Zamenza

Apresento abaixo uma seleção do que teve de pior no que ano passou. Vamos aos piores de 2022, com um adendo: antes que muitos perguntam, Travessia deve entrar na lista de 2023, já que estreou perto do fim do ano.

Pipoca da Ivete

A estreia de Ivete Sangalo em seu primeiro programa solo na Globo foi a pior possível.

A atração não teve nada de novo e o formato dirigido por Boninho apresentou as mesmas brincadeiras bobas que já tinham fracassado em atrações como o finado Se Joga. A melhor qualidade de Ivete é a espontaneidade e seu programa simplesmente eliminou isso por conta de dinâmicas que, em sua maioria, deixavam apresentadora e convidados engessados e constrangidos.

Não deu para entender a aprovação do projeto.

Último capítulo de Um Lugar ao Sol

Um Lugar ao Sol - Cauã Reymond

A primeira (e talvez última) novela de Lícia Manzo no horário nobre da Globo sofreu com a falta de divulgação da emissora e com as restrições nas gravações por conta da pandemia.

Mas, apesar de todos os problemas enfrentados, a obra mereceu muitos elogios. O elenco era um primor, os personagens repletos de camadas e as cenas brilhantemente dirigidas por Maurício Farias. O saldo geral foi positivo. Era uma história que despertava interesse.

No entanto, a autora decepcionou muito no último capítulo. A maior catarse da história era a descoberta da verdadeira identidade de Christian (Cauã Reymond), que assumiu a identidade do irmão gêmeo morto. E a sequência simplesmente nem foi gravada.

O momento era para ter ido ao ar na metade da novela para dar tempo dos desdobramentos serem acompanhados pelo telespectador. Mas Lícia adiou o quanto pôde e no final apenas a reação de Lara (Andreia Horta) foi mostrada, ainda assim de forma apressada. O impacto que a revelação causaria em Bárbara (Alinne Moraes), a melhor personagem da trama, era o instante mais esperado. E não aconteceu. Uma decepção.

Aliás, o último capítulo foi um completo equívoco. A única cena que salvou foi a última com a reconciliação de Christian e Ravi (Juan Paiva).

BBB22

BBB22

A expectativa era alta. Afinal, o maior reality do país vinha de dois grandes sucessos seguidos: o BBB20 e o BBB21. No entanto, a edição decepcionou do início ao fim.

O elenco foi muito mal escalado, tanto no time Camarote quanto no Pipoca. O clima de paz e amor transformou a competição em um marasmo e nada do que a produção fazia surtia efeito nas dinâmicas. Para culminar, o favoritismo de Arthur Aguiar deixou tudo ainda pior e desanimador.

A audiência não foi ruim, mas bem abaixo das duas anteriores e a repercussão nem chegou perto. A prova foi o número ínfimo de seguidores nas redes sociais que os participantes ganharam ao longo dos meses. Não por acaso, todos desapareceram da mídia, sem exceção.

Para o grande público nem parece que teve BBB em 2022 e a última campeã é Juliette.

Nos Tempos do Imperador

Nos Tempos do Imperador - Selton Mello

A novela de Alessandro Marson e Thereza falcão foi uma continuação da bem-sucedida Novo Mundo, escrita pelos mesmo autores em 2017.

A intenção era repetir o sucesso. Mas foi um imenso fracasso. Não caiu bem um Dom Pedro II progressista e personagens de época com comportamentos tão evoluídos. A história ainda teve conflitos fracos e a romantização do caso de Pedro (Selton Mello) com a Condessa de Barral (Mariana Ximenes) foi fortemente rejeitada.

A novela ainda teve uma cena que revoltou o público nas redes sociais: o mocinho, negro, falou sobre racismo reverso, algo que nem existe. Para culminar, a produção esteve envolvida em várias polêmicas e a mais grave foi o caso de racismo nas bastidores.

Várias atrizes do núcleo dos escravizados mencionaram atitudes racistas do diretor, Vinícius Coimbra, que acabou demitido da Globo meses depois. Não por acaso, Roberta Rodrigues, uma das intérpretes que o acusaram, nem apareceu para gravar o desfecho de sua personagem. Novela para esquecer.

Cara e Coragem

Cara e Coragem - Marcelo Serrado e Paolla Oliveira

Cláudia Souto não aprendeu com os vários equívocos de Pega Pega, primeira novela da autora, exibida em 2017, e que inexplicavelmente teve uma ótima audiência.

