André Santana

Fuzuê prometeu resgatar a novela das sete despretensiosa. Mas não demorou para que a trama de Gustavo Reiz demonstrasse sinais de fragilidade. Diante da indiferença do público, o folhetim precisou passar por mudanças de rumo.

Ruan Aguiar em Fuzuê
Ruan Aguiar em Fuzuê

Apesar da boa intenção, o autor acabou cometendo erros no início da trama. E, na tentativa de corrigi-los, acabou derrapando novamente.

Com isso, Fuzuê chegou ao fim com quatro grandes erros que marcaram a novela, um deles envolvendo Merreca (Ruan Aguiar).

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Casal sem conflito

Olívia (Jéssica Córes), Miguel (Nicolas Prattes) e Luna (Giovana Cordeiro) em Fuzuê
Olívia (Jéssica Córes), Miguel (Nicolas Prattes) e Luna (Giovana Cordeiro) em Fuzuê (divulgação/Globo)

O romance entre Miguel (Nicolas Prattes) e Luna (Giovana Cordeiro) foi um dos poucos acertos iniciais de Fuzuê. O casal funcionou e o público torceu pela felicidade dos pombinhos.

Talvez por conta desta torcida, o autor decidiu nunca mais separá-los. O casal até teve alguns empecilhos no início, como Olívia (Jéssica Córes) ou Jefinho Sem Vergonha (Micael Borges), mas as intrigas duraram poucos capítulos.

Passada esta fase, o casal permaneceu junto e nada abalou o relacionamento deles. Um erro, já que história de amor precisa de um conflito para manter o interesse do público. Miguel e Luna, em nenhum momento, tiveram sua felicidade ameaçada.

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Mistérios demais

 

A história de Fuzuê começou com o sumiço de Maria Navalha (Olívia Araújo) e a caça ao tesouro da Dama de Ouro (Zezé Motta). A trama, porém, se mostrou pouco empolgante e foi ficando cada vez mais cansativa no decorrer dos capítulos.

Luna só aparecia buscando pistas sobre a mãe ou tentando resolver os enigmas do tesouro. Com isso, a mocinha praticamente não tinha vida pessoal.

E, além disso, o excesso de mistérios ficou maçante, já que a trama girava em círculos. O público não embarcou nessa busca.

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Tramas paralelas fracas

Ary Fontoura em Fuzuê
Ary Fontoura em Fuzuê (Reprodução / Globo)

Quando a história principal de uma novela falha, o autor consegue manter o interesse do público dando ênfase nas tramas paralelas. Mas Gustavo Reiz não teve a chance de fazer isso em Fuzuê, já que as histórias secundárias eram fraquinhas.

O Beco do Gambá, por exemplo, era um bom cenário e cheio de tipos interessantes. Mas a história do local simplesmente não decolou. Lampião (Ary Fontoura), por exemplo, foi figurante de luxo durante boa parte da trama.

Os personagens do Bairro de Fátima também não encantaram.

Final equivocado

Preciosa (Marina Ruy Barbosa) e César (Leopoldo Pacheco) em Fuzuê
Preciosa (Marina Ruy Barbosa) e César (Leopoldo Pacheco) em Fuzuê (divulgação/Globo)

Fuzuê terminou com César (Leopoldo Pacheco) salvando a vida das filhas Luna e Preciosa (Marina Ruy Barbosa). E a vilã, por sua vez, escapou ilesa, embarcando num cruzeiro com Heitor (Felipe Simas).

São dois desfechos forçados e equivocados. No caso de César, o vilão nunca demonstrou afeto por nenhuma das duas filhas. Pelo contrário, ele só as usava para alcançar seus objetivos. Do nada, ele vira o herói? No mínimo, bizarro.

Já Preciosa aprontou muito durante a trama. A megera escapar ilesa e feliz é um final bastante controverso. Enquanto isso, Merreca acabou sendo o único que pagou o pato, passando alguns anos na cadeia.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor