Diferente do livro: o triste fim de Éramos Seis não mostrado na televisão
02/10/2021 às 14h34
Você sabia que as versões de Éramos Seis produzidas pelo SBT, em 1994, e pela Globo, entre 2019 e 2020, não foram totalmente fieis ao livro de Maria José Dupré (1898-1984), especialmente no final, quando foram realizadas diversas mudanças. Personagens escaparam da morte, Lola teve seu desfecho amenizado e Clotilde e Almeida puderam ser felizes para sempre.
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Em 1994, comovido com a história de Lola, que terminava sozinha e completamente abandonada em um asilo, o público fez um abaixo-assinado solicitando a um dos autores da trama, Rubens Ewald Filho (1945-2019), pedindo um final mais leve para a mãe-heroína da trama.
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Em entrevista ao jornal O Globo de 30 de outubro daquele ano, no entanto, o autor disse que não mudaria radicalmente esse desfecho. “Demos uma atenuada, para que o final não fosse baixo-astral como o do livro. Dona Lola vai para um asilo de freiras, onde cuidará das crianças da creche”, explicou.
“Lola tem uma visão do marido morto, Júlio (Othon Bastos). Em 1942, velhinha e de cabelos brancos, Lola reclama que ele a abandonou. Júlio responde que, mesmo morto, estava ao lado dela o tempo todo”, destacou a Folha de S.Paulo de 13 de julho de 1994.
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Já na versão da Globo, o final foi feliz: Lola (Glória Pires) chega a ir para o asilo, mas é resgatada por Afonso (Cássio Gabus Mendes), com quem termina seus dias. O personagem masculino, no entanto, sequer existia no livro.
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Mais mudanças
Outra mudança aconteceu no caso do casal Clotilde e Almeida. Após muito sofrimento, ao contrário do que acontece na obra, eles terminaram juntos. “Já que Lola termina tão mal, pelo menos Clotilde encontrará a felicidade”, explicou Ewald à Folha de S.Paulo de 4 de setembro de 1994.
Em entrevista ao jornal O Dia de 13 de novembro de 1994, o autor falou um pouco mais sobre essa novidade, incluindo o perdão de Lola à irmã. “O público sofreu demais durante esses cinco meses e merecia ser premiado com um desfecho positivo. As mães se identificam com Lola. Ela não poderia se agarrar a preconceitos antigos. Quero mostrar que as pessoas evoluem”, esclareceu.
Outras modificações também foram feitas nas duas versões. Na mesma matéria do jornal O Dia, Ewald explicou algumas delas. “No romance, há uma carnificina. Alonso [atual Afonso], Higino, Candoca e Emília morreram na última passagem de tempo. E essas mortes não têm função dramática. Resolvi deixá-los vivos”, contou.
“Emília sofre derrame e termina seus dias em uma cadeira de rodas. Justina se cura e vira artista e escritora. Adelaide torna-se nobre ao se casar com um conde italiano”, continuou a reportagem, que também destacou o final feliz para o casal Olga e Zeca junto com seus seis filhos.
A versão de Éramos Seis do SBT foi exibida entre 9 de maio e 5 de dezembro de 1994, obtendo médias de 15 pontos de audiência, índice considerado satisfatório por Silvio Santos, de acordo com a mídia da época.
Já a versão da Globo, no ar entre 30 de setembro de 2019 e 28 de março de 2020, teve seu desfecho em meio à explosão da pandemia de Covid-19, sendo a última novela inédita a ser finalizada pela emissora antes da exibição de reprises.