Desempregado, jornalista era o favorito para assumir vaga de Bonner
20/04/2023 às 12h43
Se tem um jornalista que noticiou fatos históricos do Brasil e do mundo foi Carlos Nascimento, que teve uma passagem brilhante pela tela da Globo.
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Por conta de sua experiência – seja nas ruas ou na bancada de telejornais –, ele estava próximo de ser o âncora do principal jornal do país. Mas a história tomou um rumo diferente…
Testemunha ocular
Nascimento esteve presente nas coberturas das Diretas, Já! (1984), da morte de Tancredo Neves (1985), do impeachment de Fernando Collor (1992), da morte de Ayrton Senna (1994) e da Copa do Mundo de 1994. Só esse currículo já colocava o profissional como o substituto direto de Cid Moreira no Jornal Nacional. E quem confirmava isso era o então diretor de jornalismo, Alberico Souza Cruz.
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“Nascimento é considerado pelo diretor o profissional com o perfil mais adequado ao formato que pretende implantar a médio prazo no ‘Jornal Nacional’ e que tem como ponto nevrálgico a substituição dos apresentadores tradicionais por âncoras com disposição para a reportagem de rua”, escreveu o jornalista Marcelo Migliaccio no jornal Folha de S. Paulo, em 1992.
O nome certo para as mudanças
Quando havia um fato especial, Carlos Nascimento se tornava co-apresentador do JN, apresentando o telejornal direto do local do ocorrido. Essa característica era importante para as mudanças que o jornalismo global iria sofrer.
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“O perfil de Carlos Nascimento se encaixa perfeitamente nesse modelo. Seria uma bela solução a médio prazo para implantação do mesmo. […] Ele tem boa voz, bom ritmo de TV e é bem informado. A tendência do telejornal é tirar o apresentador da caverna do estúdio e levá-lo para a rua”, destacou o diretor de jornalismo.
Nada de convite
Na época, Nascimento negava qualquer tipo de conversa ou acordo para assumir a bancada do Jornal Nacional. Ele afirmava que sua participação era esporádica.
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“Ainda não houve qualquer conversa comigo nesse sentido, mas pode ser uma estratégia da emissora. Quando renovei meu contrato, o Alberico disse que queria mais coberturas externas e ancoragem na rua. Eu só viria para o Rio se tivesse uma proposta. Por enquanto, estou cobrindo as férias do Sérgio [Chapelin]”, despistou o jornalista.
Carlos Nascimento, porém, já tinha mostrado que queria ser apresentador: quando saiu da Globo no final dos anos 1980 e virou âncora dos noticiários da Cultura e da Record. Ele retornaria à emissora em 1990, sendo responsável pela modificação do jornalismo de São Paulo, que ganhava mais autonomia e tempo na TV.
Mudanças
Divulgação / GloboEm 1996, Alberico Souza Cruz saiu do comando do jornalismo, que ficou com Evandro Carlos de Andrade. As mudanças no Jornal Nacional chegaram em abril daquele ano, mas Nascimento ficou de fora: William Bonner e Lillian Witte Fibe assumiram a bancada no lugar de Cid Moreira e Sérgio Chapelin.
Dois anos depois, Lillian deixou o JN e voltou ao Jornal da Globo. Nesta época, surgiram especulações sobre a efetivação de Nascimento, mas a emissora optou por outra mulher no comando; Fátima Bernardes foi a escolhida. O jornalista ficou à frente do Jornal Hoje em 1999.
“No dia que a televisão me quiser de volta, eu volto”
Em 2004, Carlos Nascimento aceitou o desafio de reformular o Jornal da Band ao lado de Joelmir Beting. Anos depois, ele deixou a emissora do Morumbi e assinou com o SBT, ficando até 2020, quando saiu de comum acordo.
Nascimento nutre uma gratidão por Silvio Santos e pelo SBT: em 2013, ele foi diagnosticado com câncer no intestino e teve total apoio da emissora, ficando afastado e com contrato renovado. Em 2022, ele foi chamado para mediar os debates dos candidatos à Presidência da República, no pool entre SBT e CNN Brasil.
Em entrevista ao programa Balanço Geral, realizada em fevereiro de 2022, Carlos Nascimento mostrou que não se aposentou e que tem vontade de voltar a trabalhar na TV.
“Não fui eu que deixei a televisão. Foi a televisão que me deixou. Não fui eu que abandonei. No dia que a televisão me quiser de volta, eu volto, sem problema nenhum”, garantiu.