A Praça É Nossa é um dos mais antigos programas do SBT ainda no ar. No próximo mês de maio, o humorístico completará 36 anos na emissora, sempre figurando entre as atrações mais vistas do canal.

Mesmo com as inúmeras mudanças que, vira e mexe, acometem o SBT, A Praça sobrevive a todas elas. Com tamanho prestígio, seu comandante, Carlos Alberto de Nóbrega, já declarou que só deixa o canal quando Silvio Santos morrer.

Homenagem

A Praça é Nossa - Roni Rios
Divulgação / SBT

A revelação de Carlos Alberto de Nóbrega aconteceu em 2016, na ocasião em que ele recebeu uma homenagem da Globo. O dono da Praça foi convidado para uma participação no humorístico Tá no Ar – A TV na TV e gravou um esquete no qual contracenava com a Velha Surda, clássico tipo do ator Roni Rios (na foto acima, caracterizado) – que, na emissora carioca, foi revivido por Marcius Melhem.

Em entrevista ao O Globo, em 27 de março de 2016, Nóbrega se mostrou bastante emocionado com a homenagem e com a possibilidade de voltar à Globo, emissora na qual trabalhou durante 11 anos como diretor de Os Trapalhões.

“Eu sabia que o SBT me liberaria. Além de mim, só a Hebe, que foi ao Domingão do Faustão’. Mas meus amigos, o Walter Clark, o Boni, todos já saíram. Então fiquei tenso, nervoso. Estava muito emocionado. Tenho uma admiração enorme pela casa”, afirmou.

Apesar da emoção da volta à emissora, o artista contou que não havia qualquer possibilidade de deixar o SBT.

“Só se o Silvio morrer e quiserem que eu saia”, arrematou.

“Feijão com arroz”

Na mesma entrevista, Carlos Alberto (na foto acima com o filho, Marcelo de Nóbrega) também falou sobre o sucesso atemporal de A Praça É Nossa. Para ele, o segredo da longevidade da atração é sua simplicidade.

“Se não dá para servir caviar, sirva um feijão com arroz bem feito”, ensinou.

O filho de Manoel de Nóbrega comentou também que A Praça É Nossa é um programa tranquilo e barato de se fazer. Além disso, é um sucesso comercial, com todos os seus espaços publicitários vendidos. Por fim, Carlos Alberto revelou que é sempre tratado com gentileza pela emissora.

“Não me cobram audiência. Quando dá 11, 12 pontos, me ligam, mandam bombons”, contou.

Atração histórica

A Praça É Nossa está no ar há 36 anos no SBT, mas sua história é muito maior. A atração, na realidade, nasceu em 1956, na TV Paulista, com o nome de Praça da Alegria (foto acima). O programa era comandado por Manoel de Nóbrega, pai de Carlos Alberto.

Em pouco tempo, o humorístico alcançou um sucesso estrondoso com seu formato simples: um homem lia seu jornal numa praça enquanto era abordado por diversos personagens divertidos. O espaço consagrou grandes nomes do humor, como Roni Rios e Ronald Golias.

A atração durou 14 anos, com passagens também pela TV Record e TV Rio, e saiu do ar após o falecimento de Manoel de Nóbrega, em 1976. Um ano depois, a Globo voltou a produzir a Praça da Alegria, comandada por Luís Carlos Miele, mas ficou pouco tempo no ar.

Em 1987, a Band convidou Carlos Alberto de Nóbrega para resgatar o formato, com o nome Praça Brasil. Mas, após a exibição de apenas quatro episódios, Nóbrega resolveu atender ao chamado de Silvio Santos e migrou para o SBT, lançando A Praça É Nossa.

Compartilhar.
Avatar photo

André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor