Dança dos Famosos: uma experiência única
28/09/2017 às 10h00
Acompanho a Dança dos Famosos desde a primeira temporada, em 2005, quando ainda nem existia Twitter e nem sonhava em ter um blog sobre televisão. Sou um péssimo dançarino e nunca me interessei por dança. Mas, o quadro – versão nacional do formato britânico Strictly Come Dancing – diverte e entretém. Não importa se você gosta de se remexer ou não. Tanto que virou o maior trunfo do Domingão do Faustão, completando 12 anos no ar.
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E, para a minha surpresa, a Globo me convidou para ter uma experiência única: ser um participante da Dança dos Famosos por um dia. Já participei de alguns eventos da emissora, principalmente envolvendo lançamento de novas produções. Sempre fico muito feliz com a lembrança e com o reconhecimento do meu trabalho. Porém, ter que dançar era algo nunca cogitado por mim. Até porque não gosto de virar foco de atenção, me sentindo sempre mais seguro e à vontade escrevendo e observando. Ou seja, a minha primeira resposta foi um “não, obrigado”.
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Agradeci imensamente a lembrança e o convite, mas deixei claro que não levava o menor jeito. Todavia, uma das responsáveis pela gestão de Mídias Sociais da Globo, a querida Miriam, insistiu e disse que todos os participantes não levam jeito no início e encaram a missão de aprender. Também garantiu que seria divertido.
Só que afirmei que meu caso era muito pior… Nunca sequer dei alguns passinhos mais ensaiados. A exceção foi mesmo na minha infância, assim como na de qualquer um, em virtude das clássicas apresentações que as crianças faziam na escola. Entretanto, embora ainda receoso, acabei aceitando.
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Chegando aos Estúdios Globo, antigo Projac (até hoje não sei porque mudaram o nome), fui recebido pela simpática Thais, assessora de imprensa do Domingão do Faustão. Ela tratou logo de me deixar à vontade e me apresentou ao espaço onde os participantes ficam. É uma espécie de galpão, bem grande, e dividido em vários espaços para cada famoso ensaiar.
Há também locais em comum para reuniões e até confraternizações deles. Porém, mal sabia o que me esperava. Afinal, imaginei que o ensaio seria com um grupo de convidados. Quase uma aula de dança, típica de alguma academia. Mas, Thais simplesmente me informou que era individual. E me contou com um sorriso no rosto, típico de quem tem noção de que a outra pessoa não espera pela notícia.
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Logo, não demorou para eu pensar em fugir dali o quanto antes. Mas, o Projac fica em Curicica, Zona Oeste, quase um fim do mundo do Rio de Janeiro. Vai que eu pulo o muro e caio em algum beco sem saída. Ou me perco ali para todo o sempre. Preferi não arriscar. Ou seja, se corresse o bicho pegava e se ficasse o bicho comia. Fiquei, óbvio. Em pânico, mas firme, fingindo naturalidade. Só que novamente não pensei que tudo podia piorar. Thais me contou que o ensaio seria filmado e fotografado, como acontece com os participantes. Se sofresse de algum problema cardíaco, cairia ali na hora. Mas, felizmente, não caí. Seguia vivo.
Quando cheguei, outro convidado já estava ensaiando e eu não podia vê-lo. Mas, pude acompanhar os ensaios de Thiago Pereira e Joaquim Lopes. Tudo atrás dos espelhos. Foi interessante, inclusive, observar como funciona a equipe por trás das câmeras. É o mesmo esquema do Big Brother Brasil, onde há várias câmeras filmando os participantes atrás de espelhos gigantescos. Eles não nos escutam e nem nos veem, mas nós sim. O nadador e o apresentador do Vídeo Show estavam concentrados com suas respectivas professoras, ensaiando passos de funk – mesmo ritmo que eu ensaiei e foi apresentado por eles no domingo passado.
Pois bem, após aguardar, coloquei a blusa de ensaio no camarim e fui para a missão. Conheci a simpaticíssima Mayara Araújo, professora do Nicolas Prattes. Me tratou com imenso carinho e parecia que me conhecia há anos. Ela era a encarregada de me ensinar alguns passos de funk – ao som de O Tamborzão Tá Rolando, de MC Koringa. Coitada. Não podia ter ganhado aluno pior. Com certeza pagou todos os seus pecados comigo. Mas, apesar das minhas infinitas dificuldades, mostrou-se paciente ao extremo e ainda me incentivava o tempo todo, garantindo que estava indo muito bem. Tadinha, eu sabia que era uma mentira deslavada, mas o esforço dela em me convencer me deixava menos pior.
Os participantes ensaiam duas horas por dia, mas ensaiei uma. Até porque mais que isso seria bem difícil… Me senti como se estivesse malhando por umas três horas na academia. Só de olhar já dava para perceber o quanto os convidados para o quadro se esforçam, mas é bem diferente sentir na pele o sacrifício que fazem.
Além de elaborar bem cada passo, em sincronia com a dançarina, é preciso lembrar a coreografia minuciosamente, prestando atenção ainda no toque da música, seguindo o ritmo. Um errinho e toda a sincronia é perdida. No meu caso, foram 5.766 errinhos, mais ou menos.
Entre trancos e barrancos, desci até o chão, rebolei e fiz quadradinho de dois (de oito não tinha como). Nunca passei tanta vergonha na vida, pois é inevitável não pensar na equipe atrás do espelho te filmando. Isso, aliás, é a maior dificuldade. Difícil se soltar pensando que estão te observando o tempo todo.
Sem dúvida, fui o pior aluno da vida da Mayara, mas ela se divertiu comigo e eu com ela. No final, até saiu uma coreografia inteira, apesar de não ter escapado dos erros mesmo na hora da ‘apresentação pronta’. Vale citar, aliás, a presença da produtora Thais e de uma das responsáveis pelas Mídias Sociais da Globo, também chamada Taís, no galpão, me observando e filmando meu espetáculo vergonhoso… Pelo menos elas riram bastante.
Participar da Dança dos Famosos por um dia foi uma experiência que jamais imaginei em ter. Em tempo algum achei que teria coragem para isso. Mas não é que tive? E valeu a pena. Não vou me esquecer desse momento nunca mais. Nem da minha dança ridícula, nem da experiência única, nem da simpatia da Mayara, nem da produção atenciosa e nem do carinho das duas Thais. Dançar é para os fortes!
SÉRGIO SANTOS é apaixonado por televisão e está sempre de olho nos detalhes, como pode ser visto em seu blog. Contatos podem ser feitos pelo Twitter ou pelo Facebook. Ocupa este espaço às terças e quintas