Dyego Terra

Antes conhecido pelas excessivas mudanças na programação, o SBT da novela Marisol (2002, foto abaixo) hoje vive no marasmo… A prova disso é o cambaleante Fofocalizando que, quanto mais mexem, menos audiência dá. O canal, ao contrário de outrora, não toma uma decisão definitiva sobre.

Marisol - Bárbara Paz e Carlos Casagrande
Francisco Inácio / SBT

Apesar das trocas de horários, diretores e elenco – várias vezes –, o programa não consegue subir um décimo.

A atração é privilegiada: entra no ar no momento em que a Globo troca a reprise da novela Chocolate com Pimenta (2003) pelos filmes da Sessão da Tarde. O público que sai da emissora líder, porém, corre para a Record, que nada de braçada na vice-liderança com Os Dez Mandamentos (2015).

O SBT também erra ao concentrar os folhetins mexicanos, exibidos no bloco Novelas da Tarde, em confronto direto com o Vale a Pena Ver de Novo – ao invés de programá-los mais cedo e tentar estabelecer concorrência com as tramas da Record.

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Erro atrás de erro

Fofocalizando - Chris Flores
Divulgação / SBT

A prova de que o público vespertino quer novelas são os bons números de Chocolate com Pimenta, Os Dez Mandamentos e Mulheres Apaixonadas (2003), além de Marisol (2002), reapresentada pela rede de Silvio Santos.

Ao dobrar os números da faixa entre 14h e 15h, o título estrelado por Bárbara Paz e Carlos Casagrande mostrou que há interesse, inclusive da “audiência SBTista”, em prestigiar produções do gênero no horário.

Faixa cancelada

Rebelde - Dulce Maria
Divulgação / Televisa

A emissora, no entanto, vai colocar tudo a perder mais uma vez. A partir da próxima segunda-feira (12), com a volta de Rebelde (2004), a direção abre mão do público adulto de tramas nacionais.

Após os resgates de Esmeralda (2004), Maria Esperança (2007), Cristal (2006), Pequena Travessa (2002) e Pícara Sonhadora (2001), o canal encerra os repetecos dos remakes nacionais no início da tarde, o que certamente deve fortalecer as emissoras concorrentes.

Opções para a continuidade das reprises não faltam: Fascinação (1998) e Canavial de Paixões (2003) são sempre lembradas nas redes sociais; ainda, Pérola Negra (1998), Amigas e Rivais (2007), Uma Rosa com Amor (2010) e a nunca reprisada Corações Feridos (2012).

Aposta furada

Fofocalizando - Chris Flores, Flor Fernandez, Gabriel Cartolano, Gaby Cabrini, Isabelle Benito, Kallyna Sabino e Leo Dias
Divulgação / SBT

Enquanto investe em produções infanto-juvenis, como Chiquititas (2013) e Rebelde, e despreza obras adultas, o SBT insiste nas duas horas de duração do Fofocalizando, ainda que, praticamente, sem conteúdo. O tempo poderia ser otimizado para manter tramas como Marisol no ar, ou adiantar os títulos mexicanos e ampliar a média das tardes.

Porém, ninguém na direção do canal tem coragem de mexer nos projetos de Silvio Santos, ainda que o executivo esteja afastado de suas funções e que o programa conduzido por Chris Flores padeça com 2 pontos ou menos, competindo apenas com emissoras menores.

Uma hora seria suficiente para que o Fofocalizando cumprisse seus objetivos – atualmente, repercutir publicações de artistas no Instagram que todo mundo já viu e influencers desconhecidos do público da TV aberta.

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Dyego Terra

Dyego Terra é jornalista e professor de espanhol. É apaixonado por TV desde que se entende por gente e até hoje consome várias horas dos mais variados conteúdos da telinha. Já escreveu para diversos sites especializados em televisão. Desde 2005 acompanha os números de audiência e os analisa. É noveleiro, não perde um drama latino, principalmente mexicano, e está sempre ligado na TV latinoamericana e em suas novidades. Análises e críticas são seus pontos fortes. Leia todos os textos do autor