Recém-saída de Mar do Sertão, onde brilhou como a pastora Dagmar, Heloísa Jorge é só alegria! A atriz está celebrando o êxito da carreira com a qual sempre sonhou e batalhou para conquistar.
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Heloísa, que enfrentou a desaprovação da família ao optar pela arte, emplacou mais um trabalho de sucesso.
Na novela das seis que a Globo encerrou na última sexta-feira (17), ela entregou cenas emocionantes, como a da revelação sobre o seu passado e as da aproximação da filha que abandonou logo após o parto, Lorena (Mariana Sena), criada pelo Padre Zezo (Nanego Lira).
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Vítima da guerra
Heloísa Jorge nasceu em Angola, mas deixou o país em meio à crise causada pela Guerra Civil Angolana – entre 1975 e 2002. Foi durante esse período que seus pais se conheceram, após um atendimento médico feito por ele, brasileiro, então em missão humanitária.
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Para protegê-la do conflito, o pai resolveu trazê-la para o Brasil. Heloísa, claro, sofreu com a mudança.
“Quando cheguei, eu era pré-adolescente. E é uma época muito delicada, porque você quer ser aceito, não quer ser o estranho no ninho. E eu tinha todo um contexto que depunha contra mim, né? O sotaque, ter vindo como refugiada, ser a angolana, o fato de as pessoas não entenderem muito o meu contexto familiar – nem eu entendia direito. Então, minha identidade estava sendo formada e uma coisa forte estava acontecendo na minha vida ao mesmo tempo”, rememorou em entrevista ao portal Notícias da TV.
Desagrado
A mãe de Heloísa Jorge permaneceu em Angola. Ela esperava que, no Brasil, com melhores condições, a filha optasse por uma profissão “estável”, como médica ou advogada. Por isso, a escolha pela atuação surpreendeu os familiares.
“Foi libertador. A escolha mais acertada que fiz na vida. Não consigo me imaginar fazendo outra coisa. Quando eu falo de propósito de vida, é nessa profissão que penso”, salientou.
Após completar os estudos, Heloísa passou a atuar em diversas companhias de teatro em Minas Gerais. Depois, ela se mudou para a Bahia, onde se profissionalizou. Quando tais notícias chegaram aos ouvidos da mãe dela, a crise familiar se instaurou.
“Ela não teve grandes oportunidades na vida. Então, queria que a filha dela fosse ganhar dinheiro. E a arte não representa isso, né?”, relatou.
Trajetória de sucesso
O ponto de virada veio quando o dramaturgo Elisio Lopes Jr – um dos autores de Amor Perfeito, nova novela das seis – saiu em busca de uma atriz para viver Elza Soares em um espetáculo. Posteriormente, Heloísa Jorge deu vida a outro grande nome da música brasileira: Ivone Lara, primeira mulher intérprete de samba-enredo.
A estreia na televisão se deu em Gabriela (2012). Na sequência, Heloísa participou de Liberdade, Liberdade (2016), A Lei do Amor (2016) e A Dona do Pedaço (2019). Ela atuou também na série Sob Pressão (2017, foto) e no especial Juntos a Magia Acontece 2 (2021).
O grande papel de sua carreira televisiva, até o momento, se deu fora do Brasil. Em 2014, ela foi protagonista da novela luso-angolana Jikulumessu, na qual viveu uma imigrante brasileira que sonhava em ser cantora. A personagem, chamada Djamila, contribuiu para que o estilo black power se popularizasse no país.
Representatividade negra
Além do êxito em Mar do Sertão, Heloísa Jorge comemora a representatividade negra na TV, especialmente nos papéis principais, como Sheron Menezzes em Vai na Fé. No folhetim das seis, eram 12 artistas negros em cena.
“Esse momento que vivemos é muito especial porque é o cumprimento de uma dívida. Não acho que as pessoas estão colocando artistas pretos para trabalhar porque existe uma compaixão”, analisou em recente entrevista ao podcast Papo Preto.
“O que existe é o público cobrando de ligar a TV e se identificar verdadeiramente com aquelas histórias que estão sendo contadas”, completou.