O SBT apontou no que viu e acertou no que não viu. Enquanto A Infância de Romeu e Julieta, sua grande aposta em 2023, vem patinando na audiência, a reprise de Rebelde (2004) está surpreendendo até os mais incrédulos.

Rebelde - Anahí, Angelique Boyer e Estefanía Villarreal
Angelique Boyer, Estefanía Villarreal e Anahí em Rebelde (Divulgação / Televisa)

A trama mexicana adolescente tem feito bonito nas tardes do canal e já se firma como a atração mais vista da emissora. Mas será que o repeteco terá fôlego para segurar o rojão?

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Surpresa

Rebelde - Dulce Maria
Dulce María como Roberta em Rebelde (Divulgação / Televisa)

O anúncio de que o SBT lançaria uma nova reprise de Rebelde na faixa das 14h15 gerou desconfiança. O horário parecia inadequado para conquistar os fãs originais da trama, que hoje são adultos na faixa dos 30 anos. Além disso, a própria emissora não parecia lá muito confiante, chegando a admitir que a audiência de Rebelde não era importante, e sim a força de seu licenciamento.

Neste contexto, os resultados dos primeiros capítulos surpreenderam até o mais incrédulo diretor do canal. Para se ter uma ideia, Rebelde foi o programa mais visto do SBT no dia 13 de junho.

Com 4,8 pontos no Kantar Ibope Media, a trama teve mais público que Sortilégio (2009), com 4,7, e o Programa do Ratinho, também com 4,7.

Enquanto isso, A Infância de Romeu e Julieta segue decepcionando a direção da emissora. A novela de Íris Abravanel obteve tímidos 4,3 pontos no mesmo dia e já gera uma enorme dor de cabeça à cúpula do SBT.

Tarde teen

Chiquititas - Giovanna Grigio
Giovanna Grigio como Mili em Chiquititas (Divulgação / SBT)

A princípio, acreditava-se que a reprise de Rebelde não se destacaria na grade vespertina do SBT. Afinal, a emissora tem exibido reprises de novelas no horário já há algum tempo, todas com resultados medianos. Além disso, os fãs originais da produção são adultos, que, provavelmente, estão trabalhando no horário da novela.

Por outro lado, Rebelde pode ter se beneficiado com a mudança do público-alvo da faixa. Isso porque o SBT deixou de apostar nas reapresentações de novelas adultas, como Marisol (2002) e Pequena Travessa (2002), para reexibir histórias de apelo infantojuvenil. E isso se mostrou um acerto.

A terceira reprise de Chiquititas (2013), por exemplo, tem obtido números acima dos 4 pontos no Ibope, um resultado considerável para os padrões atuais do SBT. Com a reapresentação de Rebelde “colada” à trama infantil, a emissora construiu uma verdadeira “tarde teen”, conseguindo fisgar um público jovem que andava sem opção no horário.

Em suma: quem foi jovem em 2005, quando Rebelde estreou no Brasil, não deve estar revendo a trama. Por outro lado, o folhetim pode ter conquistado um novo público, o que explicaria seu bom desempenho.

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Fôlego?

Rebelde - Alfonso Herrera, Anahí, Christopher von Uckermann e Dulce María
Dulce María, Christopher von Uckermann, Anahí e Alfonso Herrera, protagonistas de Rebelde (Divulgação / Televisa)

Como Rebelde está apenas começando, é bem possível que a trama mexicana continue conquistando público e amplie ainda mais a audiência das tardes do SBT. Assim, a novela se firma como o principal acerto da emissora na programação em 2023.

Este êxito pode se manter ao longo de toda a exibição. Afinal, foi isso que aconteceu entre agosto de 2005 e dezembro de 2006, quando Rebelde foi exibida pela primeira vez no Brasil. Mesmo sendo uma novela longa, a trama conseguiu segurar a atenção do público do início ao fim.

Só pesa contra essa atual reprise a eterna instabilidade do SBT. Vale lembrar que, no ano passado, o canal simplesmente “pulou” capítulos das reprises de Carrossel (2012) e Esmeralda (2004), encerrando as reprises sem qualquer motivo.

Se Rebelde tiver mais sorte, pode render mais frutos ao SBT.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor