De porte altivo e voz possante, Jonas Mello não passava despercebido

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Dono de uma voz possante e porte que chamava a atenção, Jonas Mello deixou sua marca na televisão brasileira. O ator e dublador faleceu nesta quarta-feira (18), aos 83 anos, de causas naturais. Seu corpo foi encontrado no apartamento onde residia, no bairro de Santana, em São Paulo.


EM JOÃO BRASILEIRO, O BOM BAIANO E FLOR DO CARIBE, SEU ÚLTIMO TRABALHO

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Se você é “da velha guarda” (como eu), certamente lembra de Jonas Mello dos protagonistas de novelas da TV Tupi da década de 1970. Mas Jonas foi além. Esteve presente em praticamente todas as emissoras que produziram dramaturgia a partir de então, na maioria das vezes vivendo coadjuvantes, mas sempre com destaque. Impossível esse homenzarrão de voz de trovão passar despercebido.

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Ator estreou na televisão aos 32 anos


EM TERRAS DO SEM FIM E CANAVIAL DE PAIXÕES

Jonas Rodrigues de Mello nasceu em São Paulo em 20 de outubro de 1937. O ator tinha 32 anos quando estreou na televisão, em 1968, na novela A Cabana do Pai Tomás, produção paulista da TV Globo. Entre 1971 e 1973, atuou em seis novelas seguidas da TV Record (de Paulo Machado de Carvalho): Os Deuses Estão Mortos, Sol Amarelo, O Tempo Não Apaga, O Leopardo, Vendaval e Vidas Marcadas.

Em 1974, estreou na TV Tupi onde notabilizou-se pelos protagonistas em novelas de Geraldo Vietri, dando mostras de sua versatilidade em criar tipos: o português Severo Salgado Sales de Meu Rico Português (1975), o feirante Judas de Os Apóstolos de Judas (1976-1977) e o baiano João Brasileiro Ferreira Leitão de João Brasileiro, o Bom Baiano (1978). Também atuou em Os Inocentes (1974) e Um Sol Maior (1977).

Com a Tupi perto do fim, Jonas Mello foi contratado pela Globo. Entre 1979 e 1981, foi visto em quatro novelas: Os Gigantes, Coração Alado, Baila Comigo e Terras do Sem Fim, onde viveu um de seus melhores trabalhos na TV: o temido Coronel Horácio da Silveira, personagem do romance de Jorge Amado.

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Participou de produções em todas as emissoras


EM MEU RICO PORTUGUÊS E A ESCRAVA ISAURA

A partir de então, Jonas Mello esteve em todas as emissoras, atuando em novelas e minisséries: na TV Cultura, os telerromances O Coronel e o Lobisomem e Paiol Velho (1982); no SBT, Conflito (1982), Acorrentada (1983), Jogo do Amor (1985), Dona Anja (1996), Amor e Ódio (2001), Canavial de Paixões (2003) e Cristal (2006); na Bandeirantes, Maçã do Amor (1983); na Manchete, Dona Beija (1986) e Mandacaru (1997); na CNT, Irmã Catarina, Ele Vive, A Última Semana e Antônio dos Milagres (1996); na Record (de Edir Macedo), Por Amor e Ódio (1997), O Desafio de Elias (1997), Estrela de Fogo (1998) e A Escrava Isaura (2004); e na Globo, Partido Alto (1984), O Outro (1987), Bambolê (1987), Pacto de Sangue (1989), Barriga de Aluguel (1990) O Portador (1991), Suave Veneno (1999) e Vila Madalena (1999).

Na última década, Jonas Mello fez apenas participações especiais em novelas da Globo: Araguaia (2010), O Astro (2011), A Vida da Gente (2012), Salve Jorge (2012) e Flor do Caribe – seu último trabalho, em 2013, atualmente em reprise.

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Jonas Mello também era dublador

Talvez os mais jovens não lembrem do ator nos papeis em novelas. Mas de sua voz sim, em séries, filmes e desenhos que dublou, como o Comandante Shadowseat em Cassiopéia, Zangief em Street Fighter, M. Bison em Street Fighter 2, Freeze em O Máskara, Rei Cold, Dodoria (primeira dublagem do especial de Bardock), Porunga e Shenron em Dragon Ball Z, o mago Saruman na trilogia O Senhor dos Anéis, Comandante Ulysses Feral em Swat Kats, Ray Arnold (Samuel L. Jackson) na primeira dublagem de Jurassic Park, John Jonah Jamerson (o chefe de Peter Parker no jornal) em Homem Aranha, o narrador dos Cavaleiros do Zodíaco e Joe Swanson (o policial paraplégico) de Uma Família da Pesada (primeira dublagem da 1ª à 5ª temporada).

Além de dublar filmes, Jonas Mello também atuou no cinema, em filmes como A Carne (1975), Que Estranha Forma de Amar (1978), O Cangaceiro (1997) e Lula, o Filho do Brasil (2010).

A TV e o cinema sentirão sua falta, imortalizado que ficou em imagem e som.

SOBRE O AUTOR
Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira.

SOBRE A COLUNA
Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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