Apelido jocoso e sem estúdio: o difícil começo de patinho feio da Globo

Globo Rural

Tradicional programa das manhãs de domingo da Globo, o Globo Rural completa 42 anos em 2022 com bons resultados no Ibope. A atração, comandada por Nelson Araújo e Helen Martins, tem um público fiel e conquista audiência maior que muitos programas de horários mais nobres de outros canais.

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No entanto, os primeiros meses do jornalístico, em 1980, foram muito complicados – por muitos anos, o programa foi considerado o “patinho feio” do departamento de jornalismo da Globo.

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Na época, ninguém acreditava no sucesso do telejornal rural criado por Luiz Fernando Mercadante, então diretor da Central Globo de Jornalismo em São Paulo, a partir de atração homônima transmitida pela Rádio Globo paulista desde os anos 1970.

O novo programa era conhecido internamente, de forma pejorativa, como Mandioca News.

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Sem estúdio

O Globo Rural estreou no dia 6 de janeiro de 1980, com a missão de informar e prestar serviços para o homem do campo. O escolhido para a apresentação foi o então repórter Carlos Nascimento, oriundo de Dois Córregos, interior de São Paulo.

O editor-chefe era Humberto Pereira e Silvia Poppovic era a editora da seção de cartas. O premiado repórter José Hamilton Ribeiro, recentemente demitido pela Globo, passou a integrar a equipe do programa em 1983.

O jornalístico não tinha nem estúdio próprio para as gravações. Como não havia horário disponível na emissora em São Paulo durante o dia, o jeito era gravar nas madrugadas de sexta para sábado.

A edição era fechada por volta das 21 horas e a equipe ficava aguardando em um restaurante ao lado da sede. Por volta da uma da manhã, eram chamados pelos técnicos, permanecendo no local geralmente até altas horas da madrugada.

Receptividade do público

Em sua coluna no jornal O Globo de 8 de janeiro de 1980, Artur da Távola classificou a estreia como “um passo novo da televisão”.

“Era oportuno. Enfim, o campo e não só a cidade na TV. A iniciativa é mais importante e bem melhor do que foi o programa de estreia, que se ressentiu da falta de hábito e da dificuldade de criação de uma linguagem especial”, destacou.

O crítico também ponderou que o programa não se deu conta que era nacional, devendo ser “menos paulista” e definir melhor o público-alvo.

“Nada disso, porém, deslustra a iniciativa. Todo e qualquer esforço na direção de tornar o Brasil um país realmente agrícola e pecuário só pode merecer aplausos. Como as plantas, qualquer programa precisa começar pequeno. Depois cresce”, completou.

Dito e feito. Inicialmente com trinta minutos, o Globo Rural conquistou excelente receptividade junto ao público, passando a ter 60 minutos a partir de 3 de agosto de 1980 – duração que tem até hoje.

Edição diária

Semanalmente, a redação recebia centenas – ou até milhares – de cartas, com dúvidas sobre sementes, vacinas, hortas, receitas, entre outros temas do gênero. Para se ter uma ideia da repercussão, em dezembro do mesmo ano, foi eleito pela revista Veja como o melhor do ano no gênero jornalístico.

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Ao longo dos anos, diversos apresentadores passaram pelo comando do programa, incluindo William Bonner, em 1988.

Em 9 de outubro de 2000, o Globo Rural ganhou uma edição diária, com 15 minutos de duração.

Essa atração seguiu até 28 de novembro de 2014, sendo substituída pelo telejornal Hora Um da Notícia.

No entanto, a versão dominical segue firme e forte, com seu público fiel e atenta às novidades do agronegócio nacional.

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