Demitido pela Globo, autor ganhava só R$ 493 de aposentadoria

Aguinaldo Silva

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O novelista Aguinaldo Silva, dispensando pela Globo após a desastrosa O Sétimo Guardião (2018), usou um personagem de Senhora do Destino (2004) para protestar contra o valor que recebia de aposentadoria.

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A bem-sucedida trama volta ao vídeo em março, através do Canal Viva. O folhetim estrelado por Susana Vieira e Renata Sorrah substitui Caminho das Índias (2009), às 22h50.

Queixa em novela

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Celebrado por sucessos como Tieta (1989), Pedra Sobre Pedra (1992), A Indomada (1997) e Porto dos Milagres (2001), Aguinaldo Silva batalhou para que a aposentadoria, dos tempos de jornalista, fosse corrigida.

Os protestos do autor, e de outros tantos trabalhadores nas filas do INSS, ganharam voz através de Seu Jacques (Flávio Migliaccio), personagem de Senhora do Destino que temia morrer antes da revisão do benefício.

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“Estou esperando há exatos sete anos que eles (do INSS) refaçam o cálculo de minha aposentadoria, que, por engano, foi feito para baixo”, comentou Silva em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, em 20 de fevereiro de 2005.

Problemas

Reprodução / Cultura

Na ocasião da queixa, Aguinaldo Silva recebia cerca de R$ 493,00 por mês como aposentado – valor bem inferior aos quase três milhões de salário da Globo e acréscimos de merchandising, destacados na matéria da Folha.

Em 2019, o novelista teve o benefício suspenso por não ter realizado a prova da vida, procedimento anual imposto a todos os aposentados.

“Já contribuí com minha parte na reforma da Previdência. No ano passado, assoberbado de tanto trabalho, não fui ao INSS provar que ainda estou vivo e minha pensão foi suspensa. Não faz mal. Até morrer de verdade continuarei trabalhando e ganhando o meu sustento”, escreveu Aguinaldo no Twitter, em 16 de junho de 2019.

“Imagino que isso aconteça com muitos outros idosos. Eu pelo menos tenho o tweeter para informar que continuo vivo. E eles, vão reclamar da falsa morte a quem?”, indagou.

Vida longe da Globo

Reprodução / Globo

Aguinaldo Silva está longe das novelas desde a saída da Globo. Dois de seus trabalhos foram resgatados pela emissora durante o período crítico da pandemia de Covid-19, Fina Estampa (2011, foto) e Império (2014).

Em entrevista ao programa A Tarde é Nossa, da Record, ele admitiu a mágoa com o fim do contrato, após 40 anos de casa.

“Primeiro fiquei chocado. Porque quando as coisas são assim muito oficiais, depois de uma relação tão longa e que rendeu tantos frutos para ambas as partes, era coisa assim meio burocrática, oficial, é meio chocante. E eu fiquei um pouquinho magoado com duas ou três pessoas que também não estão mais lá”, desabafou.

“Foi o fim de um ciclo, entendeu? A emissora me deu muito durante esses 40 anos, eu não posso me queixar. E eu também dei muito para a emissora. Foi uma troca justa”, completou Aguinaldo.

Sobre a retomada dos trabalhos, o dramaturgo foi categórico, mostrando estar ligado no momento do mercado audiovisual:

“Eu acho que a partir de agora, qualquer que seja o lugar onde eu volte a trabalhar, o que a gente tem que fazer é um contrato por obra. Alguém quer uma novela minha? Tudo bem, vamos conversar. Eu apresento uma sinopse e me apresentam uma proposta. Acabou a novela, acabou o compromisso”.

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