André Santana

No ar há quatro semanas, Fuzuê tem preocupado a Globo. Dividindo opiniões, a trama das sete vem registrando queda de audiência, mostrando que ainda não caiu nas graças do público do horário.

Jessica Córes é Olívia em Fuzuê
Jessica Córes é Olívia em Fuzuê (reprodução/Globo)

O folhetim de estreia de Gustavo Reiz na emissora não vem se saindo bem no desafio de substituir Vai na Fé, que foi um fenômeno popular e praticamente uma unanimidade junto aos espectadores. A “sombra” da trama de Rosane Svartman é, hoje, o maior problema da trama que traz Jessica Córes como a antagonista Olívia.

Com isso, a trama corre o risco de repetir a trajetória de novelas como Pega Pega e Cara e Coragem, que passaram em brancas nuvens.

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Sombra do sucesso

Sheron Menezzes e Samuel de Assis
Sheron Menezzes e Samuel de Assis em Vai na Fé (Reprodução / Globo)

Muitos autores de novelas já declararam, em entrevistas, que é melhor suceder um sucesso do que um fracasso. Isso porque, em tese, é mais fácil manter os números de um horário que já registra boa audiência do que ter que atrair mais público e levantar uma faixa.

No entanto, estrear após um sucesso também aumenta a responsabilidade do autor que vem a seguir. Afinal, existe a pressão para não derrubar os índices e, além disso, há a comparação entre as duas histórias, que pode enfraquecer a sucessora. Ainda mais quando o sucesso anterior é praticamente uma unanimidade.

Com Salve Jorge (2012), Gloria Perez “penou” nas mãos dos saudosos de Avenida Brasil (2012), uma verdadeira febre. Atualmente, é Fuzuê quem vive à sombra de Vai na Fé. A novela de Rosane Svartman foi muito exitosa, e seus órfãos podem torcer o nariz para Fuzuê, até por conta dos estilos totalmente distintos das duas produções.

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Indiferença

Camila Queiroz e Mateus Solano
Camila Queiroz e Mateus Solano em Pega Pega (Reprodução / Globo)

Além disso, tão grave quanto derrubar a audiência do horário é não repercutir junto ao público. Cada vez mais, o engajamento provocado por uma novela é tão importante quanto o Ibope alcançado pela mesma. E, nem sempre, estas duas métricas andam lado a lado.

Basta lembrar de Pega Pega (2017), uma novela que registrou uma das melhores médias de audiência do horário nos últimos anos e, ainda assim, passou longe de repercutir positivamente junto ao público. Pior ainda aconteceu com Cara e Coragem (2022), que não alcançou nem audiência e nem repercussão. Passou totalmente em branco.

Ou seja, Fuzuê pode até conseguir reverter a tendência de queda e se firmar com números satisfatórios no horário. Mas, ainda assim, a comédia de Gustavo Reiz corre o risco de perder engajamento, já que, nas redes sociais, muita gente tem reclamado da novela e dizendo que já desistiu de acompanhá-la.

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Desafio

Jéssica Córes, Nicolas Prattes e Giovana Cordeiro
Jéssica Córes, Nicolas Prattes e Giovana Cordeiro em Fuzuê (Divulgação / Globo)

Seja qual for o caso de Fuzuê, fato é que a novela tem um enorme desafio pela frente, já que, aparentemente, a trama precisa lidar com a rejeição do público. Afinal, em seus primeiros capítulos, o folhetim registrou boa audiência e repercutiu positivamente nas redes.

Muita gente se mostrou empolgada com o início, já que Fuzuê se revelou uma novela das sete clássica, bem colorida, carregada nas tintas e com muito humor. Mas essa empolgação durou pouco: as críticas vieram fortes e a audiência caiu. Ou seja, quem curtiu os primeiros capítulos acabou se cansando e desistiu de seguir com a história.

Lidar com a rejeição inicial é bem mais difícil do que lidar com um fracasso que acontece logo de cara, já que é preciso convencer o público a dar uma nova chance ao enredo. Gustavo Reiz tem uma missão bastante espinhosa pela frente.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor