André Santana

Um ano depois da grande transformação que a Globo promoveu em seu final de semana, ao lançar os novos Caldeirão com Mion e Domingão com Huck, pode-se dizer que a emissora acertou na reforma. Com Marcos Mion aos sábados e Luciano Huck aos domingos, o canal deu um chacoalhão necessário na sua linha de shows, após a traumática saída de Fausto Silva.

Faustão

A contratação de Marcos Mion foi uma das grandes novidades da temporada. A Globo vinha numa fase de soluções caseiras para seus programas e, com isso, vinha formando apresentadores pouco expressivos. Ao ir ao mercado e trazer Mion para seus domínios, a Globo finalmente ganhou uma cara nova. A alegria de Mion ao ser contratado se converteu numa injeção de ânimo ao próprio canal.

À frente do Caldeirão, Marcos Mion trouxe alguns quadros besteiróis que emplacou em seu Legendários, na Record, resgatando o espírito do programa de auditório raiz, que vinha fazendo falta na TV aberta. Os quadros importados de regras “quadradas” vinham transformando os auditórios em revistas de variedades. O Caldeirão reverteu isso.

Marcos Mion

Um ano depois, o Caldeirão com Mion se mantém em alta junto ao público. O programa só peca ao demonstrar dificuldades em trazer novos quadros: após o lançamento dos bons Caldeirola e Toque de Caixa, a atração promoverá um retorno precoce do Sobe o Som. Por que não mais um quadro inédito? Mas, ainda assim, a alegria que Mion trouxe para os sábados da Globo foi um feito e tanto.

Sem chororô

Domingão com Huck

A chegada de Marcos Mion nos sábados da Globo deu ao Caldeirão a alegria que estava faltando. Isso porque, na gestão Luciano Huck, os quadros com “histórias inspiradoras e emocionantes” ocupavam muito espaço, o que deixava a atração um tanto melancólica.

Ao se transferir para os domingos, Luciano tentou levar a mesma proposta ao Domingão com Huck, o que se revelou um erro. Com uma plateia maior, mais heterogênea e mais barulhenta, o apresentador acabou se tornando alvo de severas críticas, o que deixou sua missão de renovar os domingos da Globo muito mais complexa.

Para piorar, Luciano Huck teve a ingrata missão de estrear às pressas, em razão da saída intempestiva de Fausto Silva da Globo. Com isso, o Domingão com Huck estreou como um estranho híbrido entre o Caldeirão do Huck e Domingão do Faustão, o que o deixou sem identidade.

Transformação

Caldeirão com Mion

Assim, o Domingão com Huck foi se formatando no ar. Aos poucos, Luciano e sua equipe foram compreendendo melhor quem era seu público e trouxe novidades mais atrativas. Recentemente, a atração encontrou a fórmula ideal, com quadros que conversam entre si e imprimem uma energia meio caótica no palco.

Com muitos convidados e momentos de pura farofada, Domingão com Huck seguiu o mesmo caminho do Caldeirão com Mion e se assumiu como um programa de auditório, sem medo de parecer cafona. Huck conseguiu bons quadros e reuniu um elenco que funciona junto.

Assim, Marcos Mion conseguiu se tornar a cara do sábado da Globo. E Luciano Huck, com muito custo, conseguiu se livrar da sombra de Faustão. Um ano depois, o fim de semana da Globo entrou nos trilhos.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor