O reality de maior sucesso da MTV estreou em 2016. O “De Férias com o Ex Brasil” é a versão nacional do formato original britânico “Ex on the Beach”, que estreou em 2014. A sexta temporada chegou ao fim nesta quinta-feira (06/08) e foi uma das mais fracas do programa — levando em consideração brigas, barracos, transas e polêmicas. Porém, a verdade é que a atração, independentemente de ser considerada bem-sucedida ou fracassada, não tem qualquer objetivo.

O formato consiste em cinco homens e cinco mulheres habitando uma mansão paradisíaca em uma “ilha” —- Ilhéus (Bahia), Ilhabela (São Paulo), Trancoso (Bahia) e Praia de Pipa (Rio Grande do Norte) foram alguns dos lugares escolhidos nos anos anteriores. O local de 2020 foi Jericoacoara, Ceará. O reality apresenta um novo integrante a cada semana, além dos já apresentados inicialmente. É “o” ou “a” famigerada ex de algum participante que surge nas águas do mar para provocar brigas e iniciar novos relacionamentos. A casa vai ficando cada vez mais cheia ao longo das semanas, aumentando a chance de conflitos e polêmicas.

E em toda temporada um beija o outro, que beija o outro, e acaba voltando a beijar o ex. É um ciclo repetitivo que rende cenas de transa (sempre cobertas por lençóis, mas exibidas em rápidos trechos) e muita baixaria.

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Há várias festas que proporcionam isso. O formato é basicamente uma balada de playboys e patricinhas da zona sul que se agarram, mas cujo período de “azaração” não dura uma madrugada e, sim, meses a fio.

E os participantes disputam algum prêmio? Há eliminações semanais? Há provas valendo alguma coisa? Há uma “final”? Há votações? Há alguma razão específica para a realização de um reality assim? A resposta é não para todas as perguntas. A produção mal interage com os participantes e só interfere quando quer alimentar o machismo, vide o momento na sexta temporada em que exibiu um vídeo de Flávia ficando com outro participante para o ex dela, Victor, surtar de ódio —- ela disse várias vezes que tinha um relacionamento abusivo com o ex. Outro raro momento de interferência da direção é quando um participante ganha o bônus de convidar outra pessoa para a “Suíte Master” e transar com “privacidade”. Mas como a escolha é feita? Simplesmente a produção escolhe e fim. Há ainda um irritante narrador (Allan Arnold) que força uma voz de idiota —- talvez porque o programa seja idiota, quem sabe.

O reality não tem qualquer objetivo e os participantes que aceitam o convite só querem aparecer a qualquer custo, se expondo de todas as formas. A única diferença da temporada de 2020 foi a presença de três homossexuais. Por sinal, bastante questionável a direção só ter “descoberto” a existência de gays na sexta edição. Mas ainda assim se mostraram preconceituosos com o corte nas cenas de sexo dos casais homoafetivos. O programa é repleto de baixaria? Então que tenha a baixaria hétero e a baixaria homo. Só passaram a exibir quando houve uma avalanche de críticas nas redes sociais. Aliás, é inegável o sucesso do programa. É o mais visto da MTV e sempre tem grande repercussão nas redes sociais. O público gosta.

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Mas o fato é que “De Férias com o Ex” é um reality que abusa de fórmulas dignas de um programa de baixo nível e consegue fazer o famigerado “Big Brother Brasil” parecer um produto destinado a intelectuais. Se as tais baixarias que o fã desse formato tanto adora ao menos funcionasse como pano de fundo para alguma outra “meta” até seria aceitável ou compreensível. Afinal, é normal em qualquer reality ter briga, barraco e até sexo. São grandes atrativos do formato. Só que esse produto específico não tem qualquer objetivo e reúne perfis que têm o machismo no DNA, romantizando relações nocivas e protagonizadas por babacas, com raras exceções.

SOBRE O AUTOR

SÉRGIO SANTOS é apaixonado por televisão e está sempre de olho nos detalhes, como pode ser visto em seu blog. Contatos podem ser feitos pelo Twitter ou pelo Facebook.

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Sérgio Santos é apaixonado por TV e está sempre de olho nos detalhes. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor