Na tentativa de aumentar a audiência e a repercussão de Renascer, a Globo está reeditando os capítulos e incluindo mais ritmo à narrativa lenta criada por Benedito Ruy Barbosa e mantida por Bruno Luperi na adaptação.

Bruno Gagliasso em Paraíso Tropical
Bruno Gagliasso em Paraíso Tropical

Curiosamente, foi assim que o canal “salvou” Paraíso Tropical (2007), atualmente em reprise no Vale a Pena Ver de Novo. A novela de Gilberto Braga e Ricardo Linhares derrubou o horário nobre da Globo há 17 anos, mas deu a volta por cima ao agilizar a narrativa.

Será que o mesmo vai acontecer com Renascer?

Novela lenta

Há algumas semanas, a Globo está reeditando os capítulos de Renascer. Várias situações impactantes estão sendo antecipadas, numa tentativa da emissora de dar mais ritmo à trama. A ideia é elevar a audiência e, principalmente, a repercussão da novela.

A atitude vai na contramão do estilo consagrado de Benedito Ruy Barbosa. As novelas do veterano são caracterizadas pelo ritmo mais lento e contemplativo. Além disso, o novelista costuma esgotar suas histórias rapidamente, criando imensas “barrigas” – aquele momento em que nada de importante acontece na trama.

Neto de Benedito Ruy Barbosa, Bruno Luperi segue à risca o estilo do avô. Tanto que, no remake de Pantanal (2022), o autor manteve a fase mais “parada” da trama, que havia gerado críticas em 1990. Em 2022, esta parte em que nada acontece até fez a audiência oscilar.

Mesmo problema de Paraíso Tropical

Alessandra Negrini em Paraíso Tropical
Alessandra Negrini em Paraíso Tropical

Em 2007, Paraíso Tropical interrompeu a curva ascendente de audiência do horário nobre da Globo. A novela de Gilberto Braga e Ricardo Linhares derrubou os bons índices alcançados por suas antecessoras, o que acendeu o sinal de alerta na emissora.

Porém, não demorou para os novelistas conseguirem reverter a situação. Aos poucos, Paraíso Tropical foi conquistando o público e a audiência reagiu. Na reta final, a novela atingia excelentes índices e foi considerada um grande sucesso.

Em agosto de 2007, uma matéria da revista Veja revelava que Paraíso Tropical havia conquistado o público em razão da velocidade de sua narrativa. Os espectadores aprovavam o fato de a trama estar sempre em constante movimento.

Ritmo intenso

De acordo com a revista Veja, a Globo promoveu uma pesquisa junto ao público para avaliar o motivo de Paraíso Tropical ter reagido no Ibope. E a pesquisa apontou que os espectadores gostavam da intensidade da narrativa da novela.

“Todos os dias acontece algum fato novo” ou “É uma novela que não tem enrolação” foram frases muito repetidas na pesquisa, de acordo com a publicação.

Ainda segundo a Veja, foi Mario Lucio Vaz, então diretor artístico da Globo, quem solicitou aos autores que acelerassem a história de Paraíso Tropical. A manobra se mostrou bem-sucedida e o ritmo intenso se manteve ao longo de toda a trama.

Tanto que boa parte das armações dos vilões Olavo (Wagner Moura) e Taís (Alessandra Negrini) não duravam mais que três capítulos. Até mesmo a troca das gêmeas, ponto alto da história, não teve enrolação e durou menos de três semanas.

Na época, Ricardo Linhares revelou que havia adotado um método, apostando sempre em três situações em destaque na novela, enquanto outras duas eram aquecidas para revezar com elas. Deu certo!

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor