A sexta temporada do The Voice Brasil estreou no final de setembro. O reality musical já virou um sucesso consagrado da Globo, firmando sua presença na grade sempre a partir do segundo semestre. A emissora trouxe o formato original holandês para o país em 2012 e, desde então, a audiência realmente costuma corresponder. Entretanto, é inegável o claro sinal de desgaste da atração, principalmente na atual temporada, que é a pior de todas até agora, lamentavelmente.
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Na tentativa de sair da mesmice (e também porque o formato original impõe mudança pelo menos a cada dois anos nos técnicos), Boninho transferiu Cláudia Leitte para o The Voice Kids e trouxe Ivete Sangalo da versão infantil para substituí-la. Michel Teló, Lulu Santos e Carlinhos Brown seguiram no programa. A troca não surtiu efeito algum e ainda acabou prejudicando o Kids, pois Ivete era um dos grandes atrativos, sempre protagonizando momentos deliciosos com as crianças.
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Na versão adulta, Ivete se mostrou mais técnica e fez observações pertinentes. No entanto, a mudança deveria ter sido total ou então de pelo menos três. Mas não trazendo técnico da versão infantil e, sim, convidando novos cantores. É necessária uma reformulação de verdade. Afinal, já são seis temporadas. Lulu e Carlinhos, por exemplo, nem têm mais o que dizer sobre as apresentações. Todos os comentários parecem repetitivos.
Com tantos bons nomes no mercado, qual o motivo de tamanha resistência? No primeiro semestre, por exemplo, a Globo testou vários no Popstar e deu certo. Ana Carolina, Pitty, Elba Ramalho, Paula Toller, Samuel Rosa, entre tantos outros, destacaram-se no agradável formato do primeiro semestre.
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Para culminar, a seleção do The Voice desse ano foi muito fraca. Poucos cantores realmente se destacaram e a maioria representava o mais do mesmo, muitas vezes com características iguais e vozes comuns. Tanto que foi difícil decorar os nomes de todos os aprovados. Após a fase das audições às cegas, ficou difícil recordar quem tinha passado e quem tinha chance de vencer.
Ao longo das semanas, os nomes iam sendo esquecidos. Isso com o programa no ar, o que era raro nas primeiras temporadas. Mariana Coelho, por exemplo, foi uma das poucas que se sobressaíram, expondo sua potência vocal e seu domínio de palco, sempre apostando no pop/rock. Coincidência ou não, ela foi um dos nomes do The Voice Kids quando tinha menos de 17 anos. A versão para crianças já superou a adulta desde que estreou, em 2016.
Outro erro grave da atual temporada foi a aniquilação das batalhas. A fase mais atrativa do formato durou apenas um episódio. Sem qualquer explicação plausível, agilizaram a disputa entre os candidatos de cada time, deixando o programa ainda mais fraco. O enfrentamento vocal é sempre o mais interessante e quando os cantores mais se entregam no palco, empolgando o público. Sam Alves, vale lembrar, só ganhou o reality por causa da sua arrebatadora disputa com Marcela Bueno, cantando A Thousand Years, em 2013. Ou seja, é uma parte importante da atração. Mas foi praticamente ignorada esse ano. É importante ressaltar, ainda, que a presença de Mariana Rios (ou qualquer repórter escolhido para abraçar os familiares dos cantores ou os próprios participantes) segue inútil.
O The Voice Brasil segue como um ótimo formato e a audiência não tem deixado a desejar. Porém, é notório o evidente desgaste do programa e a sexta temporada será facilmente esquecida. Há uma decadência da atração. A primeira e a segunda temporada foram ótimas, enquanto a terceira apresentou um certo cansaço. Já a quarta e a quinta se mostraram bem equivocadas. A atual, infelizmente, conseguiu ser ainda pior. É de se lamentar apenas que nem há esperança de uma reformulação em 2018 porque Boninho deixa bem explícito que não pretende mexer em quase nada. Pena.
SÉRGIO SANTOS é apaixonado por televisão e está sempre de olho nos detalhes, como pode ser visto em seu blog. Contatos podem ser feitos pelo Twitter ou pelo Facebook. Ocupa este espaço às terças e quintas