Certo dia, Silvio Santos contou o motivo de não dar entrevistas: uma cigana leu sua mão e disse que, se aceitasse ser entrevistado, ele iria morrer. Essa profecia faz parte de todo o folclore que gira em torno do dono do Baú. Mas, algumas vezes ele deixou de lado a tal previsão e se abriu para a imprensa. Muitas vezes, deu boas entrevistas, outras vezes, nem tanto.
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Em 2003, o SBT passava por um momento complicado, pois havia perdido uma fatia de sua audiência para a Record, que se firmava na vice-liderança do Ibope. A revista Contigo decidiu então investigar como o empresário estava lidando com a crise em sua emissora.
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Em junho de 2003, a capa da publicação estampava uma foto do animador com a chamada “A vida anônima nos EUA”.
“Tenho seis anos de vida”
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A repórter Ana Carolina Soares ligou para a casa de Silvio, que logo de cara soltou uma bomba:
“Vou ficar aqui (Flórida) até a minha morte, que, aliás, já foi declarada. No ano passado, fui ao Medical Center, em Miami, e eles declararam que só tenho mais seis anos de vida. Estou com um problema gravíssimo nas artérias do coração. E eles me disseram que, de agora em diante, só preciso descansar”.
Ele ainda afirmou que andava de cadeira de rodas, que tinha perdido 11 quilos e que fazia transfusão de sangue. Silvio ainda declarou que tinha vendido o SBT para José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, e para a TV mexicana Televisa. E ainda solicitou que, no dia de sua morte, todas as publicações saíssem com uma tarja preta, em sinal de luto.
Desconfiada, a revista mandou um fotógrafo para os Estados Unidos para mostrar como Silvio Santos estava. A foto do apresentador o mostrava sua saindo de forma descontraída do supermercado, com um carrinho de compras, e dirigindo tranquilamente, sem mostrar qualquer indício de problema de saúde.
Houve um debate sobre a publicação da reportagem, que chegou até Roberto Civita, que na ocasião era diretor editorial do Grupo Abril.
“Chegaram à conclusão e eu concordei que era notícia. Qualquer personalidade dar uma declaração nesse sentido é notícia. Era o dono de um banco, um conglomerado comercial e de uma emissora de TV falando que ia morrer. Verdade ou não, é notícia. E deixamos tudo de acordo com o contexto”, declarou Ana Carolina ao site Splash. A matéria foi capa da Contigo e atingiu recordes de vendagem.
O choque da entrevista
Todos foram surpreendidos com as declarações bombásticas de Silvio e a repercussão foi instantânea.
“Não faz sentido. Há dois meses, meu pai comprou a TV Vanguarda, de São José dos Campos, afiliada da Globo, e ele tem o projeto de montar uma rede”, disse J.B. de Oliveira, o Boninho, filho de Boni, em declaração à Folha de S. Paulo.
“É assustador, me amedronta. Na última gravação de programa que fizemos, há uns 20 dias, ele estava absolutamente normal, brincando. O Silvio é um homem muito profissional, jamais faria alguma brincadeira desse tipo. Mas é uma história esquisitíssima. Estou chocado”, desabafou o locutor Lombardi à Folha.
Gugu também se mostrou surpreso:
“Não sei dessa história de doença. Falei com Silvio há poucas semanas e estava tudo bem com ele”, disse à Contigo.
Pegadinha saiu do controle
A polêmica só crescia, e o assunto dominou os programas vespertinos que debatiam qual era a verdade da história toda. Para acabar com o assunto, o Grupo Silvio Santos soltou uma nota desmentindo que o empresário estava doente e que o SBT estava à venda. Em entrevista ao Gugu no Domingo Legal, Silvio disse que tudo era piada.
“Peço desculpas pela brincadeira, fiz uma grande brincadeira, mas infelizmente não saiu boa. Jamais supus que seriam publicadas”, desabafou pelo telefone.
Além da entrevista ao Gugu, um repórter do Boa Noite Brasil, programa apresentado por Gilberto Barros na Band, em 2003, foi até a casa do animador para ouvi-lo desmentir pessoalmente a história e dizer que tudo não passava de uma grande gozação.
Essa história é apenas mais uma entre tantas outras que fazem parte da trajetória de Silvio Santos. E não parou por aí. Depois dessa polêmica, o apresentador já entrou em muitas outras, e continua falando – cada vez mais – aquilo que vem à sua mente, sem calcular os prejuízos.