A pandemia do novo coronavírus impediu a produção de muitas atrações. As emissoras precisaram apelar para muitas reprises para preencher suas grades.

Ainda assim, alguns formatos permaneceram inéditos e vários deles merecem entrar na lista de piores de 2020. E todos os canais sofreram deste mal, assim como costuma ocorrer nos anos sem pandemia.

Vamos a eles:

Triturando

O programa de fofocas do SBT sempre foi uma bagunça generalizada, mas em 2020 se superou nos próprios erros. Chamado inicialmente de “Fococando”, depois mudou para “Fofocalizando”, até virar, do nada, “Triturando”. Isso porque Silvio Santos adorava o quadro que triturava a foto de figuras criticadas pelos apresentadores. Porém, a mudança de nome gerou uma rejeição maior do público e a audiência, que já era baixa, despencou. Cris Flores foi contratada para o lugar de Leão Lobo, dispensado por conta da pandemia, e a jornalista é ótima. Ana Paula Renault também foi uma boa aquisição, mas elas não fazem milagre diante dos temas debatidos. Já fizeram até uma enquete perguntando como o telespectador preferia morrer (esfaqueado, com um tiro ou envenenado). Vergonha.

Se Joga

O programa criado para ficar no lugar do “Vídeo Show” nunca deu certo. Nem um dia sequer. A Globo criou um formato vazio, cansativo e que misturava tudo e não apresentava nada. Érico Brás, Fabiana Karla e Fernanda Gentil nunca conseguiram um bom entrosamento e a artificialidade na apresentação predominava. A pandemia do novo coronavírus fez a emissora priorizar o jornalismo em sua programação e vários programas saíram do ar momentaneamente. O “Se Joga” entrou na lista. Porém, a emissora aproveitou a “oportunidade” para esquecer do programa. Mesmo com a volta da programação normal, aos poucos, o formato do trio de apresentadores não retornou. E ainda bem. Todavia, segundo vários sites, em 2021 a atração retornará aos sábados e somente com Fernanda no comando. Resta saber como será…

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The Voice Kids

O reality musical da Globo sofre do mesmo desgaste da versão adulta. Porém, sofreu com o azar em 2020. A pandemia do novo coronavírus se instaurou no país com o programa no ar. Resultado: precisaram interromper as gravações em março e só retornaram em outubro. Ainda assim, as crianças se apresentaram de casa e ‘hologramas’ eram colocados no palco. Obviamente, implicou em algo frio e desinteressante. A vitória de Kauê foi merecida e o talentoso garoto sempre foi o favorito. Mas foi um desfecho sem repercussão e com baixa audiência.

Mestre do Sabor

Após anos ignorando a existência de realities culinários da concorrência e adaptando apenas formatos para breves quadros no “Mais Você”, a Globo se rendeu ao lucrativo empreendimento e criou seu próprio programa gastronômico em 2019. Porém, não funcionou. A repercussão foi nula e a disputa, com regras quase iguais as do “The Voice Brasil”, não empolgou. A esperança era que a segunda temporada em 2020 apresentasse mudanças significativas. Mas a única alteração foi a entrada de Monique Alfradique para explicar algumas provas. O restante seguiu o mesmo: jurados que só elogiam, participantes que só acertam, disputa morna e apresentadores que pouco falam.

Final de Malhação – Toda Forma de Amar

A temporada de Emanuel Jacobina teve um ótimo início, mas se perdeu pelo caminho. A trama começou a andar em círculos e vários conflitos promissores se perderam. Já a pandemia do novo coronavírus deixou tudo ainda pior. Como o autor foi enrolando o telespectador e deixando todos os acontecimentos importantes para o final, a chegada da pandemia provocou um caos no enredo. Isso porque a Globo resolveu encerrar as gravações de todo o setor de teledramaturgia. Como o seriado adolescente só teria cerca de um mês a mais de conteúdo, não valeria a pena interromper para uma futura retomada. Resultado: a empresa exigiu que Jacobina desse um ponto final na história em uma semana. Vários personagens não tiveram desfecho, tudo ficou corrido e nem os mocinhos tiveram um encerramento digno. Alanis Guillen e Pedro Novaes foram os únicos que puderam gravar no último dia de gravações. Rita e Filipe surgiram na cidade cenográfica falando da pandemia e narrando o fim de cada núcleo. Uma mistura confusa de realidade e ficção. O último capítulo foi vergonhoso e realizado de qualquer jeito. O público nem soube a razão da mocinha ter sido sequestrada e muito menos como conseguiu escapar. Para esquecer.

Cidade Alerta

O programa policial da Record sempre foi sensacionalista. Desde a época do saudoso Marcelo Rezende. Porém, em 2020 conseguiu descer ainda mais o nível com matérias asquerosas e que provocariam a demissão de várias pessoas, incluindo o apresentador Luiz Bacci, se a emissora fosse realmente séria. Em uma matéria, uma mãe soube da morte do filho pela reportagem e desmaiou ao vivo. Já em outra, uma entrevistada se desesperava com a repórter e o âncora que chamavam seu pai, que tinha acabado de ser assassinado, de agiota, mesmo sem comprovação alguma. Um show de horrores.