A falta de carisma dos personagens e a péssima construção do casal de mocinhos foram os principais defeitos do folhetim anterior e acabaram repetidos na atual produção das sete. Pat (Paolla Oliveira) e Moa (Marcelo Serrado) são tão insossos quanto eram Luisa (Camila Queiroz) e Erick (Mateus Solano).

Nenhum personagem é carismático e não há uma história sendo contada. Todos os conflitos dos núcleos paralelos são desinteressantes e o único enredo da produção é o mistério envolvendo o quase assassinato de Clarice (Taís Araújo). Muito pouco para um folhetim que terá quase 200 capítulos.

Todos os enigmas que têm sido revelados na reta final já eram óbvios desde a primeira semana de trama. É impressionante como a novela não tem qualquer repercussão nas redes sociais. Nem parece que está no ar. Algo parecido acontecia com Pega Pega, mas a diferença é que agora os números do Ibope também condizem com o fracasso da obra, dirigida por Natália Grimberg.

Faustão na Band

A saída de Faustão da Globo até hoje é mal explicada. Ninguém entendeu direito o que de fato aconteceu. Mas sua estreia na Band foi aguardada e muito comentada.

O primeiro programa fez a alegria da emissora que chegou a picos de 8 pontos, algo que não alcançava há anos. No entanto, era apenas a curiosidade do grande público. Fausto Silva é um dos maiores apresentadores do país, mas não apresentou novidade alguma no novo canal. Apenas desmembrou e renomeou os quadros que tinha no Domingão ao longo de cinco dias. E isso foi o maior erro de todos.

Não há fôlego e nem convidados relevantes para cinco programas semanais. Um dia já era o suficiente. O resultado tem sido um fiasco de audiência e repercussão, ainda que dê números maiores que os programas exibidos por igrejas evangélicas que compravam o horário (e não é difícil porque marcavam zero ponto).

Pelo visto, a Band não está muito preocupada porque já anunciou que em 2023 seguirá com Fausto de segunda a sexta.

Reis

Record

A Record inventou um sistema de temporadas com a atual novela bíblica para disfarçar sua incompetência com as gravações.

Como vem enfrentando vários problemas, inclusive financeiros, os trabalhos precisaram ser interrompidos em alguns momentos, o que implicou em atrasos que afetariam uma exibição regular da história. Tanto que ao longo dos meses precisaram reprisar algumas ‘temporadas’ até as novas serem finalizadas.

E o resultado não despertou maiores atenções porque é mais uma história bíblica com figurinos iguais e atores sempre vistos na emissora. Vários intérpretes, aliás, participam de quase todas as fases, mudando apenas de peruca. A verdade é que desde que Cristiane Cardoso, filha de Edir Macedo, passou a interferir no setor de teledramaturgia que tudo ruiu de vez.

Não por acaso, a atual trama é escrita por Cristiane em parceria com Raphaela Castro.

Poliana Moça

Poliana Moça

O sucesso de As Aventuras de Poliana fez o SBT promover a continuação, que é baseada no livro Pollyanna Moça, de Eleonor H. Porter, em 1915. Mas a adaptação de Iris Abravanel se mostrou uma decepção.

Como a Globo acabou com Malhação, era a oportunidade perfeita para o canal de Silvio Santos fisgar o público do longevo seriado adolescente da concorrente. Mas a história é tão infantil quanto a anterior e os adolescentes parecem crianças diante de tantos conflitos bobocas.

Havia uma expectativa sobre uma nova linguagem, afinal, os protagonistas – Poliana (Sophia Valverde) e João (Igor Jansen) – cresceram e se apaixonaram. Era natural a inserção de dilemas da adolescência. Mas nada disso aconteceu e ainda colocaram uma espécie de Pinóquio na produção, deixando tudo ainda mais infantil.

A audiência nunca chegou aos dois dígitos almejados.

Todas as Garotas em Mim

Todas as Garotas em Mim

Um dos maiores fracassos da teledramaturgia da Record. Cristiane Cardoso achou uma boa ideia a criação de uma espécie de Malhação bíblica.

Escrita por Stephanie Ribeiro, a série comparava acontecimentos atuais com conflitos bíblicos através da protagonista Mirela (Mharessa), uma digital influencer. Cada vez que a personagem desabafava com sua avó havia a exibição de cenas de algumas produções, como José do Egito, mas protagonizada pelos atores da série caracterizados.

O resultado foi um show de vergonha alheia. Não apenas pelo roteiro raso, mas também pela péssima atuação da maioria do elenco, muito mal escalado. Aliás, os adolescentes se vestiam como se tivessem sempre indo para alguma convenção evangélica. Todos cobertos dos pés a cabeça. Em uma cena de praia, por exemplo, a protagonista usou um maiô que parecia de uma senhora de 80 anos.

