Decisão da Globo revoltou Tarcísio Meira: “Não entendo como estamos aqui”

Em dezembro de 1992, um crime chocou o Brasil. Daniella Perez, filha da autora Gloria Perez, foi brutalmente assassinada por seu colega de elenco na novela De Corpo e Alma, Guilherme de Pádua – com o auxílio da então esposa dele, Paula Nogueira Thomaz.

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O evento repercutiu dentro e fora do Brasil. Nos bastidores do folhetim, uma decisão da Globo irritou muita gente, como Tarcísio Meira. Os envolvidos com a trama, embora abalados, tiveram de seguir com os trabalhos. O mesmo se deu com Gloria, a autora.

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Tristeza sem fim

Daniella morreu aos 22 anos, no auge do sucesso profissional e pessoal, com várias punhaladas desferidas por Guilherme e Paula. Eles foram presos e condenados por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima.

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Os dois, que se separaram posteriormente, cumpriram uma pequena parte da pena e foram postos em liberdade em 1999. Guilherme, hoje, é pastor de igreja; Paula leva a vida longe dos holofotes.

Em meio à consternação, membros do elenco e da equipe solicitaram a paralisação dos trabalhos, alegando falta de condições físicas e psicológicas para tal. Isso, porém, não aconteceu…

De Corpo e Alma seguiu sem sua estrela

Conforme o colunista Jeff Benício relembrou em sua coluna no portal Terra, a Globo optou por deixar a decisão sobre a continuidade do folhetim nas mãos da autora. Gloria Perez optou por seguir com De Corpo e Alma.

O jornalista destacou, inclusive, o depoimento do diretor Daniel Filho, que ouvira de Gloria, durante o velório da filha, que “continuar a trabalhar seria uma maneira de não morrer” com Daniella Perez.

A trama, que estava em seu 127º capítulo, seguiu em gravações. O fato incomodou o protagonista Tarcísio Meira. Ele vivia Diogo, envolvido com Paloma (Cristiana Oliveira), irmã de Yasmin (Daniella).

“Não entendo como ainda estamos aqui gravando”

A jornalista Carla Albuquerque, ex-funcionária da Globo que trabalho na produção da obra marcada pela tragédia relatou ao canal Investigação Criminal, do YouTube, que o veterano reagiu indignado à manutenção do trabalho.

“Nunca vou esquecer, teve um evento com o próprio Tarcísio Meira, ele muito irritado. Ele era muito sério, era um ator muito interessante, correto, nunca reclamava. Um dia, ele falou: ‘Não entendo como ainda estamos aqui gravando essa novela’. Quando vem de um ator mais velho é uma coisa que faz até a gente acordar. Mas não tínhamos escolhas, tivemos que continuar”.

Carla já havia dado detalhes da insatisfação da equipe, tempos atrás:

“A TV Globo podia falar: ‘Essa novela encerrou, acabou’. A gente entende que é uma empresa, que tem muitas questões, funcionários, pagar salários e fornecedores, mas uma tragédia aconteceu ali”.

Último capítulo

Gloria Perez levou uma semana, após o assassinato da filha, para retomar os trabalhos da novela. De Corpo e Alma chegou ao fim em março de 1993, com 185 capítulos e quase 53 pontos de média geral de audiência.

O folhetim nunca mais foi exibido no Brasil. Em 2000, porém, a Globo chegou a solicitar a sua liberação junto ao Ministério da Justiça, alegando a intenção de exibi-lo em Vale a Pena Ver de Novo – uma manobra, talvez, para liberar outros títulos pesados e difíceis de serem vinculados à tarde, como Roque Santeiro (1985) e A Próxima Vítima (1995), ambas reprisadas naquele ano.

Toda a história voltou à tona este ano, quando a HBO Max lançou o documentário Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez. A produção foi toda pautada pelo processo criminal e pela luta de Gloria por Justiça.

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