– Por enquanto, três personagens me cativaram em Nos Tempos do Imperador: Pilar – Gabriela Medvedovski excelente -, Tonico – personagem de Alexandre Nero é melhor que o Comendador – e a Condessa de Barral – Mariana Ximenes ilumina a tela. Gosto também de Letícia Sabatella, ótima como a imperatriz comedida, um tanto ansiosa, quase conformada e entediada.

– Tenho algumas ressalvas a Selton Mello como Pedro II: o personagem não ajuda, didático demais, magnânimo e quase pintado como um pobre coitado de bom coração. Não dá para comprar essa imagem. Nem o tom de interpretação do ator, com sua fala pausada e reticente. Torcendo para mudar de opinião o mais rápido.

Entretanto, foi uma cena envolvendo D. Pedro, com a condessa, a melhor da semana. O imperador declara-se a Luísa diante da baía da Guanabara vista de Niterói, ao som de “Sabiá“, cantada por Elis Regina. Belíssima sequência, bem iluminada (parecia uma pintura), bem escrita, dirigida e interpretada. Tudo lindo!

– Outra sequência que me chamou a atenção nesta segunda semana também envolveu o imperador. D. Pedro relembra, para a Condessa de Barral, a infância, de quando foi aclamado imperador aos cinco anos, do temor que sentia quando a ama Lurdes não pôde acompanhá-lo. O menino fez xixi nas calças dentro da carruagem.

Participação de Bia Guedes, a Lurdes (jovem) de Novo Mundo, vivida em Nos Tempos do Imperador por Lu Grimaldi. Aliás, excelente escalação, não só por Lu ser uma ótima atriz, mas pela semelhança física com Bia Guedes, na caracterização final.

– Junto a Alexandre Nero, vem destacando-se a atriz Carolina Ferman, como Jerusa, a amante casada de Tonico. Adoro o seu “baianês”. Ótimas as cenas que envolvem os amantes, em seus colóquios amorosos e safados. Uma dupla com potencial para render na novela. Tomara que o coronel Floriano (Lucci Ferreira), marido da adúltera, demore para descobri-los.

– Que Letícia Sabatella canta muito bem, sabemos. Só não sei se era ela mesma na sequência em que a imperatriz canta uma ária durante a aula das princesas. Pareceu a própria atriz de tão bom o resultado. Quando a câmera abre para o cenário do palácio temos outra pintura!

– Pelo visto, o então Marquês de Caxias (futuro Duque de Caxias) – papel de Jackson Antunes – está para Pedro II assim como José Bonifácio esteve para Pedro I: conselheiro e amigo pessoal do imperador. A conferir.

– Adorei a entrada de Lupita (Roberta Rodrigues) na novela, bem como toda a liberdade criativa dos autores na referência à Escrava Isaura (livro e novela de 1976), com citações a vários personagens (Isaura, Leôncio, Álvaro, Malvina). “Minha vida daria um livro”, disse Lupita. Pouco antes dessa sequência do capítulo de sábado, houve a citação ao Barão de Araruna, personagem de outro livro que virou novela: Sinhá Moça, de 1986.

– O amor de Samuel por Pilar ainda não parece suficiente para chamar a atenção ou gerar torcida. Gosto do núcleo da Pequena África, principalmente da abordagem à perseguição aos negros, por meio do policial Borges (Daniel Del Farra), emulando situações corriqueiras de nossa realidade. São entrechos pertinentes que ecoam na atualidade.

– Um paralelo: as jovens princesas, Isabel e Leopoldina, lembram Elizabeth e Margareth, as princesas inglesas da série The Crown: a mais velha, herdeira do trono, é focada e responsável, enquanto a caçula é rebelde e inconformada.

– Leio muita gente reclamando de Licurgo e Germana, grotescos em demasia e desnecessários. Pode ser. Ainda não tenho opinião formada. O fato é que, a mim, os personagens não fazem rir, como nos tempos de Novo Mundo. Porém, reconheço que os autores criam boas situações para eles.

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Nesta segunda semana foram três: os casal cai no cimento e fica petrificado; leva ao palácio os bolos em homenagem aos imperadores; e Germana derruba a Taberna dos Porcos ao tentar livrar-se das correntes. Antes da cena dos bolos, foi comentado que o palácio tem poucos guardas porque o imperador acha um desperdício de dinheiro público ter tantos. Daí a brecha para Germana e Licurgo entrarem no palácio com tanta facilidade.

Pesquisei novelas e minisséries que retrataram a Família Imperial Brasileira (os 2 impérios) e os atores que interpretaram seus membros. Dá uma olhada AQUI.

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Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira. Leia todos os textos do autor