Diretor processou emissora após ser demitido por causa de estrela

21/01/2023 às 10h43

Por: André Santana
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Adriane Galisteu no Power Couple Brasil (Reprodução / Record)

O diretor Rogério Gallo respondia pela superintendência artística da RedeTV! quando a emissora entrou no ar, em novembro de 1999. Na mesma época, ele começou a namorar a apresentadora Adriane Galisteu, principal estrela da casa e responsável pelo Superpop, carro-chefe da programação da emissora.

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Reprodução / Record

No entanto, Gallo ficou pouco tempo na função. Em 2000, o diretor foi demitido da RedeTV!, acusado de traição. Isso aconteceu depois que Galisteu deixou a emissora e se mudou para a Record. O canal entendeu que Gallo, por ser namorado da apresentadora, sabia das negociações e não avisou a direção. Mas o diretor não engoliu as acusações e processou a RedeTV!.

Transferência

Otaviano Costa

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Após passar pela CNT e MTV, Adriane Galisteu ganhava sua grande chance na TV ao ser contratada pela RedeTV! para assumir o comando do Superpop. A atração, que mesclava musicais, entrevistas e reportagens foi criada para bater de frente com o O+, de Otaviano Costa (foto acima), na Band, buscando atrair o público jovem adulto.

Inicialmente exibido na faixa das 20h, o Superpop logo migrou para às 22h, indo ao ar ao vivo. Em pouco tempo, o programa passou a atingir bons índices de audiência para os padrões da RedeTV!, o que despertou o interesse da Record. A emissora de Edir Macedo, então, tirou Adriane do canal e lhe entregou o comando do É Show, nos mesmos moldes do Superpop.

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A transferência de emissora não foi bem-recebida por Amílcare Dallevo e Marcelo de Carvalho. Os acionistas da RedeTV!, então, demitiram Rogério Gallo, namorado de Adriane Galisteu, acusando-o de ocultar as negociações. Mas Gallo não aceitou os argumentos e partiu para o ataque.

Guerra

Adriane Galisteu e Rogério Gallo

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Em 28 de outubro de 2000, Rogério Gallo deu uma entrevista à coluna de Monica Bergamo, da Folha de S. Paulo, na qual detonava a RedeTV!. O diretor contou que a operação da emissora era precária.

“A emissora não tinha espaço físico nem equipamento próprio. Era tudo alugado. A gente tentou passar pelas dificuldades, mas o caos foi tomando conta. Chegamos ao desespero. As pessoas não recebiam salários e a gente vivia situações dramáticas”, contou.

Gallo revelou também que as produções enfrentavam problemas com os fornecedores, já que eles não recebiam e, assim, inviabilizavam as gravações.

“Teve um dia em que estávamos gravando o Superpop com a Adriane [Galisteu], com uma plateia de 300 pessoas, e o Barão Vermelho pronto para tocar. Ao vivo. Os donos do videowall simplesmente falaram que não iam ligar o equipamento se não recebessem um pagamento atrasado. Às vezes trabalhávamos a 45C no estúdio, porque o fornecedor levava o ar-condicionado embora. A Fernanda Lima, apresentadora do Interligado, chegou a ter quase um desmaio. A Adriane pingava”, expôs.

Desculpa

O Céu é o Limite - Marcelo de Carvalho

Reprodução / RedeTV!

Perguntado sobre a transferência de Adriane Galisteu, Gallo foi categórico:

“Eu sabia de tudo e fui o primeiro a avisá-los [os donos da RedeTV!]. Tenho testemunhas disso. Os bispos da Record são testemunhas”, afirmou.

Para o diretor, a acusação de “traição” era uma desculpa para mandá-lo embora, já que a RedeTV! queria abandonar o plano de investir numa programação de qualidade e descer o nível.

“Há uma pressão, principalmente do acionista minoritário, o Marcelo (foto acima), para que a programação caia para o popularesco. E eu fui demitido a pretexto de uma questão pessoal, mas, na verdade, eles me tiraram porque eu era um empecilho. Eu não permitia a traição ao projeto original”, disse.

Processo

Rogério Gallo

Rogério Gallo entrou com uma ação contra a RedeTV! por danos morais, além de reconhecimento de vínculo empregatício, já que a emissora alegava que Gallo não era seu funcionário, pois foi contratado como PJ. O diretor venceu a emissora em primeira instância, de acordo com o site ConJur, em matéria publicada em dezembro de 2001.

De acordo com a matéria, a juíza Ana Cristina Lobo Petinati, da 2ª Junta de Conciliação e Julgamento de Barueri (SP), mandou a emissora pagar aproximadamente R$ 5 milhões para Gallo. O valor inclui R$ 2 milhões de danos morais, multa pela rescisão antecipada de seu contrato de trabalho e todos os demais títulos decorrentes como férias simples e vencidas, 13º salários, entre outros pedidos.

Mas a emissora recorreu ao TRT paulista, segundo matéria do ConJur de agosto de 2006. Os juízes mantiveram o entendimento sobre o vínculo empregatício, mas excluíram a condenação quanto aos danos morais. As partes recorreram ao TST, mas o relator, ministro Milton de Moura França, rejeitou os recursos e manteve a decisão do TRT paulista.

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