André Santana

Ao anunciar Patrícia Poeta e Manoel Soares como os novos apresentadores do “novo” Encontro, a Globo enganou o público duas vezes: nem o Encontro é novo, nem Manoel Soares é o apresentador do matinal. O ex-repórter da atração surge como “assistente” de Patrícia, esta sim com direito a nome na vinheta do programa.

Encontro

O fato de Patrícia Poeta ser a dona do programa já é um indício de que a Globo não mexeu em nada no formato da atração. Se o Encontro realmente fosse apresentado em dupla, já daria uma dinâmica diferente ao programa. Mas, com Manoel Soares fazendo as vezes de Lair Rennó ou André Curvello, isso não aconteceu.

Além disso, o Encontro não trouxe novos quadros, nem novas atrações. Aliás, pelo contrário: o programa perdeu conteúdo. O que se viu na estreia foi um programa preguiçoso, sem assunto. Perderam uma boa oportunidade.

Mesma embalagem

Encontro

A falta de novidades já começa com a embalagem do programa. A nova fase do Encontro não mereceu nem ao menos uma nova vinheta, ou um novo cenário. A Globo simplesmente desmontou o cenário da atração no Rio de Janeiro e o montou novamente em São Paulo, de onde o programa é apresentado agora.

Longe dos Estúdios Globo e com menos tempo no ar, o Encontro também perdeu uma de suas características, que é a participação de convidados nas discussões dos temas propostos. O único convidado da estreia foi a atração musical, o cantor Péricles.

Patricia Poeta

Aliás, o Encontro nem ao menos trouxe um tema para ser discutido. O programa foi aberto com comentários sobre o noticiário, no quadro Nuvem de Palavras; depois trouxe spoilers da novela das nove, no Encontro com Pantanal, com a presença de Thati Machado; e, por fim, Michelle Loreto e Valéria Almeida trouxeram as informações do Bem Estar.

Quase não houve conversa com a plateia, nem entrevistas, nem nada. Patrícia e Manoel receberam no palco apenas os colaboradores do programa. Nem parecia uma estreia, e sim um dia pouco inspirado do Encontro comandado por substitutos de Fátima Bernardes.

Oportunidade perdida

Encontro

Assim, a Globo perdeu uma boa oportunidade de promover uma reforma de verdade no Encontro. O formato apresentado por Fátima Bernardes já vinha dando sinais de desgaste, afinal, em 10 anos no ar, todos os temas possíveis já haviam sido abordados.

A troca de comando, neste sentido, devia servir para dar uma injeção de ânimo no matinal. Era a chance para recomeçar do zero, trazendo uma nova proposta. E, claro, um novo cenário e nova identidade visual também contribuiriam para uma necessária sensação de frescor.

Mas não. Não mudaram nada e, ainda, mostraram um conteúdo fraco e esvaziado. O Encontro não é novo e ainda perdeu fôlego. Decepcionante.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor