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Fuzuê estreou na faixa das sete da Globo resgatando algumas das mais clássicas características que consagraram o horário. O humor pastelão, a histeria, o romance, a ação e uma pitada de mistério são alguns dos ingredientes utilizados pelo autor Gustavo Reiz que, até aqui, têm agradado ao público.
No entanto, nem tudo são flores na história estrelada por Giovana Cordeiro e Marina Ruy Barbosa. A “caça ao tesouro” que move a história já começa a cansar o público com os vários enigmas lançados sem explicação. Isso pode virar um problema e comprometer o desenvolvimento da obra.
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Novela com cara de novela
O lançamento de Fuzuê agradou bastante o espectador da Globo. O folhetim das sete colecionou elogios por se mostrar uma trama descompromissada, bem humorada e repleta de bons personagens. De cara, a mocinha Luna (Giovana Cordeiro) conquistou o público ao se mostrar uma mulher forte e de personalidade.
Ao lado de Miguel (Nicolas Prattes), um mocinho meio atrapalhado, Luna forma um par gracioso. Mas, para atrapalhar a vida dos pombinhos, há a vilã Preciosa (Marina Ruy Barbosa), uma megera afetada que diverte a audiência com suas frases de efeito.
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O grande trunfo de Fuzuê é que se trata de uma novela que não tem vergonha de ser uma novela. Pelo contrário. O autor Gustavo Reiz abraça os principais clichês do gênero e brinca com eles, transformando sua novela numa diversão saborosa.
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Em busca de um tesouro
Um dos clichês abraçados por Reiz é o da “caça ao tesouro”, temática que já rendeu inúmeros folhetins, como Jogo da Vida (1981), O Mapa da Mina (1994) e Negócio da China (2008), entre tantas outras. Toda a trama da novela é amarrada pelos interesses dos personagens em encontrar um tesouro histórico que estaria escondido no subsolo da loja Fuzuê, principal cenário da obra.
É um bom mote, desde que bem trabalhado. No entanto, Fuzuê assume um risco na maneira como tem explorado este plot até aqui. Luna e seus amigos constantemente bancam os detetives e tentam juntar as pontas soltas dos mistérios. A cada descoberta, um novo enigma é lançado.
A novela ainda não tem um mês no ar e o público já lida com o desaparecimento de Maria Navalha (Olívia Araújo), o mistério de seu passado, mapas, passagens secretas, chaves misteriosas, histórias de relíquias… São tantos os enigmas e fatos sem explicação que a novela já começa a cansar.
Erro que se repete
Último fiasco da faixa das sete, Cara e Coragem (2022) se deu mal ao ir pelo mesmo caminho. A história de Claudia Souto deixou o público confuso e indiferente diante dos vários enigmas que lançou: uma pasta misteriosa, uma seita de mulheres de laranja, a falsa morte de Clarice (Taís Araújo), os segredos envolvendo sua sósia…
Eram tantos fatos sem explicação que o público simplesmente não se sentiu envolvido com a trama. Resultado: Cara e Coragem passou praticamente despercebida, com baixa audiência e repercussão zero.
Fuzuê tem muito mais qualidades que Cara e Coragem, já que conta uma história mais digerível, tem bons personagens e usa o humor como seu principal trunfo. Mas, se seguir tão mergulhada nos enigmas, como aconteceu com a outra novela, corre o risco de fazer o público dispersar. Já está na hora de responder alguns dos mistérios e propor novas histórias.