Reprise de Fina Estampa

A novela de Aguinaldo Silva foi um fenômeno em 2011 e a Globo acertou ao reprisá-la no auge da pandemia do novo coronavírus. Afinal, é uma trama escapista. A reprise deu quase cinco pontos a mais que a inédita “Amor de Mãe”, folhetim que vinha fracassando nos índices. Todavia, a trama protagonizada por Griselda nunca foi atrativa e o único personagem que funcionou e caiu no gosto popular foi o afetado Crô. Tanto que poucos se lembravam do restante do enredo. E vários concluíram que era melhor não ter lembrado. Vários personagens mal construídos, enredo sem história, muitos atores com desempenhos abaixo da média, enfim, um produto que não merecia ser reprisado.

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Reprise de Flor do Caribe

Após a reprise da primorosa “Novo Mundo”, que infelizmente não repetiu o êxito de 2017, a Globo resolveu reprisar a insossa trama de Walter Negrão. Como as gravações ainda estão a passos lentos por conta da pandemia, outra reexibição era necessária. Mas com tanta novela elogiada por público e crítica para reprisar, como “A Vida da Gente”, “Sete Vidas” e “Além do Tempo”, escolher o folhetim protagonizado por Grazi Massafera e Henri Castelli não fez sentido. É verdade que os índices de audiência estão satisfatórios, mas longe de ser considerado um sucesso. Aliás, repete o desempenho de 2013: a produção não foi um fracasso, mas passou longe de um grande êxito. E, embora não seja uma novela péssima (é até uma das melhores estruturadas do autor), passou despercebida e não deixou saudades.

Reprise de Haja Coração

O remake de “Sassaricando”, adaptado por Daniel Ortiz, fez um grande sucesso em 2016. Até marcou um décimo a mais na média geral que o fenômeno anterior, “Totalmente Demais”. Embora a repercussão tenha sido muito menor. Como a dobradinha deu certo há quatro anos, a Globo resolveu repeti-la. Mas agora não deu. A reprise do sucesso de Rosane Svartman e Paulo Halm foi o maior acerto de 2020 no campo das reexibições. E conseguiu dois pontos a mais na média geral. O primeiro caso em que a reprise consegue mais Ibope que a exibição original. Já a história de Daniel Ortiz, que sempre deixou a desejar (o maior acerto é o casal formado por Shirlei e Felipe), derrubou os índices e vem se mostrando um fiasco. Talvez a situação possa ser considerada uma espécie de reparação histórica.

A Tarde é Sua

A morte de Tom Veiga foi uma das mais chocantes de 2020. O ano já foi trágico por vários aspectos, mas o falecimento do intérprete do Louro José comoveu o público. Por isso mesmo, foi de uma baixeza muito grande o programa de fofocas liderado por Sônia Abrão, na Rede Tv!, no dia seguinte da morte do parceiro de Ana Maria Braga, divulgar áudios onde Tom dizia que não pretendia mais seguir no “Mais Você” e tinha o sonho de descansar com a família. O jornalista Alessandro Lobianco fez questão de mostrar o conteúdo conseguido por ele. Isso após meses falando sobre o possível cancelamento do programa comandado por Ana. Pareceu uma atitude birrenta para dizer que sempre estiveram certos. Um desrespeito com os fãs, a apresentadora e o próprio finado.

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The Voice Brasil

Virou atração fixa na lista de piores do ano neste blog. O formato musical da Globo já se desgatou há tempos e a emissora não parece preocupada em mudar algo no reality. Porém, em 2020 o sinal amarelo já foi acionado. Afinal, pela primeira vez, o programa perdeu todos os dias para “A Fazenda 12”, que fez um imenso sucesso na Record. A repercussão nas redes sociais também foi péssima e as rodadas passaram despercebidas. A temporada de 2021 já está confirmada, mas se a audiência novamente não corresponder é provável que finalmente a atração seja aposentada ou radicalmente modificada. Já passou da hora.

Eliminação de Raíssa em A Fazenda 12

A participante foi um dos grandes nomes da temporada de maior sucesso do reality da Record. Foi a protagonista de vários barracos banhados a muito creme hidratante na cara e jorradas de água. Se entregou ao jogo e, involuntariamente, levantou um importante debate nas redes sociais sobre a Síndrome de Borderline, transtorno psicológico sofrido por ela. A sua eliminação provocou indignação em grande parte do público e não merecia ter saído no lugar do irrelevante Mariano. Sua vaga na final era o mínimo.

Dança dos Famosos

O quadro segue como o grande trunfo do “Domingão do Faustão” e a vitória de Lucy Ramos vingou as várias finalistas negras injustiçadas em edições anteriores, como Érika Januza, Sheron Menezzes e Dandara Mariana. Mas a disputa ao longo das semanas foi sem qualquer emoção. Isso porque foram vários os problemas ao longo dos meses. Felipe Tito saiu porque contraiu a covid-19; Marcelo Serrado se ausentou porque familiares próximos tiveram covid; uma professora se infectou com o coronavírus; enfim. Não podiam realizar uma competição que exige tanto contato físico em um ano de pandemia. Ainda tiveram azar porque Henri Castelli machucou o pé antes de entrar na disputa e seu substituto, Juliano Laham, descobriu um tumor na garganta (agora já recuperado). Uma temporada traumática.

O ano de 2020 foi atípico também para a programação televisiva. Mas programas e novelas merecedores de críticas sempre existirão. Não tem jeito. Que venha um 2021 melhor, ao menos na saúde das pessoas.

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Sérgio Santos é apaixonado por TV e está sempre de olho nos detalhes. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor