A Record tem feito uma ampla reforma em sua teledramaturgia. Ao entregar a produção de suas novelas para a Igreja Universal do Reino de Deus, a emissora dispensou vários talentos do setor, como atores e autores. Nesta leva de demissões entrou Cristianne Fridman, veterana autora de novelas e responsável por vários sucessos do canal.
Enquanto isso, a Globo vem encontrando sérias dificuldades em escalar novelistas para seus próximos folhetins, sobretudo na faixa das nove. Até agora, por exemplo, não se sabe quem será o autor que vai assinar a substituta de Terra Vermelha, de Walcyr Carrasco, que entra na vaga de Travessia no ano que vem.
Sendo assim, por que não apostar em sangue novo, como a ex-autora de novelas da Record? A Globo já absorveu Gustavo Reiz, talento revelado pela concorrente que emplacou uma futura trama das sete, Fuzuê. Cristianne Fridman poderia perfeitamente seguir a mesma trilha…
Histórico de sucesso
Cristianne Fridman é cria da Globo, emissora na qual atuou como colaboradora em novelas e roteirista de programas. Em 2005, migrou para a Record para colaborar no texto de Essas Mulheres, assinada por Marcílio Moraes. A partir daí, construiu uma longa e vitoriosa trajetória no canal de Edir Macedo.
A novelista foi responsável por alguns dos maiores sucessos da teledramaturgia da Record, como Bicho do Mato (2006), Chamas da Vida (2008) e Vidas em Jogo (2011). Cristianne também assinou Vitória (2014), Jezabel (2019), Topíssima (2019) e Amor sem Igual (2019) – as duas últimas contaram com Camila Rodrigues e Felipe Cunha (foto acima).
Com este currículo, Cristianne se mostrou capaz de construir dramalhões fortes, como Chamas da Vida e Vidas em Jogo, bem ao estilo que agrada à Globo no horário nobre. Além disso, ela demonstrou saber se reinventar e atender às demandas da casa, já que apostou em textos bíblicos ou de teor religioso quando o setor enveredou para a temática. Assim, poderia agregar bastante nesta fase de renovação da Globo.
Veteranos à solta
Vale lembrar que, antes de Cristianne Fridman, a Record já “soltou” muita gente boa no mercado, que poderia perfeitamente retornar à Globo. É o caso de Lauro César Muniz, Marcílio Moraes e Carlos Lombardi, todos autores de tarimba.
Veterano responsável por inúmeros sucessos da Globo entre os anos 1970 e 1990, Lauro César Muniz mostrou extrema capacidade de modernizar o folhetim em suas obras na Record. Cidadão Brasileiro (2005) e Poder Paralelo (2009) foram novelas de grande prestígio.
A mesma mão boa para dramalhões fortes e contundentes foi vista no trabalho de Marcílio Moraes, o responsável por Vidas Opostas (2006). A história de amor situada em uma favela dominada por traficantes fez história! Até hoje, há quem a considere a melhor novela já feita na Record. O autor também assinou Ribeirão do Tempo (2010), famosa pelo texto esperto.
Por fim, Carlos Lombardi mostrou outra faceta em sua curta passagem pela Record. Acostumado a assinar comédias alopradas na faixa das sete, o novelista emplacou às 22h a densa Pecado Mortal (2013). Não foi um sucesso de público, mas a crítica aplaudiu. Lombardi é dono de um texto ácido, maduro, mas que não perde de vista o melodrama, já que suas tramas são sempre calcadas em relações familiares intensas.
Renovação
A Globo precisa de novos nomes, sobretudo na faixa das nove. A emissora não conta mais com grifes como Aguinaldo Silva, Manoel Carlos, Silvio de Abreu e Gilberto Braga (foto acima). É um time precioso, que precisa ser renovado.
Enquanto isso, nomes como Cristianne Fridman, Lauro César Muniz, Marcílio Moraes e Carlos Lombardi estão à solta no mercado. Não é hora de olhar com mais atenção para estes valores?