Pereira) e Leozinho (Diogo Vilela), Camila (Maitê Proença) e Guel (Edson Celulari) e o triângulo amoroso entre Tancinha, Beto (Marcos Frota) e Apolo (Alexandre Frota).
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Ao Jornal do Brasil de 13 de setembro de 1987, Silvio de Abreu disse que a novela foi escrita em cima de fatos da vida real. “Sinto que as pessoas estão sempre voltadas para os jovens, pois são eles que consomem compulsivamente e que são mais convincentes. Percebo que aqueles da idade madura estão esquecidos e é justamente para colocá-los para cima, mostrando que nunca é tarde para se viver, é que escrevo esta novela”, disse.
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Já ao jornal O Globo de 8 de novembro de 1987, véspera da estreia de Sassaricando, o autor definiu algumas de suas tramas até então: “Se Jogo da Vida era uma fábula sobre o dinheiro, Guerra dos Sexos, uma parábola do poder, e Cambalacho um retrato da moral atual, Sassaricando é uma ode à possibilidade de ser feliz em qualquer idade e uma valorização da velhice, da maturidade, no sentido da experiência. Acho muito importante falar sobre isso no Brasil, onde jovem é um elogio e velho é pejorativo. Não gosto disso”, disse.
Mas o próprio Abreu, no início da novela, afirmou que a trama poderia ter muitos destaques. “Não posso negar que o protagonista da história é o Paulo Autran. A trama existe em torno de Aparício. Se ele resolver não saçaricar, não tem novela. Mas, daí para frente, todos os personagens têm uma grande importância. Faço questão de dividir a novela com todos, permitir que eles tenham boas cenas e sempre dividi o sucesso das minhas novelas com a equipe. Quem já trabalhou comigo sabe que isso é verdade”, afirmou.
Claudia Raia, mesmo com certos exageros no sotaque italiano, foi o grande destaque da novela ao viver Tancinha. Indecisa entre Beto e Apolo, vivia dizendo “me tô divididinha”, entre outras pérolas. A atriz fez aula de prosódia para ganhar o jeito de falar e acabou criando diversas expressões marcantes ao longo da trama.
Na revista Visão de 25 de novembro de 1987, Regina Helena previu que Tancinha seria o destaque da novela.
“Claudia Raia é uma prova de que se pode ser bonita e boa atriz. As pessoas devem começar a prestar atenção. Vem de uma sensível interpretação em O Outro e mostrou que vai se impor também em Sassaricando. Um senão: Silvio de Abreu está colocando excesso de caricatura na linguagem de Claudia. Os paulistas descendentes de italianos falam “me vou embora”, mas não ‘eu me amo ele’ e nem ‘ele me é trabalhador’”, destacou.
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Críticas
Apesar de não ter enfrentado nenhum grande problema, Sassaricando não escapou das críticas. Em artigo publicado no Jornal do Brasil de 11 de junho de 1988, Cora Ronai disse que Aparício foi mal aproveitado.
“O que é que aconteceu com o bom Aparício no desenrolar da trama? Envolveu-se numa série de romances sem sentido, meteu-se em brigas intermináveis por causa de um lote de ações e do controle da fábrica e deu para receber espíritos. Personagem que tinha tudo para ser um dos nossos tipos inesquecíveis, acabou vítima de algo muito pior do que a terrível Teodora Abdala – um texto sem pé nem cabeça interpretado por uma direção idem. Resultado: depois de passar sete meses bancando o idiota, Paulo Autran irritou-se e rompeu definitivamente com a televisão”, ressaltou a jornalista.
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Autran, depois disso, participou apenas da novela Brasileiras e Brasileiros (SBT), em 1990, e da minissérie Hilda Furacão (1998), na Globo, além de uma ponta como ele mesmo em Um Só Coração (2004).
Com Sassaricando, Silvio de Abreu se despediu do horário das sete e partiu para a principal faixa da casa, em 1990, com Rainha da Sucata.
Ele retornou para a faixa em mais duas oportunidades: em 2001, com As Filhas da Mãe, e em 2012, com o remake de Guerra dos Sexos. Desde 2014, é responsável pelo Departamento de Dramaturgia da Globo e já declarou que não pretende fazer novas tramas, mas apenas supervisionar jovens autores.