Dois remakes da Globo demoraram para sair do papel; outro foi para a gaveta

Grande nome da teledramaturgia da Globo, de meados da década de 1960 até o momento de sua partida, em 1983, Janete Clair deixou como legado inúmeros folhetins de êxito; quatro deles, já “reeditados”.

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Os planos de regravar as obras de Janete começaram a pipocar tempos depois do primeiro remake, Selva de Pedra (1986), adaptação da trama de 1972. Dois projetos demoraram a sair do papel; um terceiro ficou só na intenção.

Confira:

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Irmãos Coragem

Em 1970, Irmãos Coragem atingiu índices maiores que os registrados pela Copa do Mundo no México, levou homens a admitirem que consumiam um produto dito feminino e viu um de seus personagens se transformar em arma política numa campanha pelo voto nulo. 19 anos depois, falou-se pela primeira vez na possibilidade de regravar o folhetim.

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A ideia era emplacar a trama às 18h, na sequência de Vida Nova e Top Model. Herval Rossano responderia pela direção-geral. Com o novo cronograma, que acabou levando Top Model para a faixa das 19h, o projeto acabou suspenso – Pacto de Sangue ocupou a vaga, seguida por O Sexo dos Anjos.

Na época, cogitava-se a possibilidade da Globo estar impedida de oferecer Irmãos Coragem, a original ou um eventual remake, no exterior. Os direitos do texto haviam sido vendidos para diversos países; logo, o departamento comercial estaria impossibilitado de ofertar a novela a canais que planejavam produzir suas próprias versões.

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Em 1993, o projetou voltou à tona. A ideia era estrear a produção em agosto, substituindo O Mapa da Mina – última e desastrosa experiência de Cassiano Gabus Mendes às 19h -, “pegando carona” no êxito de outra regravação, a de Mulheres de Areia, no ar às 18h. Posteriormente, ‘Irmãos’ foi cotada para a vaga de ‘Mulheres’.

Sérgio Marques respondia pelo roteiro que, por orientação de Boni, deveria incorporar debates sobre os direitos dos índios, devastação florestal e contaminação de rios aos temas discutidos por Janete. José Mayer chegou a ser cotado para o protagonista, João Coragem (defendido por Tarcísio Meira em 1970); para os irmãos Jerônimo e Duda (Cláudio Cavalcanti e Cláudio Marzo), Leonardo Vieira e Maurício Mattar.

O remake, porém, acabou suspenso outra vez. O ponto de partida – a disputa por diamantes – coincidia com a mola propulsora de Fera Ferida, que entraria em cartaz às 20h, em novembro.

Em 1995, atualizada por Dias Gomes e Marcílio Moraes – e com Marcos Palmeira, Ilya São Paulo e Marcos Winter nos papeis centrais – o remake de Irmãos Coragem enfim ganhou as telas, sem repetir o sucesso da primeira versão.

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Pecado Capital

Pecado Capital (1975) foi produzida a toque de caixa, para substituir a versão censurada de Roque Santeiro. A novela representou o retorno de Janete Clair ao horário que consagrou – ela escrevia Bravo! às 19h, quando a obra de seu marido Dias Gomes foi vetada às 20h. Sucesso popular, ‘Pecado’ mobilizou o país com as investidas de Carlão (Francisco Cuoco), taxista que usufrui do dinheiro de um assalto a banco, deixado no banco de trás de seu carro. A princípio, por necessidade; depois, para fazer frente a Salviano Lisboa (Lima Duarte), empresário que conquista Lucinha (Betty Faria), modelo de origem suburbana, ex-namorada de Carlão.

Diretor responsável pela primeira versão, Daniel Filho esteve à frente da tentativa inicial de reeditar Pecado Capital. Em 1992, ele e Euclydes Marinho avaliaram os capítulos da trama e deram parecer favorável à regravação. A análise conclui que os personagens, bem delineados, e o folhetim eram atemporais. Sabe-se lá por que a ideia não vingou.

Seis anos depois, Glória Perez – colaboradora de Janete Clair em sua última novela, Eu Prometo (1983) – atualizou a obra, inserindo novos personagens, para aproximar o enredo de seu estilo e para corrigir deslizes de escalação; neste último caso, Laura (Vera Fischer), par romântico de Salviano (aqui, Francisco Cuoco), cuja “química” com Lucinha (então Carolina Ferraz) não funcionou, dentro e fora da tela.

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Fogo Sobre Terra

Já em 2005, Ricardo Linhares apresentou à Globo a sinopse revista e ampliada de Fogo Sobre Terra (1974), uma das tramas mais censuradas de Janete Clair. O projeto foi proposto por ela em 1973 e quase que imediatamente vetado: a sinopse, que opunha o progresso representado pelo homem da cidade ao apego à terra do homem do campo, parecia questionar as ações do Governo Militar, então investindo fortemente na construção de hidrelétricas e outras obras faraônicas. Em cena, os irmãos Azulão, Diogo (Jardel Filho) e Pedro (Juca de Oliveira), em lados opostos da batalha, envolvidos pela mesma mulher, Chica Martins (Dina Sfat).

Não há informações acerca do horário sugerido por Ricardo, atores pretendidos para a produção, nem mesmo dos motivos que levaram a proposta para a gaveta.

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