A intenção da Record era produzir sete temporadas. O fracasso a fez encerrar na primeira mesmo, que chegou a marcar 1,5 pontos em alguns momentos.

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Power Couple Brasil

Power Couple 2022

O fracasso do reality comandado por Adriane Galisteu se deu nos números de audiência, na repercussão quase nula nas redes sociais e no baixo nível do elenco, que protagonizou tantos barracos repetitivos que cansou o pouco público que a produção tinha.

Durante uma das brigas entre o pai de MC Gui e Cartolouco, vale lembrar, foi colocado um segurança dentro da casa para evitar alguma tragédia. Outro embate que quase resultou em algo mais sério foi entre Hadbala e Matheus.

O fracasso foi tão retumbante que a emissora cancelou a temporada de 2023 por conta da falta de patrocinadores, que fugiram da baixaria.

Ilha Record

Ilha Record - Mariana Rios
Divulgação / Record

A emissora criou o novo reality ano passado e foi interessante acompanhar, pois tudo era novidade até para os competidores, como o fato dos eliminados não irem para casa e, sim, para um exílio de onde assistiam o programa e sabiam tudo o que acontecia na ilha.

A segunda temporada acabou com o fator surpresa, o que afetou a dinâmica. Não despertou a mesma atenção do público e a audiência foi um fiasco. Mariana Rios até que substituiu bem Sabrina Sato, mas não salvou a temporada do fracasso.

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The Voice Brasil

Quem ainda aguenta a competição musical? O programa fazia um grande sucesso, mas há anos que a repercussão vem caindo progressivamente e agora os participantes não se destacam nem enquanto a edição está no ar.

Lá por volta da quinta temporada ainda havia salvação com uma reformulação total no time de técnicos, mas agora nem isso mais adiantaria. O formato se esgotou.

Fátima Bernardes teve uma boa estreia em 2022 no comando, mas é um produto que já deveria ter saído da grade há tempos.

A Fazenda 14

A Fazenda - Deolane Bezerra
Reprodução / Record

O reality da Record foi o total oposto do BBB22. Então foi um sucesso? Não, foi um completo fracasso.

Isso porque Deolane Bezerra e sua gangue provaram que não há fórmula para um reality ser bem-sucedido, nem tendo barracos diários. O grupo liderado pela advogada provocava brigas onde agressões físicas e ameaças de morte eram uma constante. Só que tudo era tão artificial e cansativo que não havia estômago para suportar. O pouco público que tinha foi abandonando a disputa.

Para culminar, a credibilidade da produção do diretor Rodrigo Carelli, sempre questionada, afundou de vez. Tiago Ramos tocou o sino, empurrou Babi, descumpriu regras e não foi expulso porque rendia barracos. Só foi colocado para fora quando agrediu Shay, que se defendeu e acabou expulso junto. Tanta subserviência fez com que todos os participantes desrespeitassem a produção e a própria Adriane Galisteu diversas vezes.

A pá de cal veio na reta final quando as irmãs de Deolane deram um show de vergonha alheia na porta da sede da fazenda para tirar a participante de lá porque estava sendo odiada pelo público e perderia a final para a grande rival, Bárbara Borges, que tinha voltado de uma roça falsa criada do nada pelo diretor. Elas não só conseguiram tirar a advogada do programa, como passaram a ameaçar a emissora de processo.

Aliás, Deolane fez uma live deprimente com declarações sobre fraudes e manipulações no reality, assumindo que era favorecida várias vezes. O irônico é que só se indignou quando viu favorecimento para a sua rival.

Um show de horrores.

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Edir Macedo

Edir Macedo
Reprodução / Record

O bispo, dono da TV Record, apareceu na véspera de Natal no horário nobre de sua emissora dando uma mensagem para os telespectadores.

Só que a mensagem comparava gays e lésbicas a bandidos. A homofobia descarada do pastor foi um crime praticado sem qualquer vergonha na cara. O que esperar de um sujeito que chutou e quebrou a imagem de Nossa Senhora anos atrás?

O canal a cada ano está mais decadente e com uma programação péssima, mas essa declaração do dono foi a pá de cal que faltava. Edir virou alvo de notícia-crime de duas instituições de defesa da comunidade LGBTQIA+.

Que seja punido exemplarmente.

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Sérgio Santos é apaixonado por TV e está sempre de olho nos detalhes. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor