Exibida atualmente como Edição Especial na Globo, Cabocla (2004) teve sua primeira versão exibida pela Globo entre junho e dezembro de 1979.
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No remake, produzido em 2004, a Globo teve a oportunidade de abordar temas que não puderam ser tratados no final dos anos 1970, incluindo uma cena que demorou 25 anos para ser vista.
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Questões políticas
Na nova versão, que foi adaptado por Edmara e Edilene Barbosa, com a supervisão de Benedito Ruy Barbosa, a novela iria retratar a mesma história de amor do jovem Luís Jerônimo (Daniel de Oliveira), que, ao ser diagnosticado com tuberculose, resolve viver na pacata Vila da Mata, onde conhece a cabocla Zuca (Vanessa Giácomo) e resolve lutar pelo seu amor.
De acordo com as autoras, o texto do pai precisou ser totalmente reescrito, por conta do aumento da duração dos capítulos, além da mudança da ação em que se passa a trama, que seria em 1918 e não em 1924, onde a novela original se passava.
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“Vamos mexer mais nas questões políticas que envolvem disputas de terras e usucapião que, no original, não podiam ser tão retratadas por causa da censura. Mostraremos bem a disputa entre os coronéis, e entre as classes mais pobres”, contou Edmara em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo de 1º de fevereiro de 2004.
Cena proibida
“A censura era imbecil demais”, disparou Benedito ao Estadão em 4 de maio de 2004.
A sequência em questão mostrava um encontro de Zuca e Luís num quarto da fazenda do coronel Boanerges (Cláudio Correa e Castro).
“Ele está tossindo, bem mal, sabe… Mas eles não queriam que aparecesse uma cena de dois solteiros conversando em um quarto. Achavam uma afronta”, declarou o autor, garantindo que a cena, na nova versão, ainda teria direito a um beijo.
Responsabilidade
Apesar de ser colaboradora de Benedito há décadas, Edmara Barbosa confessou que, ao adaptar um antigo sucesso de seu pai, já estava sentindo o peso do que era a produção de uma novela.
“Já fiz cerca de 20 capítulos e passei para a Globo. Antes, meu pai deu uma olhadinha. Não mudou nada, gostou, mas não sei até quando ele vai conseguir ficar só supervisionando”, explicou ela ao Estadão.
E completou dizendo que esperava que, com a boa repercussão de Cabocla, Benedito continuasse animado a continuar a produzir.
“Acho que estamos encontrando o caminho para ele continuar produzindo: ele faz o esqueleto da obra, cheio de ideias, e eu e minha irmã pegamos no pesado, escrevemos os diálogos, as cenas. Quem sabe ele não fica animado com a ideia?”, finalizou.
Deu certo: depois de Cabocla, a Globo ainda produziu os remakes de Sinhá Moça (2006), Paraíso (2009) e Meu Pedacinho de Chão (2014), além da inédita Velho Chico (2016), última novela do autor até o momento.