Demitido pela Globo, autor ganhava só R$ 493 de aposentadoria
15/03/2023 às 15h39
O novelista Aguinaldo Silva, dispensando pela Globo após a desastrosa O Sétimo Guardião (2018), usou um personagem de Senhora do Destino (2004) para protestar contra o valor que recebia de aposentadoria.
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A bem-sucedida trama volta ao vídeo em março, através do Canal Viva. O folhetim estrelado por Susana Vieira e Renata Sorrah substitui Caminho das Índias (2009), às 22h50.
Queixa em novela
Celebrado por sucessos como Tieta (1989), Pedra Sobre Pedra (1992), A Indomada (1997) e Porto dos Milagres (2001), Aguinaldo Silva batalhou para que a aposentadoria, dos tempos de jornalista, fosse corrigida.
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Os protestos do autor, e de outros tantos trabalhadores nas filas do INSS, ganharam voz através de Seu Jacques (Flávio Migliaccio), personagem de Senhora do Destino que temia morrer antes da revisão do benefício.
“Estou esperando há exatos sete anos que eles (do INSS) refaçam o cálculo de minha aposentadoria, que, por engano, foi feito para baixo”, comentou Silva em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, em 20 de fevereiro de 2005.
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Problemas
Na ocasião da queixa, Aguinaldo Silva recebia cerca de R$ 493,00 por mês como aposentado – valor bem inferior aos quase três milhões de salário da Globo e acréscimos de merchandising, destacados na matéria da Folha.
Em 2019, o novelista teve o benefício suspenso por não ter realizado a prova da vida, procedimento anual imposto a todos os aposentados.
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“Já contribuí com minha parte na reforma da Previdência. No ano passado, assoberbado de tanto trabalho, não fui ao INSS provar que ainda estou vivo e minha pensão foi suspensa. Não faz mal. Até morrer de verdade continuarei trabalhando e ganhando o meu sustento”, escreveu Aguinaldo no Twitter, em 16 de junho de 2019.
“Imagino que isso aconteça com muitos outros idosos. Eu pelo menos tenho o tweeter para informar que continuo vivo. E eles, vão reclamar da falsa morte a quem?”, indagou.
Vida longe da Globo
Aguinaldo Silva está longe das novelas desde a saída da Globo. Dois de seus trabalhos foram resgatados pela emissora durante o período crítico da pandemia de Covid-19, Fina Estampa (2011, foto) e Império (2014).
Em entrevista ao programa A Tarde é Nossa, da Record, ele admitiu a mágoa com o fim do contrato, após 40 anos de casa.
“Primeiro fiquei chocado. Porque quando as coisas são assim muito oficiais, depois de uma relação tão longa e que rendeu tantos frutos para ambas as partes, era coisa assim meio burocrática, oficial, é meio chocante. E eu fiquei um pouquinho magoado com duas ou três pessoas que também não estão mais lá”, desabafou.
“Foi o fim de um ciclo, entendeu? A emissora me deu muito durante esses 40 anos, eu não posso me queixar. E eu também dei muito para a emissora. Foi uma troca justa”, completou Aguinaldo.
Sobre a retomada dos trabalhos, o dramaturgo foi categórico, mostrando estar ligado no momento do mercado audiovisual:
“Eu acho que a partir de agora, qualquer que seja o lugar onde eu volte a trabalhar, o que a gente tem que fazer é um contrato por obra. Alguém quer uma novela minha? Tudo bem, vamos conversar. Eu apresento uma sinopse e me apresentam uma proposta. Acabou a novela, acabou o compromisso”.