André Santana

Sheron Menezzes está brilhando como nunca. Na pele de Sol, a heroína de Vai na Fé, a atriz de 39 anos mostra que tem todas as qualidades de uma ótima protagonista de novela. Curiosamente, a estrela demorou anos para chegar neste lugar.

Sheron Menezzes e Samuel de Assis
Reprodução / Web

Na Globo há mais de 20 anos, Sheron fez inúmeras novelas, mas sempre como coadjuvante. Assim, ao escalá-la para estrelar Vai na Fé, a emissora corrige uma grande injustiça com a atriz. O acerto é visível, já que ela vem sendo ovacionada por conta de sua performance. Coisa que muito veterano nunca conseguiu.

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Mocinha real

Vai na Fé - Sheron Menezzes
Reprodução / Globo

Sheron Menezzes teve a sorte de estrear como protagonista com o pé direito. Afinal, Sol é uma personagem adorável, muito bem construída pela autora Rosane Svartman. A heroína da novela das sete encanta por ser absolutamente reconhecível: Sol vive os problemas e dilemas de mulheres da vida real.

A interpretação sensível de Sheron dá ainda mais credibilidade a Sol. Não é difícil se identificar e torcer por ela assistindo Vai na Fé. Daí o sucesso da personagem junto ao telespectador.

A atriz emocionou o público em cena exibida no capítulo de quinta-feira (18). Numa conversa com Ben (Samuel de Assis), Sol finalmente se dá conta de que foi vítima de abuso sexual praticado por Theo (Emilio Dantas) no passado. Toda a tristeza, mágoa e desespero da cantora diante da lembrança mexeu com a audiência. A atriz foi intensamente aplaudida nas redes sociais.

Eterna coadjuvante

Julia Lemmertz e Sheron Menezzes
Raquel Cunha

Este reconhecimento faz justiça a carreira de Sheron Menezzes, atriz que cresceu e se desenvolveu diante das câmeras da Globo. Trata-se de um reconhecimento que, diga-se, demorou muito para acontecer.

A atriz percorreu uma nada honrosa trajetória típica de atrizes negras: acumulou papéis de empregada na TV. Isso aconteceu já em sua estreia como Julia, em Esperança (2002), e a seguiu em Celebridade (2003), trama em que viveu Lara. Felizmente, é algo que começa a se modificar.

As coisas melhoraram Como uma Onda (2004), trama na qual viveu Rosário, uma mocinha filha de pescadores. Já em Belíssima (2005), Dagmar era uma operária que não teve lá grande espaço na trama.

Mais adiante, vieram boas coadjuvantes, como a Solange de Duas Caras (2007), a Milena de Caras & Bocas (2009), ou a Sarita de Aquele Beijo (2011). E mais: Berenice (Lado a Lado, 2012), Keila (Além do Horizonte, 2013), Paula (Babilônia, 2015), Bertoleza (Liberdade Liberdade, 2016) e Diara (na foto acima, em Novo Mundo, 2017).

Virada

Marcello Melo Jr e Sheron Menezzes
Cesar Alves

A mudança de status de Sheron na Globo só aconteceu mesmo em 2019, quando a atriz interpretou a vilãzinha Gisele em Bom Sucesso (na foto acima, com Marcelo Mello Jr.). Na trama, ela era parceira de maldades de Diogo (Armando Babaioff), o grande vilão da novela. No entanto, a personagem se redime ao longo da história e tem direito a um final feliz.

Foi ali que, pela primeira vez, Sheron Menezzes integrou o time principal de uma novela. Curiosamente, pelas mãos da criadora de Sol, Rosane Svartman, que assinou Bom Sucesso ao lado de Paulo Halm. Na época, ela já havia sido muito elogiada.

Ou seja, Sheron estava mais do que pronta para viver uma protagonista, chance que só aconteceu depois de 20 anos na TV. Uma injustiça que foi corrigida tarde.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor