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Anunciada como a grande vilã de Terra e Paixão, Irene vinha decepcionando o público. A personagem de Gloria Pires já se mostrou pouco confiável desde o início da história, mas, ao agir sorrateiramente, Irene ainda não havia tido grandes momentos na trama de Walcyr Carrasco.
Mas isso mudou. Após a morte de Daniel (Johnny Massaro), a personagem finalmente mostrou as garras e já começa a roubar a novela para ela. Ponto para Gloria Pires, que pode finalmente tirar Terra e Paixão do buraco e, de quebra, emplacar uma personagem marcante, algo que a atriz não fazia há tempos.
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Megera indomada
Obcecada pela sucessão dos negócios de Antônio, Irene agia na surdina nos primeiros capítulos de Terra e Paixão. Para emplacar Daniel como sucessor, a dondoca fazia uma maledicência aqui, uma armação ali, mas sempre mantendo a pose de grande dama e compreensível.
No entanto, com a morte de seu filho favorito, Irene finalmente deixou vir à tona sua verdadeira face. Furiosa por ter perdido Daniel, a vilã deixou a sutileza de lado e partiu para cima de Caio (Cauã Reymond) e Aline (Barbara Reis), a quem considera responsáveis pela tragédia que se abateu sobre sua família.
Nos mais recentes capítulos da novela das nove da Globo, Irene surgiu completamente ensandecida, colocando a mão na massa para botar fogo na plantação de Aline. Em meio às chamas, ela mostrou que não está mais para brincadeira. A sequência foi ovacionada pelo público nas redes sociais.
A força de uma vilã
Uma boa vilã é meio caminho andado para que uma novela alcance o sucesso. O público adora megeras, ainda mais quando elas são um tanto enlouquecidas e bem-humoradas. O êxito de figuras como Laura (Claudia Abreu), de Celebridade (2003); Nazaré (Renata Sorrah), de Senhora do Destinho (2004); e Carminha (Adriana Esteves), de Avenida Brasil (2012), provam isso.
O próprio Walcyr Carrasco já criou vilãs antológicas, como a Violante (Drica Moraes), de Xica da Silva (1996); Cristina (Flavia Alessandra), de Alma Gêmea (2005); ou Aline (Vanessa Giácomo), de Amor à Vida (2013); entre várias outras.
Assim, esperava-se muito que Irene cumprisse essa função em Terra e Paixão. Não apenas porque um folhetim rasgado pede uma vilã de alto nível, mas também pela escalação de Gloria Pires, uma atriz de reconhecidos recursos. Demorou, mas finalmente Irene parece ascender para ocupar este espaço, tornando-se o grande trunfo da novela.
Salve Gloria Pires
Se mantiver o fôlego até o fim, Irene tem tudo para se tornar mais uma dentre as várias personagens marcantes da carreira de Gloria Pires. Afinal, a veterana é dona de uma galeria extensa de sucessos, como Dancin’ Days (1978), Vale Tudo (1988), Mulheres de Areia (1993, acima) e Anjo Mau (1997).
Mas, aos poucos, os bons personagens começaram a ficar mais raros. Gloria até fez tipos simpáticos que chamaram a atenção, como a Julia de Belíssima (2005), a Lúcia de Paraíso Tropical (2007), ou a dona Lola de Éramos Seis (2019). Mas também encarou “bombas”, como a Rafaela de O Rei do Gado (1996), a Lavínia de Suave Veneno (1999) e a Julia de Desejos de Mulher (2002).
Norma, de Insensato Coração (2011), foi a personagem mais interessante que Gloria encarnou nos últimos anos, mas a novela demorou a engrenar e, por isso, o tipo acabou esquecido pelo público. Houve ainda Beatriz, a terrível vilã de Babilônia (2015), uma boa megera, mas que foi soterrada pelos inúmeros problemas da produção.
Gloria quase teve uma boa oportunidade ao ser confirmada como Zoé, de Todas as Flores (2022), mas acabou perdendo a ótima personagem para Regina Casé. A atriz já anunciou que deve se afastar das novelas após Terra e Paixão e, por isso, Irene merece se tornar uma grande personagem para uma despedida à altura.