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Distorção: série sobre Silvio Santos tem muita ficção e pouca realidade

O Rei da TV - José Rubens Chachá

A família Abravanel não aprovou a série O Rei da TV, disponível na plataforma de streaming Star+. Daniela Beiruty, filha número 3 de Silvio Santos, protestou contra a representação de seu pai, protagonista da trama; as irmãs Silvia e Patricia Abravanel acompanharam a queixa.

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De acordo com os relatos das herdeiras do Baú, a série exagera na ficção, distorcendo fatos sobre a vida e a obra do animador. O resultado é questionável: O Rei da TV não serve como biografia, por modificar histórias que a família e os fãs de Silvio conhecem bem, e também não é atrativa enquanto ficção.

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Ficção x realidade

É fato que a produção estabelece novas narrativas em cima de fatos reais. Íris Abravanel, esposa de Silvio Santos, nunca travou embates com Gugu Liberato, conforme sugerido em um dos episódios.

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Íris também não assumiu o comando do SBT quando Silvio precisou se ausentar do canal por conta de um problema nas cordas vocais.

A relação mais próxima entre a personagem e tal citação do roteiro se deu quando ela passou a chefiar o setor de Dramaturgia da casa, dando início às novelas infanto-juvenis, com Carrossel (2012).

História mal contada

É evidente que a ficção precisa dar força à realidade. Outras produções biográficas também abusaram de tal liberdade. Contudo, quem acompanha a história de Silvio Santos – como a família e os admiradores –, ficou insatisfeito com tais criações…

O dono do SBT jamais perdeu a voz enquanto estava no ar, conforme indicado na série. O problema de saúde não obrigou a equipe do dominical de Silvio a interromper uma das transmissões e cobrir o horário com Pegadinhas. Aliás, o termo Pegadinhas nunca esteve associado ao “patrão”, que sempre usou a marca Câmeras Escondidas.

O tratamento feito por ele foi feito em Boston, Massachusetts, nos Estados Unidos, e não em Miami, como relatado em O Rei da TV. A cidade da Flórida costuma receber o apresentador apenas em suas férias.

Quem quiser que conte outra?

A virada de Silvio Santos quanto ao carnê do Baú da Felicidade, adquirido de Manuel de Nóbrega, também abre espaço para questionamentos. O Rei da TV indica que Silvio tomou a marca do amigo, quando, na verdade, foi Manuel quem lhe passou os registros e o incentivou a desenvolver o negócio.

A história, aliás, já foi relatada diversas vezes por Carlos Alberto de Nóbrega, filho de Manuel.

As imposições da ditadura militar, como o encurtamento do programa e a audiência de plateia, também foram obras da ficção.

A realidade de O Rei da TV se resume aos personagens: Silvio Santos, Íris Abravanel, Gugu Liberato… Daniela Beyruti prometeu criar uma série fidedigna à trajetória do pai. Resta saber, porém, se os fatos tal como aconteceram terão o mesmo impacto da dramaturgia desenvolvida sobre a biografia do “patrão”.

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