Lançado em 2017 em substituição ao programa de Xuxa Meneghel, o Dancing Brasil foi um simpático achado da RecordTV no ano. A competição de dança, inspirada no americano Dancing With The Stars, chegou este ano à sua terceira temporada sem se preocupar com o possível desgaste do formato, em função do pouco tempo de descanso entre uma edição e outra. E, a julgar pelo atual cenário da Record, pode-se dizer que o programa é uma ilha de alegria e diversão no meio da programação da emissora.
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O motivo é simples: os dois principais programas de auditório de lá, o Domingo Show, de Geraldo Luís, e o Hora do Faro, de Rodrigo Faro, têm como principal bandeira o apelo ao sensacionalismo, através de histórias de vida comoventes, estratégia tão criticada na TV brasileira e presente nas principais emissoras. Recentemente, o programa de Geraldo teve sua duração reduzida em duas horas (agora fica no ar de 13h às 15h30) e perdeu a plateia, baseando-se apenas nas reportagens do comunicador. O motivo seria o baixo faturamento publicitário da atração, que não cobria os altos custos de produção. Para ocupar o espaço deixado pela redução, a Record recorreu a antigos quadros de humor.
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Em outra ponta, o Legendários, comandado por Marcos Mion, deixou de ser produzido. Antes consolidado nas noites de sábado, mudou de horário e passou a ser exibido às sextas. A audiência diminuiu, em função da concorrência com o Globo Repórter e o Programa do Ratinho, no SBT. Ainda assim, o programa fugia ao máximo da linha assistencialista predominante nos dois dominicais – e que tem respingado até mesmo no Programa da Sabrina, que teve seu horário alterado para as 22h15, também abrindo espaço para mais uma reprise – desta vez, da série bíblica José do Egito (2013).
Ao mesmo tempo, a emissora voltou a apostar em “A Fazenda”, em uma temporada com a presença de ex-participantes de vários realities, entre eles o Big Brother Brasil, o Power Couple, o MasterChef e a própria Fazenda. A seleção dos participantes deixou a desejar, em especial a presença do cirurgião Marcos Harter (que participou da esquecível 17ª edição do BBB) e a condução do reality foi criticada por evidentes suspeitas de manipulação. Ao final, a vencedora foi a ex-BBB Flávia Viana, que esteve na sétima edição do programa global e foi adversária de Harter no reality rural.
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Em um cenário de entretenimento tão controverso, onde predominam o assistencialismo e os realities com subcelebridades e cuja dramaturgia se encontra em crise, graças aos fracassos das novelas Belaventura e Apocalipse e à precipitada reprise de Os Dez Mandamentos, o Dancing Brasil tem exercido um lugar de destaque. Exibido agora nas noites de quarta-feira, o reality musical é uma boa opção para o público que não curte o futebol, haja visto a carência de alternativas atraentes neste dia.
A nova temporada trouxe como importante novidade a presença do ator Leandro Lima como novo repórter dos bastidores, substituindo Sérgio Marone (atualmente em Apocalipse, interpretando o vilão Ricardo, representação do Anticristo). E a escolha foi outro grande acerto. Em oposição à artificialidade de seu antecessor, Leandro se mostra muito mais desenvolto na interação com Xuxa e os participantes.
De resto, o programa mantém o atraente conjunto já apresentado nas outras temporadas: a produção grandiosa, os temas semanais que norteiam as coreografias (como clássicos do cinema, anos 80, carnaval) e o rigor dos jurados, que seguem os mesmos (Fernanda Chamma, Jaime Arôxa e Paulo Goulart Filho). E o elenco da atual edição, até o momento, é o melhor grupo entre todos, com destaque para os bons desempenhos de Geovanna Tominaga (ex-repórter do Vídeo Show) e Rodrigo Capella (humorista que integrou o Comédia MTV). Em contrapartida, as diferenças entre música e coreografia continuam causando estranheza em alguns números e as votações de eliminação e de escolha do vencedor, totalmente na mão do público, nem sempre fazem jus aos que realmente merecem.
Ainda assim, o Dancing Brasil é uma opção de entretenimento acima da média em relação ao que é produzido na RecordTV. O reality comandado por Xuxa Meneghel dá mostras de que ainda tem bastante fôlego, mesmo quase emendando uma temporada em outra. E, no meio de um oceano de sensacionalismo, é uma ilha de alegria e diversão na programação da TV da Barra Funda, fugindo ao máximo da linha apelativa.