A escalação de Renata Lo Prete e Heraldo Pereira para a cobertura das eleições nos estúdios do Rio de Janeiro não pegou bem entre os profissionais da Globo. A emissora havia proibido viagens de seus apresentadores desde o início da pandemia do novo coronavírus, e a tendência era a de que o veto permanecesse até o próximo ano.

Nos bastidores, ninguém entendeu o porquê da viagem da dupla ter sido liberada sem um motivo de força maior. Há três meses, Aline Midlej foi a primeira a furar o bloqueio de migrações, mas ela tinha uma justificativa: seu noivo já morava no Rio, e era mais seguro que ela ficasse lá de uma vez.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE


Nos casos de Renata e Pereira, a única razão é a estética. Boa parte do parque técnico da Globo fica no Rio de Janeiro, e a rede costuma apostar em diversos recursos gráficos para a cobertura da apuração eleitoral. Sem o deslocamento deles, profissionais sem treinamento seriam escalados e poderiam passar vergonha, como aconteceu com Evaristo Costa em 2014.

Chama a atenção, porém, que a direção do canal já tenha voltado a se importar com o fator “não podemos passar por vexames”. Em março, quando o rodízio de apresentadores do Jornal Hoje e do Jornal Nacional foi suspenso, a preocupação da casa era exclusivamente proteger a saúde de seus âncoras, os mantendo longe de aeroportos.

Para isso, a Globo teve de apostar em rostos que nunca tiveram treinamento adequado para sentar na bancada do telejornal mais assistido do país. André Trigueiro, Mônica Teixeira e Hélter Duarte eram repórteres, foram colocados no rodízio sem nunca ter feito pilotos e não passaram vergonha.

Em São Paulo, a proibição de viagens provocou uma overdose de Maju Coutinho e Márcio Gomes nas edições de sábado do Jornal Hoje. Nomes como Rodrigo Bocardi e Roberto Kovalick, que já estiveram na cadeira do JN, foram “rebaixados” para plantonistas do SPTV.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE


Ao liberar a viagem de Renata Lo Prete e Heraldo Pereira, a direção da Globo passa uma mensagem clara de que a pandemia deixou de ser um fator determinante para as suas decisões. A dupla não é relativamente jovem: com 56 e 59 anos, os dois estão na raspa do tacho do grupo de risco.

Em março, quando as viagens foram suspensas, a emissora já tinha um de seus âncoras na UTI por causa do novo coronavírus: Marcelo Magno, um dos plantonistas do Jornal Nacional, passou 12 dias internado e chegou a ser entubado. Aos 37 anos, ele não tinha comorbidades prévias — e nos bastidores, comenta-se que ele pode ter pego a doença na viagem do Rio de Janeiro para o Piauí.

Compartilhar.