Um dos nomes mais celebrados da nossa televisão, Glória Pires (na foto abaixo, ao lado de Bianca Bin) possui uma longa trajetória de sucesso. Desde seu primeiro trabalho de destaque na Globo, como a Fátima de Selva de Pedra (1972), passando pela Letícia de Duas Vidas (1976), até brilhar como Marisa de Dancin’ Days (1978), Glória chamou a atenção ainda bem jovem.

Gloria Pires e Bianca Bin - O Outro Lado do Paraíso
Divulgação / Globo

O sucesso da atriz na novela de Gilberto Braga a levou a ser escolhida para protagonizar Cabocla. A trama foi exibida de 4 de junho a 15 de dezembro de 1979, na faixa das seis horas. No entanto, a artista não chegou a gravar suas últimas cenas na trama rural de Benedito Ruy Barbosa.

Adoeceu

Gloria Pires - Cabocla
Memória Globo

Na reta final das gravações de Cabocla, Glória Pires adoeceu. A atriz ficou incapacitada de comparecer às gravações da novela da Globo justamente quando faltavam concluir algumas sequências referentes aos dois últimos capítulos da trama.

Sem poder contar com Glória Pires, a direção da novela precisou recorrer a uma solução criativa. Às pressas, a atriz Christiane Grossi foi escalada para fazer as cenas finais de Zuca. Para que o público não percebesse a mudança, a substituta de Gloria Pires aparecia apenas de perfil em suas cenas.

Relacionamento dentro e fora das telas

Cabocla - Fábio Jr e Gloria Pires
Divulgação / Globo

O folhetim, que era inspirada no romance homônimo de Ribeiro Couto, narrava a história de amor da cabocla Zuca pelo jovem Luís Jerônimo (Fábio Jr) em meio à disputa política da zona rural do Espírito Santo da década de 1920.

Tudo começa com a vinda do rapaz, que deixou o Rio de Janeiro para se hospedar na fazenda do coronel Boanerges (Claudio Corrêa e Castro) em Vila da Mata, para tratar de uma lesão no pulmão. Quando ele conhece a bela Zuca (Glória Pires), é amor à primeira vista. No entanto, o casal terá que enfrentar o ódio do peão Tobias (Roberto Bonfim), noivo de Zuca, que vai fazer de tudo para afastar a morena do forasteiro.

O romance entre os personagens de Glória Pires e Fábio Jr monopolizou a atenção do público e “pulou” para a vida real. Os jovens atores começaram a namorar nessa época e se casaram pouco tempo depois. O casamento durou quatro anos, terminando em 1983, quando os dois viviam novamente um par romântico na TV, na novela Louco Amor. Juntos, eles tiveram uma filha, a atriz e cantora Cléo, nascida em 1982.

Papel seria de Sônia Braga

Gabriela - Sônia Braga

Curiosamente, Glória Pires não era a primeira opção para viver Zuca em Cabocla. A princípio, o papel estava direcionado a Sônia Braga. No entanto, como a hoje estrela internacional não aceitou o convite, coube a Glória a chance de viver sua primeira protagonista de sucesso dentro da TV Globo.

“Por causa do tipo físico de Glorinha, tive que reescrever os primeiros capítulos. Afinal, eu havia imaginado a Zuca como um autêntico mulherão”, explicou Benedito Ruy Barbosa, em depoimento ao livro A Seguir Cenas do Próximo Capítulo, de André Bernardo e Cíntia Lopes.

Outro fato curioso é que essa não foi a primeira adaptação do livro de Ribeiro Couto para a televisão. A novela foi ao ar pela primeira vez na extinta TV Rio, em 1959, com Glauce Rocha e Sebastião Vasconcelos nos papéis principais, num período em que as novelas não eram exibidas diariamente.

Em 2004, a Globo produziu um remake, escrito por Edmara Barbosa e Edilene Barbosa, filhas de Benedito Ruy Barbosa. Cléo, filha de Glória Pires, chegou a ser cogitada para reviver o papel que foi de sua mãe em 1979. Mas Ricardo Waddington, diretor de núcleo da trama, acabou optando pela então estreante Vanessa Giácomo como Zuca. Daniel de Oliveira foi o escolhido para viver Luís Jerônimo.

E as coincidências não param por aqui. Assim como aconteceu com Glória e Fábio Jr, Vanessa e Daniel também se apaixonaram durante as gravações da novela, vindo a se casar em 2009, num relacionamento que durou quatro anos. O casal teve dois filhos: Raul e Moisés.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor