A Record produziu algumas histórias bíblicas em meados dos anos 1990, como a primeira versão de A História de Ester, em 1998. Em 2010, a emissora resolveu voltar a apostar no gênero, com a segunda versão dessa mesma trama, e a maioria dos projetos obteve êxito.


OS DEZ MANDAMENTOS (DIVULGAÇÃO/RECORD)

Foram produzidas atrações como Sansão e Dalila, Rei Davi e José do Egito, entre outras, além do grande sucesso Os Dez Mandamentos, que gerou, ainda, Os Dez Mandamentos – Nova Temporada, A Terra Prometida e, em breve, O Rico e Lázaro.

Num despretensioso exercício de imaginação, separei aqui duas passagens bíblicas que poderiam ser transformadas em novela ou minissérie pela Record.

A história de Noé

Por volta do ano 2240 antes de Cristo, a sociedade havia se corrompido e a maldade tinha se multiplicado na Terra. Para piorar, casamentos abomináveis estavam acontecendo: anjos caídos se uniram a mulheres e nasceram gigantes, conhecidos como Nefilins (embora o termo não apareça na Bíblia). O caos havia se estabelecido e isso irritou o Criador, que resolveu dar fim a essa geração.

A novela poderia mostrar uma civilização violenta, promíscua, sem pudor, sem educação e egoísta. Pessoas despreocupadas com o futuro, outras conformadas com a situação, mesmo sabendo que aquele contexto deixava o Criador irado.

No meio de toda essa depravação, havia um homem, a quem a Bíblia descreve como justo e íntegro, e que temia a Deus. Noé, cujo nome significa “descanso, consolo, de longa vida”, foi neto de Matusalém, muito conhecido por ser o homem que viveu mais tempo na Terra – nada menos que 969 anos.

A história de Noé começa quando o Criador, cansado de ver tamanha depravação, resolve destruir a Terra e começar tudo de novo. Para esse recomeço, Ele escolhe Noé, sua esposa, seus três filhos, Sem, Cam e Jafé, e as três noras. Com essas oito pessoas, Deus iria começar uma nova civilização.

A destruição viria através de um dilúvio, águas que cairiam do céu e subiriam da terra, inundando todo o planeta. Os oito escolhidos escapariam da morte através de uma embarcação, fabricada por Noé e seus filhos, que ficou conhecida como a “Arca de Noé”.

A trama pode apresentar os homens zombando de Noé e seus filhos quando estavam construindo o barco, já que não havia nenhum rio ou mar naquela região. A Bíblia também diz que não havia chuva naquele tempo, apenas uma neblina subia da terra e regava toda a superfície do solo.

O Dilúvio aconteceu quando Noé tinha 600 anos. Exatamente no dia 17 de Iyar, que é o segundo mês do calendário hebraico, o correspondente a abril e maio do ano solar, começou a chover forte. Sete dias antes, todos já estavam acomodados na arca. A Bíblia diz que todas as fontes das grandes profundezas jorraram, as comportas do céu se abriram e a chuva caiu sobre a Terra durante quarenta dias e quarenta noites.


A ARCA DE NOÉ (DIVULGAÇÃO)

No instante em que começam a cair as primeiras gotas de chuva, as pessoas se lembram do barco que Noé havia construído. Então, começam a correr até o local, desesperadas, buscando abrigo. Muitas morrem no caminho até a arca. Outras, morrem batendo à porta, quase arrombando-a para entrar. Mas a porta havia sido fechada por fora, pelo próprio Deus.

A partir daí, começou tudo de novo, porém em outro cenário. A Terra não tinha mais as mesmas características de antes. E, além do dilúvio e todo o drama sofrido pelos habitantes daquela época, todas essas mudanças poderiam ser abordadas pela produção.

A história de Rute

Na genealogia de Jesus apresentada por Mateus, são citadas cinco mulheres: Tamar, Raabe, Rute, Bate-Seba e Maria. No entanto, a que ganha maior destaque é Rute, não apenas por ser a única que possui um livro na Bíblia, mas porque foi uma peça-chave na história do povo de Israel.

Tudo começa quando o casal Elimeleque e Noemi, e seus dois jovens filhos, Malom e Quiliom, resolvem partir da terra de Belém de Judá em direção a Moabe, por causa da escassez de alimentos.

Durante os quase 10 anos que ficaram em Moabe, ocorreram coisas tristes. A primeira foi a morte de Elimeleque, o patriarca. Depois da morte do pai, os jovens se casaram com mulheres daquele País. Malom se casou com Rute, e Quiliom, com Orfa. Mas, depois de pouco tempo, os dois homens também morreram.

A tristeza era imensa. Três mulheres viúvas, duas ainda jovens, ficaram desamparadas. Noemi, a israelita, resolve voltar à sua terra natal. As duas noras querem acompanha-la, mas ela pede para cada uma voltar à casa de seus pais e tentar começar uma nova vida.

A sogra se despede de cada uma com um beijo. As três choraram muito. Orfa volta para casa, mas Rute não quer se separar de Noemi, que insiste para ela ir junto com a cunhada, mas ela se recusa.

As duas então partem de volta a Belém de Judá, em Israel, no início da colheita da cevada. Quando chegam, os moradores se comovem com a história. Sem marido e sem emprego, Rute sai em busca de alimento para ela e sua sogra.

Andando debaixo do sol escaldante do Oriente Médio, Rute entra sem querer numa fazenda que pertencia a Boaz, um parente do seu finado sogro, e começa a pegar as espigas não colhidas pelos funcionários. Quando o proprietário vê a moça, logo pergunta ao encarregado quem era e ele lhe informa que era a nora de Noemi, viúva de Elimeleque.

Boaz, então, chega à Rute e pede que ela fique apenas em sua fazenda, colhendo as espigas que sobravam, junto com as funcionárias dele. Noemi quase dá um salto de alegria quando ouve falar do dono da fazenda. “Ele é nosso parente próximo e um dos nossos resgatadores”, disse, extasiada.

De acordo com as exigências para restituição de terra, o parente mais próximo do falecido era obrigado a comprar de volta a propriedade caso ela houvesse sido tomada por motivos de pobreza ou hipoteca, a fim de que o terreno permanecesse sob posse da família. De acordo com as exigências do casamento levirato, o parente mais próximo do falecido deveria casar-se com a viúva, para que o nome deste não fosse extinto. Isso significava que a família do marido era responsável por cuidar da viúva.

Sabendo da responsabilidade e bondade de Boaz, Noemi diz a Rute que ele poderia ser o seu novo marido, mesmo não sendo tão jovem. Ele, como resgatador, compraria as terras que pertenciam a seu finado sogro, para que o nome dele fosse mantido, e ainda se casaria com a viúva.

No entanto, ele a adverte que ainda há outro resgatador, mais próximo do que ele, e que iria conversar com o parente e ver se ele teria interesse em comprar as terras e em se casar com Rute.


REI DAVI (DIVULGAÇÃO/RECORD)

No dia seguinte, Boaz chama 10 homens como testemunhas e expõe a situação para o homem, que tem prioridade na compra das terras e de cuidar da viúva. Como o homem já era casado e não queria prejudicar seu relacionamento, abriu mão do negócio e deixou para Boaz tanto a compra da terra como o casamento com Rute.

Eles então se casaram e tiveram um filho, chamado Obede (servo). Obede foi pai de Jessé, que gerou o grande e famoso rei Davi – trama já produzida pela própria Record.


Leia também: O Rico e Lázaro ainda nem estreou, mas Record já pensa em esticar a novela

Compartilhar.